Fugas - Viagens

  • Enric Vives-Rubio
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Valorizar o Convento dos Capuchos é devolvê-lo à natureza

Os estudos começaram em 2011. Fizeram-se as primeiras escavações arqueológicas na zona das hortas – um terreno verde, visto por quem desce as escadas do claustro – e hoje continuam no terreiro da fonte, à entrada, e junto ao claustro.

Nos últimos cinco anos, a equipa documentou-se ao máximo, num extenso trabalho de compreensão, pesquisa e inventariação. “Mas este é um processo dinâmico, não é possível dizer que vamos parar de estudar até tudo estar concluído”, salienta Gonçalo Pais Simões, director técnico para o património construído.

Nas paredes e no chão, as sondagens arqueológicas encavam por entre a história que se sobrepôs à história mais antiga. Com a extinção das ordens religiosas em 1834 e a expropriação dos frades que o habitavam, o convento passou para as mãos de Francis Cook, visconde de Monserrate. Em pleno século XIX, os terrenos à volta do convento foram usados como jardins de lazer e passeio – ao estilo romântico - contíguos ao Parque e Palácio de Monserrate. Às intervenções românticas, seguiu-se o abandono: sob tutela do Estado desde 1949, o monumento esteve entregue à degradação e fechou ao público entre 1998 e 2001. Não era alvo de intervenções de valorização significativas desde a segunda metade do século passado.

E o processo de pesquisa está longe de ser simples ou rápido, dada a falta de documentos. Com o fim das ordens religiosas, os (poucos) objectos existentes no convento foram vendidos em hasta pública. O que restou ficou no local, aberto ao roubo.

Estudam-se ainda as opções de arquitectura e engenharia da época – não só para conhecer o edificado, como também para compreender como viviam e o que conheciam os frades. As maiores surpresas têm surgido do estudo do sistema tradicional de distribuição de água, que alimenta os tanques e fontanários do convento. A água circulava constantemente, criando um sistema de esgotos interno, o que demonstra uma preocupação “fora do comum” com a higiene, em plena Idade Média onde eram conhecidas as poucas condições de salubridade, constatou a equipa.

O restauro do convento vai incidir principalmente na reabilitação das coberturas e na recuperação dos elementos decorativos. A instalação de infra-estruturas de abastecimento de água, esgotos, energia e telecomunicações também já está em andamento.

Caso se concretizem os planos da equipa da Parques de Sintra, daqui a dois anos, a intervenção moderna estará o menos visível possível. Aproxima-se à natureza o que à natureza pertence.

“Casa das bicicletas”

Em Fevereiro, deverá estar em cima da mesa o plano para a construção das estruturas modernas de apoio aos visitantes (bilheteira, loja, cafetaria e instalações sanitárias), colocadas à entrada. Prevê-se que sejam construídas com cortiça e outros materiais naturais, para que se possa aproximar o mais possível às características do convento.

Também à entrada, um dos edifícios vai ser reabilitado para a criação da chamada “casa das bicicletas” – um espaço que terá cafetaria, balneários e uma pequena oficina de apoio aos praticantes de ciclismo e BTT da Serra de Sintra.

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