Fugas - Viagens

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México: dois mergulhos no mar e dois banhos em terra

Por Sousa Ribeiro

Isla Mujeres, baptizada há 500 anos, e Cozumel, popularizada por mitos, são dominadas pelo azul turquesa das suas águas. Mérida é a cidade branca, Valladolid a de múltiplas tonalidades. Uma viagem por dois estados, Quintana Roo e Iucatão, que presta um tributo às mulheres e é feita de cores, de praia e de história.

Preenchia-me um sentimento de alívio quase insano quando o barco começou a cortar as águas da baía, deixando para trás uma cauda de espuma e os edifícios, a maior parte deles inestéticos, de Cancún. Na memória, ainda se desenhavam grupos de turistas de pulseira no braço, vestidos como se, por força de um qualquer capricho, o avião que os transportava resolvesse fazer uma escala no estado de Quintana Roo a caminho do Havai — camisas e calções de padrões irreais, como arco-íris com pernas, logótipos de cadeias de comida rápida tatuados em cabeças lisas como ovos, toda uma fauna apressada e tumultuosa deambulando pela sala de pequeno-almoço com pratos que rapidamente adquiriam formas semelhantes a ruínas maias.

Isla Mujeres.

Às primeiras horas da tarde, com o céu de um azul imutável, conheço Cátia Grimaldi, que de certa forma contribui para exacerbar o sentimento que Cancún transportara para a minha alma.

- Também acabo de chegar mas esta é a minha segunda experiência na ilha. Da primeira, ainda guardo uma recordação vívida: fiz snorkeling, estive num iate desfrutando de uma panorâmica maravilhosa e senti uma maior aproximação à cultura local quando provei um dos deliciosos pratos da região, o peixe tikin xic. Mas o que mais aprecio na Isla Mujeres é a vibração que transmite, de paz e serenidade, ao contrário de Cancún, com muito tráfego e ruidosa.

Uma galinha, debicando aqui e ali, passa à nossa frente. Uma amiga, Minerva Bahena, sentada ao lado e até agora silente, acena com a cabeça:

- E os habitantes, como terás oportunidade de comprovar, são especialmente alegres, sentem prazer em receber e de nos ter entre eles. E nunca recusam ajuda. 

A isla, como lhe chamam os seus 11 mil habitantes — todos se conhecem — está situada no golfo do México e não é, em termos geográficos, mais do que uma tira que se estende ao longo de oito quilómetros e com uma largura que não ultrapassa os 500 metros. Mas está repleta de histórias de piratas e de mitos maias — ou de anedotas.

- Era aqui que os corsários deixavam as suas amantes enquanto saqueavam os galeões — conta, com um rosto emoldurado por um sorriso, um dos empregados do pequeno restaurante onde me sento, ao fim da tarde, vendo o mundo passar à minha frente.

Numa versão menos romântica, é necessário recuar 500 anos, até 1517, para perceber a sua toponímia. Nesse ano, Francisco Hernández de Córdova desembarcou na ilha (os primeiros espanhóis chegaram seis anos antes mas na sequência de um naufrágio) à procura de escravos para as plantações em Cuba. Mas pouco mais se lhes deparou do que um conjunto de estátuas femininas em barro — inspirado por essa imagem, baptizou o lugar como Isla Mujeres.

O que o conquistador espanhol desconhecia é que a ilha estava consagrada a Ixchel, a deusa maia do amor, da fertilidade, a padroeira da medicina, do tecido, do parto e das inundações, um vasto domínio tão intimamente ligado — perdoam-se, por isso, alguns exageros — e que estimulava os crentes a deixarem as suas oferendas, na forma de ícones femininos espalhados ao longo das praias. Para as mulheres desta civilização, uma peregrinação à Isla Mujeres era considerada uma etapa importante na sua passagem à idade adulta e, ainda hoje, a despeito dos danos provocados pelo furacão Gilbert em 1988, se podem ver, no extremo sul da ilha, onde a largura não chega aos 300 metros, vestígios de um templo dedicado à deusa.

É um lugar mágico, o primeiro em todo o país a receber os raios do sol, com a vantagem adicional de estar localizado na vizinhança da Playa Garrafón, que designa igualmente um parque nacional, tão do agrado dos submarinistas e de milhares de peixes de tantas cores que, sem receio, se aproximam, quase tão curiosos como os turistas, à espera de serem alimentados. Embora sendo a mais próxima, a barreira de coral de Manchones não é a única, há outras, não menos sedutoras, como a Bandera, a Barracuda e a de Jigueo, sem esquecer a Cueva de los Tiburones Dormidos, onde se chega, de lancha, em menos de meia hora. A gruta dos tubarões adormecidos foi descoberta na década de 1970 por Carlos García Castilla, um pescador da Isla Mujeres alcunhado de Válvula pela facilidade com que permanecia, durante longos períodos, mais de 20 metros abaixo da superfície das águas.

- Desconhecia. Mas sabes que nadei na Playa Norte com os tubarões-gato? Foi uma experiência incrível. E a água é tão cristalina que se podem ver mesmo os peixes mais pequenos, garante Cátia Grimaldi, com quem marco encontro para uns dias depois, em Cozumel.

Não tarda, o sol volta a pôr-se sobre as águas mas ainda antes que o dia se extinga passo pela Hacienda Mundaca, construída (é um bom exemplo da arquitectura colonial de meados do século XIX) por um pirata espanhol com pedras provenientes do Templo de Ixchel para impressionar a sua amada, conhecida como la trigueña (a morena). Reza a lenda que a indígena nunca correspondeu ao amor que lhe dedicava Fermín Antonio Mundaca. Talvez, sem o saber, tenha conferido, com essa recusa ou através dessa manifestação de carácter, mais poder às mulheres da… Isla Mujeres.

Cidade branca

Era domingo. Sobre a cidade pairava uma estranha quietude que, no melhor dos casos, podia ter a ver com a minha falta de rotina domingueira. Ao fundo, no início de uma larga avenida, o Paseo Montejo, com os seus cinco quilómetros, as suas árvores e as suas mansões, recortava-se uma figura humana com a cabeça escondida atrás de um sinal de trânsito que segurava com a mão direita:

ALTO.

Todos os carros eram obrigados a fazer um desvio, a via abria-se apenas para quem caminhava, pedalava nas suas bicicletas e, já mais para a frente, fazia exercício físico, correspondendo a uma voz de comando que ia sincronizando os movimentos, enquanto o som estridente da música ia ecoando nos céus cobertos por uma neblina ténue.

Estou em Mérida, a cidade branca, assim chamada porque no momento da sua construção se limitou a utilizar materiais da região, semelhando-se a uma massa esbranquiçada que adquire maior expressão quando exposta aos raios do sol. Fundada sobre os vestígios de um assentamento maia conhecido na região por Ichcaanziho, que significa cinco colinas, ainda foi baptizada como T’Ho antes de adoptar a actual toponímia. Relatos da época dão conta de que Francisco Montejo, el mozo, terá ficado de tal forma impressionado com as antigas construções maias que lhe despertavam memórias das ruínas romanas da cidade homónima espanhola que, à data da sua fundação, a 6 de Janeiro de 1542, não teve dificuldade em escolher a sua designação — e Mérida, dedicada a Nuestra Señora de la Encarnación e registada incialmente como vila, abrigando 70 famílias espanholas e 300 nativos, apenas teve de esperar até 13 de Julho de 1618 para receber o título de muy noble y leal ciudad, juntamente com o escudo de armas, de acordo com uma cédula que leva a assinatura do rei Filipe II.

Mérida abandonava o seu estado primitivo e o centro urbano começava a desenvolver-se de forma quadrangular, com ruas às quais somente faltavam as peças para adquirirem a configuração de um tabuleiro de xadrez. Mas enquanto a família do fundador, Francisco de Montejo, reservava um grande terreno a sul da Plaza Mayor para lhe servir de residência, a população autóctone era fragmentada em quatro secções, com os seus bairros e os seus respectivos padroeiros: a sul da praça, San Sebastián; para poente, Santiago e Santa Catarina (actualmente o Parque Centenário); a oriente, San Cristóval e, finalmente, a norte, Santa Lucía e Santa Ana.

Uma divisão segundo os pontos cardeais, tendo a Plaza Mayor como centro, mas na verdade uma forma inteligente e muito clara de delimitar territórios — o centro era exclusivo dos colonos espanhóis e nele começaram a despontar, rapidamente, de acordo com o desenvolvimento arquitectónico definido, edifícios religiosos mandados levantar pelos evangelizadores, como ermidas, capelas, templos e conventos, na sua maior parte virados para poente e decorando praças graciosas que não raras vezes assumiam as funções de átrios.

Mesmo sendo considerada uma cidade com uma arquitectura simples, em parte como resultado da exiguidade de espaço, com as suas ruas estreitas, mas também devido à influência dos franciscanos e da memória sempre presente em quem a planeou de algumas aldeias da Andaluzia, Mérida acolhe um conjunto de monumentos magnificente, como a catedral, situada a oriente da praça onde a vida pulsa mais do que em qualquer outro lado nesta urbe com 830 mil habitantes.

A catedral, apontada como pioneira nas Américas entre as construções catedralícias, foi levantada entre 1561 (pelo mestre Pedro de Aulestia) e 1598 (já sob a responsabilidade do arquitecto  Juan Miguel de Agüero) e dedicada a San Ildefonso, destacando-se pelo seu estilo renascentista que é uma mistura entre a elegância e sobriedade.

É domingo, em frente ao Palacio de Gobierno, as mulheres, com os seus trajes típicos, os ternos, compostos por fustán, huipil e jubón, com a cabeça parcialmente coberta por um lenço de um vermelho ferrugem, dançam recortadas por arcos e são por vezes imitadas por casais mais idosos.

Um dia, mais tarde, subo a escadaria do palácio para admirar as pinturas de Fernando Castro Pacheco — cujo centenário sobre o seu nascimento se comemora já no próximo ano — e para apreender um pouco mais, ainda que de uma forma abstracta, sobre a cultura maia.

Mérida é sinónimo de cultura, de museus que visito enquanto prolongo a minha estada, o de arte contemporânea, perto da catedral, o da cidade, com mais de cem anos, o de arte popular, na Casa Molina, na esquina da la Mejorada, o Gran Museo del Mundo Maya, uma viagem pela história e os costumes, e o museu regional de antropologia, num elegante edifício do Paseo de Montejo.

Prometo regressar a Mérida. Um dia. Num domingo.

Pérola do Oriente

Chichén Itzá e Cobá estão próximas. Talvez essa seja a explicação para Valladolid se manter afastada dos olhares do turistas que, cansados de errarem por construções maias, se sentem mais atraídos, ao fim do dia, pelo azul turquesa do mar do que pelo caleidoscópio de cores que é a cidade.

Valladolid, a Pérola do Oriente, merece tudo menos indiferença: segunda em importância de Iucatão, é a cidade mais antiga do estado mexicano, com uma história que remonta a 1543, ano em que foi fundada por Francisco de Montejo, el sobrino. Em tempos mais remotos habitada pelos Cupules, num lugar então conhecido por Chauac Há, Valladolid viu os seus terrenos serem divididos em encomiendas (implicava o pagamento a um mercenário espanhol), ao mesmo tempo que passava a ser consagrada à Virgen de los Remedios e tendo como padroeiro San Servacio — ou Gervasio.

Sinto um prazer redobrado quando caminho pelas suas ruas tranquilas e pitorescas, quando um majestoso edifício de interesse histórico se cruza com os meus passos ou quando, mais para o fim do dia, me sento na sua praça principal, observando as brincadeiras das crianças, a indolência dos mais velhos em conversas que se prolongam pela noite dentro ou simplesmente absorvendo as fragrâncias que me chegam dos seus jardins.

Fortemente afectada por doenças, especialmente a febre amarela, Valladolid foi trasladada para as ruínas do assentamento maia de Zaci (gavião branco em maia), nome que nos dias de hoje designa igualmente um centro artesanal onde se pode comprar tanto roupa típica como pedra talhada ou mesmo joalharia e artigos em couro — e esta não é uma vocação contemporânea, porque já em pleno século XIX Valladolid abrigava aquela que foi a primeira empresa de fios e tecidos do México, antecessora das fábricas do país.

Sendo uma cidade, o ar que se respira em Valladolid tem muito mais de província, de rural do que de paisagem urbana, uma sensação que se exacerba face ao elevado número de heranças coloniais e que se manifesta nas suas mansões e nos seus monumentos históricos.

Uma vez mais sentado na praça (oficialmente o parque Francisco Cantón Rosado), sentindo-me como fazendo parte de um tempo esquecido, permito que os olhos percorram esta atmosfera com uma aura de misticismo, onde os casais namoram em cadeiras dispostas para esse fim, até se fixarem primeiro no Palácio Municipal e, logo de seguida, na igreja de San Servacio (mais atraente quando iluminada), cujo templo actual, construído no século XVIII, revela uma fachada austera com duas torres de campanário, bem como delicados relevos em pedra e o pórtico da estrutura original, do século XVI.

Seguindo para norte, mas a curta distância, descubro a igreja da Candelaria, primeiro o seu exterior, com um admirável pórtico de arcos interiores, logo depois o recheio, com destaque para um retábulo de estilo churrigueresco (barroco mexicano); ainda mais para norte, com Valladolid a revelar-se a cada passo uma surpresa, uma pequena praceta dominada pela igreja de Santa Lucía, templo típico de um bairro com charme e onde a vida parece correr ainda mais devagar. Há outras igrejas, simples mas bem preservadas, como a de Santa Ana ou a de San Juan; mas nem estas, nem nenhuma das anteriormente citadas, se comparam a San Bernardino de Siena, que num passado distante funcionava como o centro do bairro de Sisal e onde os franciscanos edificaram um imponente convento entre 1552 e 1560. No interior, admiro o jogo de luz e sombra, as figuras que se estendem no chão e o contraste com as suas paredes pintadas de um vermelho que vai adquirindo diferentes matizes ao longo do dia. Aqui e acolá, erro pelo exterior para respirar o ar puro da manhã mas também para retirar prazer da contemplação do conjunto de ameias que encimam os muros e dos seus arcos que evocam as fortalezas medievais.

Volto quando a tarde avança à conquista da noite, quando as sombras são agora mais compridas e com tempo para ver a nora sobre o cenote Sis-Hádel, de onde se extraíram artefactos pré Cristóvão Colombo e da época dominada pela coroa espanhola que posso admirar, em jeito de despedida, no museu do convento. É tempo de regressar à praça, de subir a um dos campanários, não sem antes mergulhar na Calzada de los Frailes, imitando os franciscanos que a utilizavam para chegar ao centro do povoado mas num tempo em que casas coloniais, hotéis, lojas, museus, fontes e jardins não eram iluminados por uma luz tímida que lhe confere nos dias de hoje tanto charme.

A ilha dos mitos

Ao longe, avisto as casas térreas de cores garridas de San Miguel de Cozumel e, para o outro lado, extensões de areia branca que namoram águas preguiçosas de um azul turquesa. Cozumel orgulha-se de proporcionar 300 dias de sol e temperaturas entre os 25 e os 30 graus ao longo do ano mas esta ilha com 80 mil habitantes, conhecida como tierra de golondrinas (Ah-Cuzamil Peten significa, na língua maia, terra das andorinhas), acolhe também vestígios da civilização maia.

Alugo um carocha de um amarelo-vivo que contrasta com o azul do mar mas começo a exploração da ilha por San Miguel de Cozumel (onde vive a maior parte da população), com um interessante museu que exibe objectos pré-hispânicos e outros encontrados nos galeões afundados pelos piratas, bem como a zona arqueológica San Gervasio, onde alegadamente se pode visitar um santuário dedicado a Ixchel — na verdade, não há, em Cozumel, qualquer prova documental que garanta a sua existência, ter-se-á, quando muito, fabricado um mito nos primeiros anos do século passado.

Sentado num rudimentar banco de madeira, observo uma iguana dominando outra, num gesto agressivo que contrasta com a docilidade do tapete azul que se estende à minha frente e que se perde no horizonte. Uma hora depois, recortadas contra um céu também azul que parece rivalizar com o mar, avisto Minerva Bahena e Cátia Grimaldi.

- Estou apaixonada por esta ilha. Que combinação perfeita entre entretenimento e tranquilidade. Em Cozumel pode-se fazer de tudo um pouco: compras, mergulho, nadar com os golfinhos ou simplesmente relaxar na praia, observa a primeira, despertando cada vez mais a minha vontade de partir à descoberta daquela que é, com cerca de 50 quilómetros de comprimento e pouco mais de 15 de largura (na parte mais larga), a terceira maior ilha do México — curioso como também se foi criando outro mito, de que Cozumel é a maior ilha do país, um erro que terá nascido do facto de ser, de facto, a mais extensa do mar das Caraíbas e a que mais habitantes acolhe, embora ocupando uma área inferior à da Isla Tiburón e da Isla Ángel de la Guarda.

- E que água, tão cristalina. Nunca mais esquecerei Palancar e toda essa vida marinha, assegura Cátia Grimaldi.

As duas regressam a Playa del Carmen e eu sigo no carocha amarelo, parando aqui e acolá, mergulhando e estendendo-me sobre as suas areias finas, imaginando como seria há 2000 anos, quando já era habitada, esta ilha que seduziu piratas como Henry Morgan e Jean Lafitte ou mesmo, mais tarde, no início da década de 1960, Jacques Cousteau, o explorador dos oceanos a quem, erradamente, se atribuiu a responsabilidade de ter colocado Cozumel no mapa turístico (dos adeptos do mergulho). Em 1955, o francês produziu, juntamente com Louis Malle, um documentário de quase uma hora e meia entitulado Le monde du silence (o mesmo do livro publicado por Cousteau e Frédéric Dumas dois anos antes) com cenas debaixo de água. O filme foi Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1956 e ganhou um Óscar no ano seguinte para o Melhor Documentário mas, contrariamente ao mito que foi criado, não teve Palancar, em Cozumel, como cenário. A ilha soube tirar partido dessa publicidade enganosa e do mesmo se terá aproveitado também o cineasta Lamar Boden, que, sob a direcção de René Cardona, filmou, em 1956, Un mundo nuevo nas águas de Cozumel — e, com ele, chegaram os turistas. Hoje há um recife de coral chamado Cardona. Mas não um Cousteau. Com um ou com outro, Cozumel teria de ser descoberto um dia. Já não será un mundo nuevo mas é ainda, pelos menos em alguns recantos, le monde du silence

 

Guia prático

Como ir

A Air Europa (www.aireuropa.com) voa entre Lisboa e Cancún, com uma escala em Madrid, por cerca de mil euros. Se preferir gastar um pouco menos, sujeitando-se a duas escalas, uma na capital espanhola e outra na Cidade do México, pode optar pelo voo conjunto da Air Europa e da Aeroméxico (esta última serve o aeroporto internacional de Mérida e o preço não sofre grandes variações).

A Iberia (www.iberia.pt) é outra possibilidade, com tarifas a rondar os 950 euros, embora também implique duas paragens — o voo desde a Cidade do México para Cancún é operado pela Interjet (voa igualmente para Mérida).

De Cancún (há autocarros desde o aeroporto) para a Isla Mujeres dispõe de duas opções: o ferry Ultramar, que parte do Gran Puerto Cancún, e o Magana, que sai do terminal Puerto Juarez (a menos de um quilómetro para norte do primeiro) — a travessia não excede os 15 minutos e o preço ronda os 80 pesos por trajecto.

Se desejar alugar carro, utilizando-o na Isla Mujeres, há um ferry que sai de Punta Sam (uns cinco minutos a norte de Puerto Juarez) e cumpre o trajecto em 45 minutos (14 pesos por pessoa e 185 por veículo). Para aqueles que pretendem passar uns dias em Cancún e apenas fazer uma visita curta à Isla Mujeres, há vários operadores turísticos que organizam a viagem — da mesma forma que não precisa de se incomodar com transporte (número 8) para os terminais de embarque, já que o Ultramar também recolhe passageiros na Zona Hotelera, no cais Embarcadero, km 4, no cais Playa Tortugas, km 7, e no cais Playa Caracol, km 9,5 (espere pagar 140 pesos). 

Desde o terminal de Cancún, situado na esquina das avenidas Tulum e Uxmal, há serviços frequentes de autocarro para a Playa del Carmen, um trajecto que se percorre em uma hora ou uma hora e 25 minutos (depende do preço, entre 32 e 60 pesos). Desta última, é fácil chegar a Cozumel — há dois ferries (Ultramar e México Water Jets) que saem da Calle 1 Sur mais ou menos ao mesmo tempo mas os horários, dependendo do humor do mar, estão sujeitos a frequentes alterações. Em condições normais, de hora a hora, entre as 8h e as 23h, e o preço para um adulto é de 163 pesos (300 se optar por um bilhete de ida e volta).

Quando ir

Qualquer altura do ano é boa para visitar os estados de Iucatão ou Quintana Roo. É importante ter em conta, ainda assim, que tufões e tempestades tropicais podem ocorrer entre Junho e Dezembro (são mais comuns entre Setembro e Novembro). Em média, as temperaturas começam a subir em meados de Fevereiro e tornam-se por vezes insuportáveis em Abril (Março é um dos meses ideais), coincidindo com o início da época das chuvas (por norma, uma vez por dia, se chover, e por um período curto), que se prolonga até Agosto. Os meses que mais turistas atraem são os de Julho e Agosto e os termómetros atingem valores que nem toda a gente é capaz de tolerar.

Mérida tem um encanto especial durante a Semana Santa, com o inconveniente de o calor se fazer sentir com força e de receber, em média, só entre aqueles que utilizam transporte áereo, mais de 100 mil visitantes.

Onde dormir

Há, por todo o lado, hotéis para todos os gostos e orçamentos. Na Isla Mujeres, onde os preços podem superar os 500 euros por um duplo, não fica mal servido com o Poc-Na Hostel (cerca de nove euros em dormitório), próximo da Playa Norte, na Avenida Matamoros, 15, e muito menos com o Hotel Belmar (100 euros), na Miguel Hidalgo, 110; em Mérida, aconselha-se o recentemente renovado Hotel del Peregrino (pouco mais de 20 euros), na Calle 51, 488, ou o fabuloso Hotel Hacienda Mérida (uns 90 euros), na Calle 62, 439; em Valladolid, o multicolorido Hostel La Candelaria (11 euros), na Calle 35, 201, ou o Hotel Posada San Juan (120 euros), na Calle 40x49;  em Cozumel, tem o Amigos Hostel Cozumel (12 euros) ou o Hotel B Cozumel Boutique by the sea (cerca de 130 euros).

Onde comer

Na Isla Mujeres, pode tentar a deliciosa comida mexicana do Ruben’s, na Guerrero, 18; em Mérida, para provar a gastronomia tradicional de Iucatão numa atmosfera tranquila, não deixe de experimentar o El Príncipe Tutul Xiu; em Valladolid, recomenda-se o Yerba Buena del Sisal, na Calle 54A, 217; finalmente, em Cozumel, com um toque gourmet em pratos clássicos, nada melhor do que o Kinta, na Avenida 5 Norte.

Informações

Os cidadãos portugueses necessitam de um passaporte com uma validade de seis meses (à saída do México) para visitar o país.
A moeda oficial é o peso mexicano — um euro corresponde a pouco mais de 21 pesos.
A língua é o castelhano (o governo reconhece quase 70 dialectos indígenas) mas nos lugares mais turísticos não é difícil encontrar quem fale inglês.

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