Fugas - Viagens

Nelson Garrido

Ryanair anuncia novas rotas de Inverno para Lisboa e Porto

Por Mara Gonçalves e Luísa Pinto

Michael O’Leary esteve esta quarta-feira em Portugal para anunciar as novas rotas do calendário de Inverno da companhia aérea de baixo custo. Novidades celebram-se com voos a 9,99€.

O portefólio da Ryanair para Lisboa vai ter mais três ligações este Inverno. A companhia vai estrear duas novas rotas: para Baden, na Alemanha, e para Cracóvia, na Polónia, e reforçar a ligação entre a capital portuguesa e a congénere belga, com a adição de voos para o aeroporto de Charleroi (a Ryanair já voa entre Lisboa e Bruxelas, mas a partir da pista em Zaventem). As duas primeiras serão operadas duas vezes por semana, enquanto a ligação a Bruxelas será diária.

Além das três novas ligações, seis das rotas que a transportadora aérea vai lançar este Verão vão manter-se em operação durante o Inverno, aumentando para 26 o número de destinos oferecidos pela companhia aérea a partir de Lisboa durante os meses frios.

“É o maior calendário de Inverno de sempre da Ryanair para Lisboa”, enfatizou Michael O’Leary, director-executivo da transportadora irlandesa, durante a conferência de imprensa realizada esta quarta-feira em Lisboa. O reforço representa “um crescimento de 27%” do portefólio de Inverno para o aeroporto Humberto Delgado.

A companhia aérea espera agora transportar 3,2 milhões de passageiros por ano a partir de Lisboa e chegar perto da fasquia dos 10 milhões de clientes no total dos cinco aeroportos portugueses onde a Ryanair opera.

Pouco depois da conferência de imprensa em Lisboa, Michael O’Leary voava para o Porto para anunciar as novidades da Ryanair para a cidade Invicta. Aqui, o calendário de Inverno vai trazer a estreia de uma rota para Nápoles, que será efectuada duas vezes por semana. Também dez rotas que estão actualmente em operação vão ser estendidas no período de Inverno pela primeira vez: Carcassone, Clermont, Lille, Estrasburgo e Lorient (França), Copenhaga (Dinamarca), Edimburgo (Escócia), Cracóvia (Polónia) e Nuremberga (Alemanha), todas elas a operar duas vezes por semana, e ainda um voo semanal para Tenerife (em Espanha). Os voos para Luxemburgo e para Roma Ciampino (Itália) também vão ser reforçados, passando a voar, respectivamente, seis vezes por semana e três vezes por semana. A expectativa da empresa é registar um crescimento de 14% no Inverno de 2017 (face ao Inverno de 2016) e transportar quatro milhões de clientes num ano. 

Para “celebrar” o anúncio dos novos calendários de Inverno em Portugal, a Ryanair lançou uma campanha promocional com “voos desde 9,99€ por toda a Europa”. É válida para reservas no site da empresa até quinta-feira, 23 de Fevereiro.

Entre os voos com desconto estão, por exemplo, viagens do Porto para Lisboa e vice-versa, e do Porto para a ilha Terceira (Açores), La Rochelle (França) e Nuremberga (Alemanha).

Aeroporto do Montijo devia ser solução em 2018. Mas só com taxas mais baixas que na Portela

Durante a conferência de imprensa em Lisboa, Michael O’Leary reiterou a necessidade de aumentar a capacidade de tráfego aéreo civil da capital portuguesa com a abertura da pista complementar no Montijo. Algo que, para o director-executivo da Ryanair, deveria acontecer já no Verão do próximo ano e não somente em 2021, como perspectivam o Governo e a ANA Aeroportos no memorando de entendimento assinado na semana passada.  

“Quatro anos para fazer um estudo? Porque não telefonaram para a Ryanair? Poderíamos ter-lhes dado esse estudo até à hora do almoço”, criticou o presidente da transportadora aérea no seu habitual tom trocista e polémico, referindo-se aos estudos ambientais em curso, que deverão estar concluídos em Novembro deste ano. De acordo com o Governo, segue-se, na primeira metade de 2018, a conclusão da “avaliação ambiental e a negociação contratual” com a concessionária e, depois de aprovada a proposta final da ANA, as obras na Base Área do Montijo para adaptá-la ao transporte aéreo civil.

No entanto, para O’Leary, o aeroporto do Montijo só será uma alternativa viável à Portela se as taxas aeroportuárias forem mais baixas que as praticadas no actual aeroporto lisboeta. Se os custos não forem mais reduzidos e a diferença vantajosa, a transportadora “não vai para lá”, garantiu. A criação de novas redes de transportes públicos e de unidades hoteleiras para servir o aeroporto do Montijo e ligá-lo mais rapidamente a Lisboa são “irrelevantes” para a equação, defende. “Nunca vamos para um novo aeroporto” com base “noutras facilidades” que possam existir.

A redução de custos é assim bitola exclusiva para a decisão da Ryanair, a única companhia aérea que desde cedo defendeu a adaptação da pista do Montijo para voos comerciais e até ao momento a única que se mostrou disponível para transferir para lá a sua operação. Um estudo da Roland Berger divulgado esta terça-feira revelou que a viabilidade económica do aeroporto complementar do Montijo requer a mobilização das companhias aéreas de baixo custo, identificando a Ryanair como a única transportadora de referência em aeroportos secundários de cidades europeias e alertando, por isso, para a necessidade de evitar a dependência excessiva do aeroporto em relação a uma única empresa. Para O’Leary, no entanto, “se os preços [das taxas aeroportuárias] no Montijo forem metade da Portela, outras companhias vão querer ir para lá”.

O responsável aproveitou ainda a ocasião para criticar o aumento de 4% nas taxas aeroportuárias no aeroporto Humberto Delgado proposto pela ANA, lembrando que os preços em aeroportos vizinhos estão a ir no sentido contrário, enumerando os exemplos de Madrid e Barcelona. A subida das taxas, defendeu, “pode ser nefasto para o turismo português”.

--%>