Fugas - Viagens

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Em França, na senda da selecção portuguesa

Por Andreia Marques Pereira

Não se sabe até onde Portugal chegará no Euro 2016, mas a fase de grupos ninguém lhe tira. Fomos às três cidades onde a selecção joga — Paris, Lyon e Saint-Étienne — e pedimos a portugueses residentes para nos fazerem visitas guiadas.

Não são guias exaustivos, são formas de ver as cidades de forma pessoal. Revelaram-nos alguns segredos mais ou menos bem guardados: desde a Paris portuguesa à Croix Rousse lionesa e à Saint-Étienne mainstream. Agora, corações (e bandeiras) ao alto, à espera que esta lista esteja incompleta.

PARIS

A portuguesa

O nome não engana, os escaparates reforçam-no. Luso Folie’s é um recanto português — os pastéis de nata saem constantemente, os rissóis e os croquetes não faltam, os queijos e os vinhos são portugueses e a lista podia continuar. Mas não é um qualquer café ou restaurante português na zona parisiense — só restaurantes são mais de 500, calcula Carlos Pereira, director do Luso Jornal, professor na Sorbonne Nouvelle. Este não é um gueto e a sua localização é disso testemunho: estamos no Viaduct des Arts, montra privilegiada para novos artistas e artesãos, com uns poucos cafés e restaurantes.

O viaduto é herança da linha ferroviária construída no século XIX entre a praça da Bastilha e Vincennes; quando foi desactivada, decidiu-se aproveitar as galerias abobadadas deste troço para instalar projectos culturais. E assim chegou aqui João Heitor, que durante anos teve uma livraria-editora junto da Sorbonne, e há dois anos abriu um canto português: é um café, uma galeria, uma livraria, uma pequena loja gourmet. A programação cultural é regular e as noites de fado vadio já são clássicas, entre portugueses e franceses, “cada vez mais apreciadores”. Mas durante o Euro vai haver excepção: a televisão vai estar sintonizada nos jogos, conta João Heitor, e haverá petiscos à medida.

A paragem para o lanche acabou por ser a última desta Paris portuguesa que Carlos Pereira se propôs apresentar-nos. Ainda fomos, sem o nosso guia, à sinagoga Buffault, conhecida por sinagoga portuguesa. Já não há portugueses a frequentar este local de culto, a maioria vem do Norte de África. Abriu portas em 1877 e demonstra a influência da comunidade judaica hispano-portuguesa (conhecida por “judeus portugueses”) no país e ainda segue os rituais sefarditas.

As visitas são permitidas, e gratuitas, podendo entrar-se na sala principal, “apenas utilizadas em ocasiões especiais”, como nos dizem os crentes que se dirigem para uma sala secundária. Na principal, nada desconcentra o homem sentado diante da téba, balaustrada de pedra bem no centro da sala. Majestosa, com dourados q.b., veludos vermelhos, colunas, rosáceas e clarabóias, esta é uma sinagoga pós-emancipação em contraponto com os edifícios mais discretos de séculos anteriores. Nas paredes, alguns sobrenomes portugueses, Amado, Pereira, Furtado, Paz. O exterior também não passa despercebido, sobretudo à hora dos serviços religiosos: quando saímos vários elementos do exército francês estão dispostos à porta e nas entradas do troço da rua. “Uma medida pós-atentados de Novembro, que acontece em todos os edifícios religiosos”, explica-nos um militar.

Mas voltamos ao início. Aos Campos Elísios, estação de metro Champs-Élysées Clemenceau: estátua do general De Gaulle e meio caminho entre a Praça da Concórdia e o Arco do Triunfo. Não foi à toa que Carlos Pereira marcou aqui o encontro — e não foi pela centralidade. Foi mesmo pela estação de metro: a decoração é feita com painéis de azulejos do artista português, há muito a viver em Paris (e habitué para o chá no Luso Folie’s), Manuel Cargaleiro. “Creio que a maior parte dos portugueses, mesmo os que vivem aqui, sabem disto”, sublinha Carlos Pereira. E se é com arte que começamos, é com arte que seguimos. É uma das exposições mais faladas da temporada e Carlos Pereira confirma o entusiasmo que tem suscitado – Amadeo Souza Cardoso está aqui ao lado, no Grand Palais, em mostra retrospectiva.

Nos Campos Elísios a direcção é a do Arco do Triunfo, na verdade Place Charles de Gaulle ou Place de L’Étoile. E daqui da praça parte a Avenue de la Grande-Armée, que passa por La Defense (“quantos portugueses trabalharam na sua construção”) e segue pela Avenue Charles de Gaulle, já em Neuilly-sur-Seine, “zona chique”, onde Eça de Queirós viveu quando foi cônsul em Paris. A casa é privada, mas, diz Carlos, “a família fica contente se lá forem portugueses”.

O nosso percurso não vai até lá. Mantemo-nos na zona da “estrela” (a rotunda é como que dupla, com quarteirão intermédio) para passar pela Caixa Geral de Depósitos, balcão com azulejos portugueses, brancos e azuis, obras de Cargaleiro, na Rue Presbourg, “numa das zonas mais cobiçadas da cidade”.

Afinal, estamos no 16.ème arrondissement, o bairro mais chique de Paris, onde há muitos estrangeiros — “melhor, expatriados”, ironiza Carlos Pereira. Na avenida paralela, a antiga delegação da Fundação Calouste Gulbenkian, de fachada tapada para obras, que foi também a residência parisiense do seu fundador. “Venderam o edifício alegando que não tinham condições”, explica, nomeadamente de conservação da biblioteca, a segunda maior biblioteca portuguesa fora de Portugal, a seguir ao Real Gabinete Português de Leitura (Rio de Janeiro).

Não precisamos de caminhar muito para chegar até à avenida mais pequena de Paris. Sim, é a Avenue des Portugais, cem metros, se tanto, perpendiculares à Avenue Kléber, que nos há-de levar ao Trocadéro. Há apenas um número na avenida, que homenageia “os 30 mil portugueses que combateram ao lado das forças aliadas pela liberdade da França”, lê-se numa placa comemorativa.

É das entranhas da Avenue Kléber que assomamos à Place du Trocadéro et du 11 Novembre. Da esplanada do Palais Chaillot (que agora alberga, por exemplo, a Cité de l’ Architecture et du Patrimonie, onde até 29 de Agosto está em exposição Les universalistes, 50 ans d’architecture portugaise) a Torre Eiffell domina a paisagem — nos jardins do Trocadéro, mais abaixo, grupos juntam-se de olhos postos na imagem mais icónica de Paris. Mas aqui em cima a esplanada também é ponto de manifestações e Ramos Horta chegou a dormir encostado a uma das colunas do palácio, quando este foi o local de solidariedade para com Timor Leste, tendo-se improvisado um cemitério com cruzes, lembra Carlos Silva.

Caminhamos um pouco mais, passando o Museu do Homem, construído à imagem do Kremlin, e continuamos na zona mais cara de Paris. Foi aqui que Carlos Pereira viveu quando chegou a França, 18 anos cumpridos e uma não entrada na universidade (acabou por estudar em França): veio tomar conta de um cão, em troca de alojamento. “Durante um ano não conheci aqui nenhum português. Agora sei que está cheio deles. Por exemplo, quase todas as porteiras são [portuguesas].”

Fazemos um corte em falso e entramos numa rua privada: gradeamento à entrada; o destino está um pouco mais à frente, a Avenue de Camoens – é tão curta como a anterior rua privada, mas termina numa escadaria dupla. Nesta esteve uma estátua de Camões, colocada no início do século XX, cinco metros de altura com pedestal e busto. “Nem um ano ficou cá. Os vizinhos vinham colocar o lixo aqui, atiravam tomates.” O motivo? “Era cego.” Foi retirada, mas em 1980 novo busto foi instalado. Desta feita no fundo das escadas, na Avenue des Nations Unies — continua (discretamente) cego de um olho e todos os 10 de Junho o embaixador vem aqui depositar uma coroa de flores.

Não estamos longe da embaixada portuguesa, tão-pouco do consulado, e é tempo de escutar histórias de alguns ilustres portugueses em Paris. Os irmãos Pereire, filhos de um judeu sefardita de Peniche que emigrou para França no século XVIII e tornou-se intérprete de Luís XV, foram, no século XIX, grandes empresários, banqueiros, armadores, construtores de linhas férreas e de metro, construtores civis (ajudaram a dar forma à Paris de Haussman) — têm um boulevard e uma estação de metro com o seu nome. E, já no século XX, um descendente de judeus portugueses foi primeiro ministro do país: Pierre Mendès France ocupou o cargo menos de um ano mas conseguiu acabar a guerra na Indochina. “Tem uma boa imagem.”

Entretanto, já passámos sob a Torre Eiffel — “uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei foi subir até lá cima”, confessa Carlos Pereira — e já passámos os jardins onde parisienses e turistas aproveitam os (escassos) raios de sol (apenas nos relvados laterais, os centrais estão interditos). Não há muita polícia visível, mas estamos numa das zonas mais vigiadas da cidade. Polícia visível vemos mais adiante, já perto da nova delegação da Gulbenkian: “Houve, com certeza, uma manifestação”, explica Carlos, “em Paris é normal”.

E então a Fundação Calouste Gulbenkian (Bd de La Tour-Maubourg, 39), “bem inserida na sociedade francesa” — este ano, por exemplo, é co-organizadora das exposições sobre Souza Cardoso e sobre a arquitectura portuguesa. Hoje, na delegação, prepara-se a exposição que abre em dois dias, mas no pátio mantém-se o manequim vestido por Filipe Oliveira Baptista — “vai-se degradando até desaparecer”.

Em cada canto de Paris há um pouco de Portugal, resume Carlos Pereira. Basta escavar um nadinha: desde o pintor da Torre Eiffel ao chef ou escanção de restaurantes da moda, dos directores de teatros renomados ao trabalhador da construção civil que ouvimos na rua. Há carrinhas com bandeiras portuguesas e há cada vez mais lojas-gourmet com produtos nacionais, fruto da recente “descoberta” de Portugal pelos franceses — “voltam deslumbrados”.

Paris, a gratuita

Não é uma cidade barata, a capital francesa, mas deixamos algumas sugestões de visita, livres de constrangimentos monetários.

1. O bairro do Marais, com a sua Place des Vosges, as suas lojas de novos criadores que convivem com consagradas, galerias de arte, bares e restaurantes, é um dos mais apetecíveis por estes dias — e alberga um museu gratuito, o Carnavalet, que conta a história da cidade e da sua vida quotidiana.

2. O Canal de Saint Martin, sobre o qual várias pontes de ferro se empinam (Amélie Poulain andou por aqui) e está ladeado, mais uma vez, de bares, restaurante pequenas boulangeries e boutiques de autor — quando o tempo está bom, os parisienses bobo (bourgeois e bohemian) ocupam-no ao final de tarde.

3. A Catedral de Notre-Dame.

4. O Jardin du Vert-Galant abaixo da Pont Neuf e dos seus cadeados, pequeno oásis onde ao meio-dia se traz o almoço e ao final do dia se fazem piqueniques ao pôr-do sol.

5. O Jardim do Luxemburgo com grandes avenidas, jardins formais, courts de ténis, restaurantes e número infindável de cadeiras, sobretudo a rodear o grande lago.

6. O Jardim das Tulherias, mais central, menos arborizado, ligando a pirâmide do Louvre (no pátio ao lado, no Cour Carrée do museu, exibe-se a obra Panorama, de Eve Jospin, um octógono espelhado que reflecte as fachadas) à Praça da Concórdia e à sua roda gigante — aqui o acosso de vendedores é grande (miniaturas da Torre Eiffel e selfie-sticks).

7. O Coulée Verte René Dumont: por cima do viaduto das artes, acompanhando a linha férrea durante 4,5 quilómetros, temos um jardim suspenso (também cinematográfico: Antes do Anoitecer passeou por aqui).

8. O Sacré Coeur, no coração de Montmartre que já foi bairro de artistas e agora é de turistas e da indústria sexual, oferece amplas vistas sobre a cidade, incluindo o Centro Georges Pompidou, incontornável nas suas cores primárias, e La Défense, com os seus arranha-céus espelhados.

9. O Museée d’Art Moderne de la Ville de Paris: muitos dos nomes que fazem a história da arte moderna estão aqui representados e a entrada é livre — excepção para as exposições temporárias.

Guia prático

Como ir

Do Porto há sete companhias que fazem ligação a Paris. A Transavia voa a partir de 90€. De Lisboa são nove as companhias que fazem a ligação – a Transavia com preços a partir de 96€.

Estádio dos Príncipes

Portugal vai jogar o seu segundo jogo da fase de grupos, a 18 de Junho, no Parque dos Príncipes, estádio do Paris Saint Germain. A melhor maneira de chegar lá é via metro, linha 9, estação Porte de Saint-Cloud – depois são cinco minutos a caminhar.

 

LYON

Croix-Rousse, a aldeia de Rodrigo

Como bom português, Rodrigo Barbosa não dispensa um bom café. Por isso, o nosso encontro é ao pequeno-almoço, no Café Mokxa, numa das ruas empinadas da Croix-Rousse: “É bem tirado e é bom.” Estamos em zona Património Mundial da UNESCO, o chamado “bairro da seda”, e Rodrigo até vive num dos edifícios típicos dessas antigas tecelagens, que constituem grande parte da arquitectura desta colina da cidade: tectos de pé direito desmesurado, para poderem albergar os teares inventados por Jacquard, e janelas enormes para deixarem entrar toda a luz possível. Quando o sol é descarado, toda a cidade, sobretudo esta colina e a que alberga Vieux Lyon, a de Fourvière, refulge como uma tela com as cores vivas que pintam os edifícios.

Pedimos a Rodrigo, jornalista na Euronews, que nos guiasse pela “sua” Lyon e a sua Lyon cabe quase toda neste bairro: “É central, está perto de tudo, mas como uma aldeia [os habitantes dizem-se crois-roussiens, não lyonnais]. Conhecemos o padeiro, o talhante, a merceeira”. Afinal, desde que vive em Lyon sempre teve residência no bairro, primeiro nas “pentes” de la Croix Rousse (o quarteirão das encostas, íngreme), agora no cimo da colina.

Começamos a nossa visita em ritmo de caça-tesouros, pelos traboules, típicos de Lyon. São passagens que atravessam edifícios permitindo cortar caminho e têm origem no século IV — o objectivo era sempre chegar ao rio mais facilmente. Existem sobretudo na Vieux Lyon, as mais conhecidas, e aqui, em Croix Rousse, e têm mesmo direito a guia oficial. Rodrigo descobriu-os nas suas explorações pela cidade e conhece os truques que permitem entrar naqueles que passam ao lado dos roteiros.

Nós começamos por um “particular”, nota Rodrigo, “é muito aberto e parece uma rua normal”. O seu início é na Rue René Leynaud, na Passage Thiaffait, na Village de Createurs, uma galeria onde os espaços são ocupados por jovens criadores, com rendas simbólicas durante um período limitado. Subimos a escadaria dupla e estamos na Rua Burdeau, onde o número 11 esconde outro traboule “típico”: corredores e escadarias até novamente vermos a luz. “Há uma regra de ouro para atravessar os traboules, não fazer barulho.”

Estamos na Montée de la Grande-Côte. Se fosse à tarde, fim-de-semana ou apenas houvesse sol, estaria cheia de bancas de vendedores e grande movimento. Esta manhã são poucos a circular nesta rua pedonal íngreme. Outro edifício, porta fechada, botão genérico que só está activado de manhã (e este é um dos truques para aceder aos que estão fora dos guias). Premimos e percorremos mais um corredor para encontrarmos um jardim-terraço, onde a erva cresce à solta, há cadeiras e mesas dispostas anarquicamente — “Com bom tempo o pessoal está aí a comer” —, seguimos por escadaria que dá a outra que sobe em caracol. Um dos maiores traboules na zona é o de Cour de Voraces, que faz parte do circuito oficial: há placa explicativa à porta e cruzamo-nos com um grupo escolar em visita — a escadaria que ziguezagueia na parede frontal do pátio interior costuma ser iluminada na Festa das Luzes, “uma das vezes com néons”.

Passamos um café-livraria, Un Petit Noir que Rodrigo gosta especialmente no Inverno, “é sossegado”; mais adiante, Les Ogres Gourmandes é um restaurante e salão de chá “simples, sem pretensões, com ementa pequena”, onde Rodrigo vem com alguma regularidade — até pelo café gourmand: acompanhado de miniaturas de todas as sobremesas que têm.

Claro que, estando na capital gastronómica francesa, Rodrigo não tem dúvidas que Lyon “é fantástica para comer” e está “sempre a descobrir coisas novas”. Mas, sendo homem de hábitos, há dois lugares aonde vai muito, aqui mesmo na Croix-Rousse, um deles o Le Comptoir du Vin: “Tasca de bairro, sais sempre a cheirar a comida e o chef está sempre com um copo de vinho. A comida é óptima e muito mais barata.” Para bar, o La Voguette é uma opção, mas é ao Le Farmer que vai mais. “Chamou-me logo a atenção o símbolo da Super Bock.” Tudo na mesma zona. “Não me movo muito”, confessa, “aqui tenho tudo e a uma escala humana”.

No centro, exemplifica, estão as grandes cadeias internacionais, aqui estão ateliers de criadores independentes, galerias de arte alternativas, boulangeries que só utilizam produtos biológicos, a Pralus (chocolataria onde Rodrigo encontra o “melhor brioche praline do mundo” — tem direito a nome próprio, praluline) e muitas associações, alguns cafés-bares onde os jogos de tabuleiro são regra e há espaço para as crianças, outras de produtores agrícolas que fazem os cestos semanais que Rodrigo recebe em casa. Tudo o que agrada aos bobos — que aqui convivem com habitações sociais.

De subida em subida chegamos ao plateau de Croix-Rousse, o ponto mais alto da colina, onde no boulevard principal todos os dias, excepto à segunda-feira, se realiza um mercado que se chega a estender por um quilómetro. O melhor dia é, porém, terça-feira, quando ambos os lados da avenida estão ocupados por bancas que incluem roupa, artesanato, colchões, tapetes, canivetes, às vezes até massagens. No fundo do boulevard, o Espace Grous Caillou (“grande calhau” — e ele está lá) oferece vistas impressionantes sobre a cidade e, em dias claros, sobre os Alpes e o Monte Branco. Um pouco mais abaixo, o Parque Bellevue é um espaço intimista onde Rodrigo gosta de reunir-se com amigos — “vamos às épiceries comprar cervejas, trazemos pizzas e são belos finais de dia”. A vista é a mesma do Grous Caillou “mas com muito menos gente”.

Bem mais perto do plateau de Croix-Rousse e do seu mercado, um dos parques que se escondem no meio dos edifícios. Pela Rue d’ Alme até um portão de ferro: é por detrás dele que se estende o parque, em cascata, cheio de recantos e de espaços lúdicos para crianças. “Ao final do dia isto está cheio de pais com filhos”, conta Rodrigo — ele é um deles, já que a filha frequenta a creche que está no interior do parque. No resto do tempo é bom para ler um livro, ou fazer nada.

Estamos novamente a descer, desta vez por escadarias especiais: as da Rue Prunelle pintaram-se desenhando rectângulos de cores vivas delimitados por branco, em projecto participativo. Já estamos perto do rio Saône, do Quai St Vincent, onde se situa o Fresque des Lyonnais. Numa cidade que se orgulha das suas pinturas murais, em trompe l’oleil (há roteiros), este é um resumo da história de Lyon em 31 dos seus “filhos” mais ilustres: a fachada enorme é toda uma ilusão de varandas e personagens (entre eles Saint-Exupéry e o seu principezinho, os irmãos Lumière).

Atravessamos o Saône, estamos na parte final da nossa visita. “Vieux Lyon é muito bonita mas está cheia de turistas”, refere Rodrigo. O último troço da visita, mas também o mais difícil: a Montée St Barthelemy, escadaria infinita que termina na Basílica de Notre-Dame de Fourvière. Tivéssemos mais tempo e Rodrigo levar-nos-ia a Demeure du Chaos, museu inesperado de cenário apocalíptico, e até à Île Barbe, no Saône: ida a caminhar pela margem direita, pequeno-almoço, e regresso de bicicleta, na margem esquerda, a que está recuperada.

Cidade de confluências

O coração de Lyon é uma península, ou melhor, é a Presqu’île, que até soa melhor, ladeada pelos rios Ródano e Saône. Zona oitocentista, com uma homogeneidade arquitectónica notável, é atravessada pela Rue de la République, pedonal — é a maior da península e une a câmara e a ópera (edifício misto de antigo e moderno) e vai morrer numa passage.

Esta Rue Republique, tiques do III Império, é como uma enorme passarela onde se caminha, anda de bicicleta, skate, trotineta e onde à noite iremos deparar-nos com um ajuntamento de dançarinos de lindy hop, que se juntam informalmente aqui todas as terças-feiras (e parece-nos que as “meias-noites” em Lyon podem ser pelo menos tão interessantes quanto as de Paris). É uma das surpresas de Lyon, uma cidade que merece tempo para descobrir — e usufruir. Tempo é o que mais nos falta, então a nossa visita vai ser em modo apressado e muito apressado. Ainda que atravessemos séculos: dos celtas aos romanos, passando pela Idade Média, o Renascimento, Oitocentos, século XX e XXI.

É um dos mais conhecidos miradouros da cidade, o da Basílica de Notre-Dame de Fourvière, e bom ponto para assentarmos ideias. Se o horizonte estivesse aberto, fechar-se-ia nos Alpes, como o dia está cinzento ficamos mais perto. Foi para leste que a cidade cresceu e então temos abaixo do miradouro Vieux Lyon (“Velha Lyon”), o rio Saône, a Prêsque’ Île setecentista que se une à Croix Rousse oitocentista, no mesmo século a margem esquerda do Ródano também se começou a desenvolver a partir do século XIX, em grandes boulevards, subiu aos céus nos século XX (uns arranha-céus parte de Part Dieu, bairro financeiro) e virou-se para o futuro, já neste milénio, onde a península termina.

Ao nosso lado, então, a basílica omnipresente de quase qualquer ponto da cidade ou não pairasse a 287 metros de altitude — chegamos em hora de serviço religioso, mas é fácil perceber a influência bizantina nos mosaicos que forram o seu interior, explosão dourada. Na outra costa da colina, o teatro romano, ainda hoje palco de festivais, como o emblemático Les Nuits de Fouvière, três meses (Junho, Julho e Agosto) de música, teatro, dança e cinema; e aqui, algo escondida, a mini-Torre Eiffel, construída no final do século XIX como restaurante panorâmico e agora “torre de antenas”.

À mesa

Subimos e descemos de funicular para entrarmos no emaranhado de ruelas de Vieux Lyon, com a sua praça da Catedral Saint-Jean-Baptiste como ponto central. É o tradicional bairro histórico, lojas de souvenirs em abundância e restaurantes, incluindo os bouchons, lioneses de alma e coração, restaurantes tradicionais mais populares (nem sempre nos preços, sobretudo nesta zona), sujeitos a uma série de regras para que possam ser certificados (apenas 25 entre as muitas dezenas que existem na cidade) — em contraponto com os restaurantes bistronomic, onde o arrojo de sabores da cozinha moderna se combina com a cozinha tradicional.

Mas ainda ninguém, nesta cidade que tem a maior proporção entre restaurantes estrelas Michelin e número de habitantes, conseguiu destronar Paul Bocuse, verdadeira lenda viva da gastronomia e do orgulho lionês — isto apesar de já não estar à frente dos seus restaurantes, incluindo um três estrelas. Faz parte do ADN da cidade, muito além dos Les Halles, que leva o seu nome, onde, entre bancas de produtos frescos (queijos e charcutaria declinam-se em várias especialidades) e as de petiscos e restaurantes, a manhã vai a meio e já se vê quem coma ostras acompanhadas de vinho branco.

Da seda ao futuro

Damos um salto no tempo na Croix Rousse para visitar a cidade que foi capital da seda, desde o século XVI. Tudo começou em Vieux Lyon, mas quando chegaram os teares Jacquard, muito altos, a mudança foi inevitável. Na Croix Rousse os edifícios preparam-se para eles e aqui concentrou-se toda a indústria que agora é residual. Na Maison des Canuts (canut é o tecelão da seda) revisitam-se cinco séculos desta indústria. Vemos desde os casulos até ao trabalho nas máquinas Jacquard, passando pelos modelos das “fábricas” — concentradas num quarto onde se trabalhava e vivia — e terminando na loja.

E já estamos noutra ponta da cidade, na ponta da península, onde o futuro parece ser hoje — por exemplo, o bairro já é 80% auto-suficiente em termos energéticos. Numa zona artificial (a península terminava dois quilómetros antes) que foi industrial, ainda há resíduos dessa passagem, sobretudo à beira Saône, onde as gruas foram integradas na paisagem e antigos edifícios, como La Sucrêrie, foram reconvertidos para clubes da moda, galerias (e “casa” da bienal de arte moderna) e locais de concertos.

É deste lado que se erguem edifícios de escritórios, arquitectura moderna, cada um um mundo à parte (de formas, cores – do verde alface ao laranja, passando pelo negro), compondo um conjunto ecléctico, que termina num jardim. Um canal, onde um vaporetto faz umas das suas paragens de transporte público ao longo do Saône, separa esta zona do bairro residencial, que segue o mesmo arrojo arquitectónico, e onde se misturam habitações sociais com luxuosas.

Porém, o ponto final da península, onde o Saône morre para unir-se ao Ródano, é marcado pelo Musée des Confluences, que parece uma nave espacial assente numa ilha rodeada de viadutos e linhas férreas suspensas. Tornou-se um ícone da cidade desde que abriu, no final de 2014, pela arquitectura (do gabinete austríaco Coop Himmelb(l)au) e pelas exposições.

Feito de transparências nos espaços comuns e hermético nos de exposições, aqui apresenta-se uma vasta colecção em torno das ciências naturais e etnografia de todos os cantos do mundo. São quatro as salas onde se evolui desde a origem do mundo, passando pelas espécies que o povoam, pelas sociedades que formaram e terminando nas ideias de eternidade que os enformam. De esqueletos de dinossauro a imagens de Darth Vader, de múmias egípcias aos primeiros computadores, tudo cabe neste minimundo, onde Lyon (também) ensaia o seu futuro.

Guia Prático

Como ir

A Transavia voa todos os dias, excepto à sexta-feira, entre Porto e Lyon com preços a partir de 60€ (ida e volta); de Lisboa não há voos à segunda e à sexta e os preços começam nos 90€.

Onde dormir

Carlton Lyon HotelNa Presque’île, um prédio do século XIX alberga este hotel.
Fourvière Hotel - Perto do anfiteatro romano e da basílica de Notre-Dame de Fourivère, este hotel instalou-se num antigo convento – a recepção é a capela.

Onde comer

Café TerroirRestaurante “bistronomic”
Bouchon Daniel & DeniseSão três os bouchons do chef Joseph Viola, vencedor do prémio “Meilleur Ouvrier de France”.
Brasserie Le SudUma das quatro brasseries de Paul Bocuse.

Estádio Parc Olympique Lyonnais

O novo estádio de Lyon, le Grand Stade ou Stade des Lumières, como é popularmente conhecido, é acessível através da linha T5 do metro e depois por minibus gratuitos; e por eléctrico que sai do sul da Gare de la Part-Dieu.

 

SAINT-ÉTIENNE

Entre o design e o futebol

“É impossível nascer em Saint-Étienne e não estar ligado ao futebol”, diz-nos um dos guias do Musée d’Art Moderne et Contemporain (MAMC, Museu de Arte Moderna e Contemporânea). Percebemo-lo assim que chegamos à cidade: não só é a que mais exibe o seu papel de anfitriã do Euro 2016, como a nossa primeira paragem é no Estádio Geoffroy Guichard, o “caldeirão”, onde jogam les verts. Não nos avisam que chegamos no 40.º aniversário dos poteaux carrés, como ficou conhecida a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1976 contra o Bayern de Munique — dia de festa, apesar da derrota, em que os postes e traves quadrados das balizas foram o bode expiatório. O clube acabou por comprar a trave e os postes de uma das balizas que agora exibe no seu museu.

O Musée des Verts abriu há dois anos e foi o primeiro de um clube em França. Tem espaço para exposição temporária (sem surpresas, os 40 anos da final europeia — com pessoas sentadas em sofás a ver o jogo), mas a maior parte é reservado à colecção permanente onde se passa em revista a história quase centenária do clube que mais campeonatos franceses conquistou (10).

Deixamos o futebol para trás e percorremos os quilómetros que ligam Saint-Étienne a Firminy, antiga cidade mineira e industrial e local de “utopias realizadas” através da arquitectura. Le Corbusier foi quem deu forma ao plano de criação de um novo bairro na cidade onde a arquitectura e o modernismo pudessem contribuir para um mundo melhor. Nesse mundo, a cultura seria acessível a todos, por isso é o centro cultural o ponto fulcral — e porta de entrada — do Site Le Corbusier (o maior da Europa, com quatro edifícios-monumentos, que constituem as suas últimas obras). Betão e vidro são os materiais utilizados neste edifício largo que se empoleira numa antiga pedreira e tem uma componente musical acentuada: o vidro é um instrumento que se pode tocar.

Este foi o único dos edifícios projectados que o arquitecto viu concluído (morreu em 1965) e a igreja de Saint-Pierre o último a ser terminado, apenas em 2002, do outro lado da pedreira. No vale entre ambos, passamos pelo estádio (um dos dois únicos construídos por Le Corbusier, o outro é em Bagdad). A visita guiada por Anne Berthe já espreita a hora de fecho quando chegamos à igreja.

Novamente betão, quase um cone, projectado para ser inundado de luz, que brinca em jogos coloridos que se desenvolvem ao longo do dia, os “cabelos de anjos”. A nave principal é o seu palco, com o tecto “furado” pela constelação Órion a este e por três “canhões” de luz a oeste. As salas desenhadas para actividades paroquiais são um centro de interpretação Le Corbusier (onde vemos maquetes do complexo habitacional projectado nas redondezas) e exposições temporárias (em breve Anish Kapoor). Ao lado da igreja, a piscina prevista no plano original de Le Corbusier, mas construída por outro arquitecto.

A arquitectura tem desempenhado um papel importante na renovação de St. Étienne —  veja-se o seu Zenith, sala de espectáculos com assinatura de Norman Foster — e o seu museu de arte contemporânea não lhe fica atrás. É o segundo mais importante de França (a seguir ao Centro Georges Pompidou), abriu em 1987, começou por debruçar-se muito sobre a arte moderna, entretanto abriu mais espaço à arte contemporânea e também a jovens artistas, sobretudo da Europa do Leste e da Ásia (por estes dias, da Coreia do Sul). Entre a colecção permanente (que muda a cada ano) e as exposições temporárias há sempre “um diálogo permanente”.

E se começamos a visita pela exposição Mémoire de Jacques Villeglé não é só pela importância do artista de 90 anos mas também para observamos a dimensão do museu. De pé direito quase a lembrar as fábricas do passado-presente de St. Étienne (e não falámos do “invólucro” cor de carvão deste interior alvo), serve bem a escala urbana desta exposição de Villeglé. E aí está o diálogo com a exposição permanente actual, Arqueologia do presente, que explora o lugar do objecto nas grandes correntes artísticas do último século, e apresenta obra de algumas das “estrelas” do museu, Picaso, Duchamp, Léger, César, Warhol.

Primeiro foi a Escola Superior de Arte de Design (origem em 1803), depois veio a Bienal Internacional de Design (1999) e finalmente a Cidade do Design (2006). E, claro, nada disto esteve separado da história da cidade que foi um dos berços da revolução industrial francesa, meca da indústria pesada e metalomecânica e principal centro mineiro. Do início do século XIX até agora, a indústria entrou em declínio e o design floresceu ao ponto de St. Étienne ser a Cidade do Design da UNESCO.

Tudo agora se concentra, Cité du Design e escola superior, numa zona até há poucos anos interdita aos stéphanois, antiga fábrica de armas: mantiveram-se três edifícios, acrescentou-se um longo de arquitectura moderna e fez-se a ponte entre o passado e o futuro — com paragem no presente. A criatividade comanda e o sonho também: veja-se a exposição Culture interface numérique et science-fiction, confronto com filmes, séries, livros de ficção científica que, de certa forma, anteciparam e até formataram a realidade tecnológica.

Num anúncio no eléctrico lemos: “Em 1976, o design das balizas custou-nos caro. Actualmente, o design é a nossa força.” St. Étienne não é só futebol e não é só design — mas claramente estes estão no seu ADN e ninguém os quer perder.

Uma portuguesa em Saint-Étienne

Alexandra Custódio não pára. Parece ter uma energia inesgotável. Encontramo-la a meio da tarde no seu gabinete na câmara municipal de Saint-Étienne; tinha chegado do Brasil nessa manhã e ainda tem energia para nos guiar pela “sua” cidade. Em pouco tempo nos conta da sua chegada a França, com apenas seis anos, em 1978: um ano e meio em Perpignan, depois a mudança para St. Étienne.

As linhas gerais do seu trabalho — entre outras coisas, é vereadora municipal e conselheira no Conselho Departamental do Loire e está envolvida em várias associações portuguesas (foi, aliás, o seu labor associativo, “cresci nesse meio”, que lhe abriu as portas da política que poderá fazê-la ascender à Assembleia Nacional — será candidata pela UMP, o partido de Sarkozy, nas próximas legislativas) vamos descobrindo nas horas seguintes, em que aproveita também para falar da emigração portuguesa em França, na “sua” cidade em particular. Uma cidade cujo coração, assume-o, “bate ao ritmo do futebol”. Ela não escapa à febre futebolística e tem sido madrinha de todos os jogadores portugueses que passam pelos verts (como é conhecido o AS Saint-Étienne).

Quando saímos para a rua estamos no centro de St. Étienne, na Place de l’Hôtel de Ville, carrossel antigo, onde passa o eléctrico (um meio de transporte que chegou aqui no século XIX, quase desapareceu no século XX e agora voltou em força, “por questões ambientais”) que percorre 18 quilómetros. Quando tem visitas, costuma oferecer um passe, porque dessa forma os amigos vêem tudo nesta cidade que “tem sete colinas, como Lisboa” — nós estamos no vale central.

A nossa primeira paragem é na Weiss Chocolatier, algumas dezenas de metros na “rua do eléctrico”. “É obrigatório comprar os chocolates daqui”, afirma. É uma boutique histórica (de 1882), com uma imagem moderna onde tudo é feito artesanalmente. Os nougastelles, inventados por Eugène Weiss, em 1932, continuam a ser a especialidade da casa, ao lado das nougamandines, do clássico napolitain (1912), embalado em “modo de viagem” — é a recordação favorita — e do segredo de le pavé de la route bleu.

St. Étinne é uma cidade pequena e não estamos longe da zona noctívaga por excelência que também corresponde à minúscula zona histórica — chamam-lhe bairro, mas é pouco mais que um quarteirão que conflui numa rua pedonal empedrada, a Martyres de Vingré. Nela alinham-se bares, restaurantes, pequenas lojas de autor, esplanadas. Espera-se grande animação aqui durante o Euro, ou não fosse este “o bairro da festa, com ambiente familiar e gente simpática”, diz Valérie, uma das sócias do cabeleireiro de Alexandra (a outra é portuguesa): os bares, que vão do pub irlandês ao design mais apurado, terão a televisão sintonizada e Alexandra garante que alguns já buscam Super Bock. É neste bairro que ainda se encontram algumas das antigas casas dos passementieres, os tecelões que faziam as fitas, cordões e outros acessórios que ainda hoje estão associadas à cidade.

A próxima paragem é feita de carro — “embora se possa caminhar, seguindo sempre a rua do eléctrico” — no Puits Couriot/ Parc Musée de la Mine. Nós chegamos depois da hora de fecho (18h) e não tivemos acesso ao monumento histórico. A lâmpada dos mineiros é outro dos souvenirs incontornáveis da cidade, sublinha Alexandra.

A última paragem é a associação Portugais de La Loire. Não é a única associação portuguesa na cidade, mas a localização justifica uma visita. “Estão mesmo ao lado do perímetro do estádio e vão ter programação para quem não tem bilhetes, se a segurança não o impedir.” Ecrãs de televisão e sardinhada no quintal estão assegurados, neste espaço que tem um bar, onde se joga futebol, cartas e bilhar e se tem vindo a animar com a nova emigração. Mas Alexandra ainda dá dicas para comida portuguesa: O Minho, “mais requintado”, O Porto, “mais tasca, com prato do dia” (sexta-feira é dia instituído do bacalhau).

Guia Prático

Como ir

A Ryanair voa entre o Porto e Saint-Étienne aos domingos, segundas, quartas e sextas-feiras com preços desde 57€. Saint-Étienne está a 65 quilómetros de Lyon e a viagem de comboio demora 40 minutos.

Onde dormir

Hôtel Les Poteaux Carrés - Ao lado da estação de TGV de Saint-Étienne Chateaucreux.

Onde Comer

L’ Absynthe Café - Num dos extremos da “rua dos bares”, é restaurante e bar de tapas.
La Platine - Restaurante na Cité du Design.
Demains les Vins - Wine bar e de tapas, aqui privilegiam-se os vinhos de jovens produtores da região.

O que fazer

Numa cidade que teve na indústria a sua fonte de riqueza, o Musée d’Art et d’Industrie é incontornável. As bicicletas, as armas e os têxteis, que foram as suas maiores produções merecem cada uma um andar. Mas não nos devemos esquecer que estamos no Departamento do Loire, terra de castelos, aldeias paradas no tempo, o maior rio do país e entre dois parques naturais regionais (Pilat e Livradois-Forez) —  tudo a curtas viagens de carro da cidade stéphanois.

Estádio Geoffroy Guichard

As linhas de eléctrico T1 e T2 param em “Geofrroy-Guichard”.

 

A Fugas viajou a convite da Transavia e do Turismo de Lyon e de Saint-Étienne

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