O anúncio foi feito em Óbidos, num vídeo em directo publicado no Facebook. E no Youtube também já se passeiam 360º de paisagens cénicas pela vila histórica. A equipa da Travel + Leisure está por terras lusas há uma semana a preparar as filmagens e agora é oficial: Portugal é o destino do ano 2016 para a publicação.
A crise económica deixou Portugal “à beira da falência e o financiamento público para as artes secou” durante o pico da recessão. Mas “os jovens empreendedores pegaram no problema com as próprias mãos, aproveitando o talento e os recursos naturais – resultando numa cena cultural rica”. É assim que os editores da Travel+Leisure, uma das bíblias das viagens a nível internacional, começam por justificar a escolha de Portugal como “destino do ano” de 2016.
E os argumentos continuam longe dos predicados turísticos clichés do país. Depois da economia, nota para a situação política nacional. “Uma mudança de partido no governo em 2011 acalmou os ânimos na situação política [do país] e actualmente o turismo está em ascensão, ajudado pela acessibilidade [de preços] e pelo clima quente todo o ano”. Nem o polémico caso da quase venda da colecção de quadros de Joan Miró por parte do governo foi esquecido. Mas, defendem, "na esteira da crise, Portugal conseguiu florescer de novo" e, até certo ponto, a situação "pode ter ajudado a indústria turística no país". "Continuou a ser muito mais barato para os viajantes do que a maioria dos países vizinhos - um contraste particularmente evidente nas cidades de turismo de sol e praia e nas capitais culturais do país", argumentam.
Ora, na hora de escolher o destino do ano, a equipa da Travel+Leisure procura "lugares que pareçam excitantes, que garantam e justifiquem uma redescoberta e que tenham conseguido entrar por si próprios no palco internacional de alguma forma". Este ano, "Portugal era um país que se encaixava naturalmente" neste perfil, defendem.
Desde a nova cena cultural, alavancada por empreendedores e artistas, ao aumento do número crescente de turistas estrangeiros, de hotéis novos e de voos, com a referência às novas ligações directas para cidades dos Estados Unidos a surgirem em destaque.
Mas há mais razões para a eleição. Portugal é acessível (bastam sete horas de avião a partir da costa Este dos Estados Unidos), tem temperaturas amenas todo o ano, continua relativamente barato e conta com recursos naturais abundantes e património rico.
A revista disseca o país por inúmeros ex-líbris, com um artigo online para cada um. Do centro histórico da vila de Óbidos, relevado numa panorâmica a 360º a “23 fotografias que vão pô-lo a planear uma viagem a Portugal rapidamente”, ou 12 imagens antigas do país. E há ainda um guia de Lisboa, os petiscos que se comem na capital portuguesa, uma lista com as principais atracções da cidade, os melhores restaurantes e os principais hotéis alfacinhas. Mas também o “revolucionário conceito de ecoturismo” já sedimentado no país, um guia para ter “o dia de praia perfeito na Comporta” ou com os melhores lugares de Portugal para quem ama aventura. Não esquece os vinhos, os Açores, nem sequer o hotel CR7 no Funchal. E a lista continua, numa compilação dos artigos que a revista tem publicado sobre Portugal nos últimos meses.
Todos os anos, a publicação de viagens sediada em Nova Iorque põe os leitores a escolher o destino do ano numa votação online. Este ano, os leitores escolheram a Croácia, com 28% dos votos, ligeiramente acima de Portugal, que ficou em segundo, com 24% (e que acabaria por ser o preferido dos editores da revista).