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Essen, a cidade que era triste e cinzenta vive agora alegre e veste de verde

Por Sousa Ribeiro

Essen, famosa pela sua face industrial, pelas suas minas de carvão e o aço, essa mesma, é, para surpresa de muitos, a Capital Verde da Europa, revelando uma extraordinária capacidade para preservar a memória do passado com a transformação que exige o presente e, mais ainda, o futuro.

Enquanto íamos conversando, ela caminhava, à minha frente, de olhos postos no chão que pisava, coberto de neve como um vestido de noiva gigante com algumas manchas, nem sequer ousando desviar as atenções para a ravina onde, ao fundo, as águas ameaçavam levar tudo à sua frente, como um cavalo num galope desenfreado.

— Essen?

Ao mesmo tempo que pronunciava o nome da cidade alemã, com uma entoação grave, virou-se de repente para trás, talvez para ver através dos meus olhos se eu falava a sério ou estaria ainda no meu juízo perfeito, se nada, naquele mundo branco, turvara a minha lucidez.

— Estaria longe de imaginar Essen como capital verde da Europa.

O céu, com as suas nuvens baixas, cobria-se de cinzento e o tapete, de um branco quase imaculado, estendia-se à nossa frente. Agora, umas semanas depois, lembrava-me da conversa com a jovem alemã, Pia Schoffer, e de todo o cenário grandioso que a Islândia, tão verde quando a neve não a cobre, como a vira numa outra altura, me oferecera à contemplação no momento em que me dispunha a escutar as palavras de Simone Raskov.

— Já estamos habituados a ouvir esse tipo de comentários, tanto no estrangeiro como em diferentes partes da Alemanha. Aquilo que escutou é, por isso, típico. A imagem de uma cidade cinzenta, de minas e aço, há muito que se impregnou no espírito das pessoas. Mas já há algum tempo a esta parte — e não é de agora — que Essen se tornou numa cidade verde,  na verdade, actualmente, a terceira mais verde da Alemanha.

Pela janela, as nuvens vão passando apressadas, como quem quer destapar o céu, pintando-o de azul para se semelhar a uma qualquer abóbada de um templo.

— O estatuto de Capital Verde da Europa irá ajudar-nos a mostrar às pessoas a verdadeira Essen. É sempre um prazer olhar nos olhos de quem nos visita e ver o verdadeiro espanto que a cidade nelas produz, admite a chefe do Departamento do Ambiente e Construção e líder do projecto Capital Verde da Europa – Essen 2017.  
Com uma população que se aproxima dos 600 mil habitantes, Essen é uma das maiores cidades do Ruhrgebiet e a sétima em todo o país. A sua história não começa com a produção mineira e de aço mas em torno de um mosteiro fundado em 852, muito antes de obter direitos como cidade, em 1244. É só no início do século XIX que Essen entra na era industrial, uma época que se estende por 150 anos, marcada pela produção mineira e de aço. É importante não esquecer, para melhor perceber a sua história, que a cidade está intimamente associada à família Krupp, por vezes confundindo-se, uma e outra.

Essen foi, nesse tempo, o quartel-general de uma das mais poderosas corporações em toda a Europa, uma situação que se manteve ao longo de gerações, obcecadas pelos materialismos, de tal forma que falar dos Krupp é evocar uma das maiores fortunas privadas, uma empresa que forneceu material de guerra para, pelo menos, quatro conflitos bélicos, de um dos maiores manipuladores do mundo, políticos e económicos, retirando dessa estranha forma de estar claros proveitos. E, ainda assim, perante tão cínica atitude, a família Krupp continua a ser apontada, nos dias de hoje, como um exemplo da relação entre empregados e entidade empregadora, como base para o que é o contrato social na Alemanha industrializada.

Continuo a escutar atentamente as palavras de Simone Raskov.

— Essen tem 3100 hecatres de espaços verdes e florestas. Mais de metade da área municipal é constituída de zonas verdes e espaços abertos, como água, florestas, campo e espaços verdes urbanos.

Uma vez ou outra, antes de me confrontar com estes dados, regressava à Islândia, com a insegurança de não ser capaz de escrever um artigo sobre a cidade verde, outrora cinzenta. Como um pesadelo.

— Essen?

A pergunta soa com insistência, martela-me, talvez porque ainda não sei de que é feita a minha errância pela cidade que, por agora, apenas observo tendo uma janela como moldura. Por instantes, consigo abstrair-me das palavras desta mulher que olha Essen como um jardim para me focar na história da família Krupp.

Há pouco mais de 200 anos, em 1811, quando Friedrich Krupp e mais dois sócios fundaram a companhia, trabalhando o aço para os ingleses, provavelmente nenhum deles esperava ver-se a trilhar os caminhos do insucesso. Mas, em 1826, ano que coincidiu com a morte do principal proprietário, a empresa estava já há algum tempo mergulhada em dívidas. O filho, Alfred, nessa altura com apenas 14 anos, assumiu o controlo dos negócios e, lembrava-me agora, eu não era muito mais velho quando passara, pela primeira vez, por Essen, pouco ou nada preocupado com aquilo que me podia oferecer, fosse verde ou cinzento — e não seria muito, uma vez que não retenho uma única memória da cidade.

Escuto Simone Raskov.

— E, nos últimos anos, um facto entendido como um grande peso tornou-se, efectivamente, num privilégio: em contraste com muitas zonas de concentração urbana, como, por exemplo, Munique ou Viena, no Ruhr há muitas áreas de campo em desuso, em tempos utilizadas pela indústria. Nos últimos dez anos, o programa de acção municipal, Essen, novos caminhos para a água criou 150 quilómetros de trilhos pedonais e para ciclistas entre o vale de Emscher, no norte, e o vale do Ruhr, no sul, contribuindo para eliminar a separação urbana entre norte e sul na área municipal de Essen.

Memórias da guerra

Na minha ansiedade, tinha vontade de correr para o exterior, para sentir o pulso da cidade que conhecia apenas de palavras, de uma passagem fugaz e do estigma que a jovem alemã, pelo meio da paisagem islandesa, me transmitira. Ao mesmo tempo, embora ouvindo Simone Raskov com toda a atenção do mundo, falando de Essen, também escutava, aqui e acolá, os ecos que alguma leitura me proporcionara, aparentemente distorcida pelo presente em que navega a cidade que este ano se veste de verde.

Há quem jure que não havia aço de melhor qualidade no mundo do que aquele que era produzido pela Friedrich Krupp AG, uma companhia que, na parte final do século XIX, em 1887, empregava mais de 20 mil trabalhadores. Krupp era, por essa altura, sinónimo de inovação, com tanta fama além fronteiras que, ignorando as suas práticas cruéis no mundo dos negócios, os americanos acederam a adquirir rodas e trilhos para as suas ferrovias, bem como a chapa de aço inoxidável para o edifício da Chrysler em Nova Iorque. A companhia não se detinha na sua ambição: tanto deu ao mundo o primeiro motor a gasóleo, como a primeira locomotiva com turbina a vapor, da mesma forma que, produzindo temíveis armas, possibilitou aos alemães semear o horror do Blitzkrieg durante a II Guerra Mundial.

Ainda hoje, tantos anos depois, são muitos aqueles que ligam o mundo de Krupp com o período mais turbulento da história germâmica — não foi apenas uma questão de fornecer equipamento para a máquina de guerra alemã, também teve a ver com o apoio financeiro que Hitler necessitava para construir, com um suporte sólido, o poderio da sua base política — e também não foi por acaso que as estruturas de Krupp constituíram um dos primeiros alvos dos bombardeamentos das tropas aliadas, as quais destruíram ou provocaram danos em mais de dois terços antes de um tribunal militar americano condenar Alfried Krupp von Bohlen und Halbach a pena de prisão, da qual foi libertado em 1951 para reassumir a direcção da companhia dois anos mais tarde – nada se perde em ler William Manchester e a sua crónica, The Arms of Krupp, para melhor perceber o peso e o significado da família para a Alemanha. 

Experimente, no final de uma rua arborizada do sul de Essen, subir a uma colina, hügel, e fite com os seus olhos atentos a Villa Hügel, a mansão construída entre 1870 e 1873, no meio de um parque magnífico, da família Krupp, onde viveram Alfred, também conhecido como o rei do canhão e, entre outros, a sua filha, Bertha (para a história fica grosse Bertha, os canhões que permitiram bombardear Paris durante a I Guerra Mundial), esposa de Gustav von Bohlen und Halbach, autorizado, pelo rei da Prússia, a acrescentar seu nome à família para perpetuar a dinastia.

A Villa Hügel, onde Bertha chegou a dispôr, em 1914, de 648 empregados domésticos, conta com 269 quartos e uma área superior a 8000 metros quadrados; suspensos nas paredes do salão dos Imperadores, grandes retratos de Augusta Victoria, de Guilherme I, de Frederico III, de Guilherme II, um mundo de ostentação, para o qual Hitler (bem como a elite nazi) fora convidado — mas não passou sequer uma noite no local, Bertha não nutria qualquer simpatia por ele.

Na mansão, que pode ser visitada de terça a domingo, permanece a marca deixada por cada geração. Por um lado, a biblioteca; por outro, o salão do jardim, com os seus estuques, lambris, a sua colecção de tapetes flamengos do século XVIII; um pouco mais acima, o escritório de Alfred, que depois foi de Gustav e, mais tarde, do filho deste, Alfried, sem ignorar o apartamento do imperador; no parque, Alfred teve o cuidado de mandar plantar árvores adultas da região para poder ver uma verdadeira floresta desde o seu refúgio, enquanto os seus sucessores dotaram o espaço de outras espécies mais exóticas. Ardnt, o último herdeiro, falecido em 1986, renunciou ao capital que lhe cabia para criar uma fundação, consagrando-o a acções culturais e socias, como são exemplos o hospital de Essen e a exposição do museu Folkwang.

Uma mina

Volto à conversa com Simone Raskov.

— O desenvolvimento urbano numa perspectiva verde funcionou como uma força motriz em geral no último decénio. Isto significa que a criação de áreas verdes, extensões de água, trilhos pedonais e para bicicletas, todos eles ligados, entre bairros e regiões, constituíram o ponto de partida para o desenvolvimento urbano de áreas maiores, como estratégia de adaptação para as alterações climáticas.

Aos poucos, ainda que sem sair de um espaço fechado, Essen semeia cores no meu espírito, de cinzenta começa a tornar-se cada vez mais verde.

Quase como — pelo menos num certo sentido — a história ligada à família Krupp.
Num momento pioneiro, a empresa proporcionou, num tempo em que o termo bem-estar ainda não fazia parte dos dicionários da relação laboral empregados-patrões, largos benefícios aos seus trabalhadores. Alfred Krupp, como um visionário, percebeu que progresso e lucro estavam directamente associados àqueles que laboravam no dia-a-dia e, nesse sentido, incentivou um conjunto de medidas, incluindo seguro de saúde, um esquema de reformas, casas subsidiadas e uma série de lojas comerciais com ligação à empresa.

— A cidade tem tanto para oferecer, com a vantagem de ser, por um lado, uma metrópole (com centros comerciais, infra-estruturas e espaços culturais) e, por outro, toda a natureza, como se pode constatar nos lagos Baldeney ou novos parques nos antigos terrenos da zona industrial, como o parque Krupp e o parque Zollverein, enfatiza Simone Raskov.

Saio, finalmente, para a cidade, e o Zeche Zollverein XII é o primeiro lugar que encontra, por uma hora ou duas, os meus passos. A mina, construída entre 1929 e 1932, adquiriu esta designação quando dez industriais do carvão e do aço aboliram as fronteiras existentes entre eles para constituírem uma associação (verein) aduaneira (zoll). Era, na década de 1930, quando abriu, com os seis 14 km2 de galerias subterrâneas e onze poços, um exemplo de eficiência e, tantos anos depois, em 1986, no momento em que encerrou as suas portas, ainda o maior produtor de carvão na Europa.

Quinze anos depois, a UNESCO, olhando para o espaço, com o seu estilo Bauhaus, incluiu-o na lista de Património Mundial da Humanidade e Zollverein é hoje, mais de 30 anos após o seu encerramento, um centro onde a vida e a criatividade se sentem e partilham, uma parte memória, outra cultura, com estúdios de arte, com escritórios, com espaços para exposições, restaurantes, performances ocasionais, um verdadeiro exemplo de como transformar um lugar industrial numa zona onde a vida pulsa, como quem regressa aos anos 30, com total eficiência, num contexto diferente, perfeitamente adaptado aos tempos modernos.

Tendo o Zollverein como varanda, deixe vaguear o olhar à volta, por um mar verde, não sem imaginar que, num raio de 30 quilómetros em redor de Essen, quando a mina se encontrava em plena produção, todas as árvores foram cortadas e a madeira utilizada para a produção de carvão.  

Os tempos mudam, como as cidades.

Antes ainda de recordar palavras de Simone Raskov, embrenho-me pelo Red Dot Design Museum, abrigado numa antiga casa de caldeira, adaptada de forma magistral por Norman Foster, o ousado arquitecto inglês: deparo-me com a comunhão entre o espaço e o funcionamento, entre o melhor que se pode ver do design contemporâneo entre as suas estruturas originais, simplesmente bizarro, fascinante, como bizarro e fascinante é deitar um olhar a um velho Audi A8, de 1993, suspenso na vertical, com os seus 180 quilos de alumínio, imperdível num museu que todos os anos conquista prémios – e surgem, aqui e ali, no exterior, as flores, as plantas, sem que alguém desconfie do longo trajecto que tiveram de percorrer para alegrarem, com as suas cores, Essen, como me elucida Simone Raskov.

— São, muitas delas, plantas migrantes. Os vagões que transportavam o carvão pelo mundo também carregavam sementes para Essen. Tanta coisa mudou nas últimas décadas, principalmente se falarmos de vias navegáveis: uma vez mais temos de falar de norte e sul. De um lado, o Emscher, do outro o Ruhr, ambos cruzando a cidade, tanto um como o outro com um  passado marcado pela poluição resultante da industrialização.

Escutar esta mulher é um prazer que se renova, o mesmo que ela sentirá ao ver-se renovar esta cidade, em tempos como uma velhinha já sem gosto pela vida, triste e suja, hoje como uma jovem, cheia de vitalidade, alegre e limpa.

— O Emscher, em particular, que enviava detritos para a área do Ruhr através de canais em cimento, há muito que já não era considerado um rio natural. Mas, desde 1991, o Emscher segue um processo de renaturalização a cargo do Emschergenossenchaft — as águas residuais são transportadas ao longo de subterrâneos e novas áreas de lazer e zonas de conservação da natureza estão a ser criadas, o que representa um desenvolvimento revolucionário para a nossa região, cujas feridas da industrialização começam a ser gradualmente cicatrizadas.

O discurso de Simone Raskov é de esperança, mas, ao mesmo tempo, realista, objectivo, com exemplos vivos.

— O mesmo acontece com o Ruhr: a água está outra vez tão limpa que este Verão, pela primeira vez em 40 anos, haverá um lugar onde oficialmente é possível nadar.
Não me certifico do que me diz logo a seguir, mas não deixo de o registar.

— Será, aprovado em termos oficiais, o primeiro lugar onde se pode nadar num rio europeu, algo que nos emociona, porque, com efeito, estamos apenas a devolver o nosso rio, o rio que é de todos.

Essen é de todos, sem excepções, uma cidade que supreende. Nem tudo é verde mas tudo, de uma forma geral, nos remete para essa cor, como se nenhuma outra existisse ou porque a tonalidade nos aprisiona a cada momento.

Caminho agora em redor da catedral, envolta num silêncio apaziguador, depois escuto os sons, do comércio e do materialismo, que ecoam da Kettwiger strasse, a artéria mais popular de Essen, por onde os transeuntes caminham, olhando aqui e acolá, comprando aqui e ali. A catedral, com uma arquitectura simples, tem, no entanto, uma das mais valiosas colecções de arte otoniana que datam do ano 1000. Alargo o passo para o interior, planto os olhos no candelabro, na sua imponência, na imagem dourada da virgem, com  os seus olhos azuis, e, depois, deixo o tempo correr lentamente quando erro pela catedral do tesouro, para admirar as suas cruzes e a coroa do imperador romano-germânico, Otto III.

Não muito longe da catedral, para oriente, não fique a pensar que o seu tempo está a ser desperdiçado quando, por instantes, desaguar na Alte Synagoge, na Steeler Strasse, 29, onde a entrada é gratuita e, mesmo que não fosse, valeria a pena prestar um tributo àquela que  é considerada a maior sinagoga a norte dos Alpes, construída em 1913, sobrevivente da II Guerra Mundial e contendo, nos dias de hoje, uma exposição de Essen dos tempos do Terceiro Reich.

Essen?

Sim, não faltam motivos para visitar a cidade, como refere Simone Raskov.

— No último ano, Essen recebeu mais de 600 mil vistantes, mas, com o estatuto de capital verde da Europa, esperamos 500 mil extra, tantas são as opções para explorar uma cidade cada vez mais verde, seja de bicicleta, de autocarro, de segway ou mesmo de canoa. Todos estão convidados para formarem uma nova imagem da nossa cidade como capital verde da Europa, até porque este ano Essen promove mais de 300 eventos — há de tudo para todos.

O presente é apelativo, o futuro revela-se radioso.

— Tanto foi feito e tanto há ainda por fazer. Um dos nossos maiores objectivos para os próximos anos prende-se com o transporte: o tráfego continua, infelizmente, a ocupar muito espaço. Ainda falta  muito tempo mas desejamos que, em 2035, 25 por cento utilize bicicletas como transporte, outro tanto se sirva de transporte público, a mesma percentagem recorra a carro particular e outros 25 por cento se limitem a andar a pé. Ao pensar nestes números, não posso ignorar que o primeiro trilho rápido para bicicletas na Alemanha está a ser criado no Ruhr. Em complemento, estamos actualmente a expandir os nossos jardins comunitários — os jardins urbanos estão mesmo na moda em Essen. Temos projectos para dez mas muitos mais estão nos nossos planos, perspectiva Simone Raskov.

— Essen?

Sim, Essen, tão cinzenta, tão poluída, tão suja, como uma indigente, agora tão orgulhosa do seu estatuto, tão verde, tão limpa. Como nem aquela jovem, mesmo alemã, naquele mortalha da Islândia, a imagina, porque imaginar e ver e sentir pouco ou nada têm em comum.

- Essen? Capital Verde da Europa?

Sim.

 

Guia Prático

Como ir

Essen está situada próxima de quatro aeroportos: Düsseldorf (32 km), Dortmund (50 km), Colónia (77 km) e Weeze (84 km), este último muitas vezes confundido com o aeroporto internacional de Düsseldorf – o único para o qual a Ryanair (www.ryanair.com) não voa desde o Porto. A companhia aérea irlandesa opera duas ou três vezes por semana para Weeze e Dortmund e com mais frequência para Colónia (as tarifas dependem sempre da antecedência com que reserva e do período em que pretende viajar).
Desde Lisboa, há voos directos da TAP (Portugália) para Düsseldorf ou pode ainda pesquisar junto da Lufthansa ou da Swiss, com o inconveniente de ter de efectuar uma escala numa cidade alemã ou suíça. De qualquer modo, as ligações terrestres na Alemanha nunca são demoradas, pelo que, caso compense, tem como alternativa voar para Frankfurt e, desde esta, recorrer ao comboio (ou ao aluguer de uma viatura, servindo-se das auto-estradas A40 ou A52 como referência para chegar a Essen) para, de forma tranquila, colocar um pé naquela que é, a par de Dortmund, uma das mais importantes cidades do Ruhrgebiet. Se utilizar a via férrea, desde Frankfurt, em pouco mais de duas horas estará em Essen – e Berlim, a capital, está situada a pouco menos de quatro horas.

Quando ir

Essen goza de um clima quente e temperado mas tem, ao mesmo tempo, uma média significativa de pluviosidade ao longo do ano (Junho tem uma das precipitações mais altas), tratando-se ou não dos meses mais secos. Na prática, a melhor altura para visitar a cidade é entre Maio e Outubro, com temperaturas que oscilam entre os 10 e os 20 graus mas se um blusão não constituir um problema o período que vai de Novembro a Abril também pode encerrar os seus encantos, se bem que os termómetros variem entre os 0 e os 10 graus. Janeiro é, nesta fase, o mês que, em média, proporciona temperaturas mais baixas, não raras vezes negativas, enquanto, no outro extremo, Agosto é aquele que se revela mais quente – mas quente significa qualquer coisa entre os 18 e 23 graus, uma vez mais em média.

Onde dormir

É uma das opções mais baratas e, ao mesmo tempo, confortável, com a vantagem de proporcionar um preço em conta – o DJH Hostel, na Pastoratsberg, 2, em Werden (desde a estação ferroviária homónima, apanhe o autocarro 190 ou simplesmente atravesse o Ruhr e caminhe uns dez minutos subindo a colina), com alguns dos quartos incluindo casas de banho privadas.
Um pouco mais caro, mas num ambiente familiar, pode optar pelo hotel Zum Deutschen Haus, na Kastanienallee, 16, mesmo no centro da cidade, com a vantagem de poder desfrutar de um restaurante no rés-do-chão.
Finalmente, o hotel Margarethenhöhe (www.margarethenhoehe.com), na Steile Strasse, 46 (a melhor maneira para chegar é utilizando o U17), decidamente irá agradar a quem prefere um pouco mais de luxo, com o seu toque artístico (inclui igualmente um restaurante) e um pouco de história que se prende com o facto de, estando localizada no coração de Margarethenhöhe, exibir a paixão da pequena colónia dos amantes da jardinagem, com as suas casas órfãs de ostentação e construídas pela família Krupp entre 1910 e 1931.

Onde comer

Ainda que se deixe encantar pelo centro da cidade, o melhor mesmo, logo que o apetite o acompanhe, é apressar o passo na direcção de Rüttenscheid (para os mais íntimos o Rü) ou esperar pelo U11 que o deixará em Martinstrasse, a curta distância de um pequeno mundo onde os bares rivalizam com os restaurantes. A escolha pode revelar-se complicada mas não há nada como experimentar para poder comentar – tente o Zodiac, fechado às terças e aberto somente para jantares, na Witteringstrasse, 41, um dos melhores locais para vegetarianos, o Raum.eins, na Rüttenscheider Strasse, 154, com as suas luzes que conferem ao espaço uma atmosfera íntima, sem esquecer a esplanada onde pode beber uma cerveja antes da refeição, mas também o Casino Zollverein, na Gelsenkirchner Strasse, 181, onde é aconselhável reservar, ou, finalmente, o Schote, na Emmastrasse, 25, com uma criativividade que mistura sabores regionais e internacionais.

A visitar

Não deixe, desde que tenha disponibilidade, de visitar o Grillo-Theater, na Theater Platz, e de assistir a um drama ou a uma comédia, clássica ou contemporânea, ou, talvez melhor ainda, o Aalto Musiktheater, na Operplatz, 10, para onde acorrem todos aqueles que, em Essen ou próximo dela, se deixam seduzir por espectáculos de ópera e de ballet. Mas não só: todos os que se sentem colonizados pela arquitectura moderna terão a oportunidade de apreciar um dos poucos edifícios fora da Finlândia desenhados por Alvar Aalto – concluído pela sua viúva pouco depois da sua morte.

Essen permance como uma supresa para todos aqueles que a definem como uma cidade industrial – passe pelo Colosseum, na Altendofer Strasse, 1, um teatro que funciona numa antiga fábrica do século XIX, experimente o Saalbau, na Huyssenallee, 53, onde a Orquestra Filarmónica actua desde 2004, faça um esforço para encontrar o Mudia Art, na Frohnhauser Strasse, 75, o primeiro templo de dança de Essen, também localizado numa antiga fábrica; a esta hora, depois de ter preenchido a sua agenda com todos estes e mais alguns locais, a cidade mineira não será mais uma cidade mineira – será uma urbe que, sendo verde, um estatuto que o tempo se encarregará de fazer esquecer, revela também uma especial aptidão para as artes.

Informações

Os cidadãos portugueses apenas necessitam de um documento de identificação (cartão de cidadão, bilhete de identidade ou passaporte) para visitar a Alemanha. A moeda é o euro. A língua oficial é o alemão mas a maior parte da população fala fluentemente inglês.

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