Cala Comte
Jose Ribas Cardona ergue o copo para fazer um brinde.
- Quando tenho a boca seca, bebo.
Ri-se com prazer.
- Na década de 1950, eu tinha oito anos e, como vivia em Cala Comte, numa casa payesa, ia à praia com frequência, por vezes acompanhado da minha mãe, que por sua vez se fazia acompanhar dos seus dois ou três vestidos, como uma verdadeira ibicenca. As mães não se despiam em frente dos filhos, nem mesmo na praia. Eram os tempos de Franco, eu apenas falava ibicenco mas na escola era obrigado a aprender castelhano. Os turistas eram raros. A esses, sentíamos o cheiro à distância, parecia que o ar se perfumava de azeite quando se aproximavam. Recordo-me, durante a minha infância, de um casal que se acercou de mim e da minha mãe num dia em que apanhávamos a azeitona. Perguntaram-lhe se aquilo se podia comer e a minha mãe, que nada mais falava do que ibicenco, tentou explicar-lhes. Claro que não perceberam nada. Provaram e ainda me recordo da expressão deles quando começaram a mastigar uma.
José Ribas Cardona não sabia, nesse tempo de uma infância cheia de nada, o que era whisky, nem ele nem ninguém na ilha; surpreendido ficou, quando viu, pela primeira vez, um anúncio da Coca Cola e nem sequer imaginava que, 70 anos depois, se iria sentar, uma vez ou outra, em Cala Comte, numa esplanada por onde corre a brisa do mar, com um copo de gin tónico na mão, rindo desse passado feito de memórias, de uma década que antecedeu a chegada dos hippies, dos peluts, os cabeludos, aceites com a indolência característica dos ibicencos.
A luz, pela manhã, é límpida, não há ainda muita gente na praia, não há ondas, apenas um beijo dócil da água na areia. De frente para o Mediterrâneo, caminho para a direita durante uma meia hora e chego a um lugar fresco, pouco conhecido dos turistas, uma pequena gruta onde até se pode fazer um churrasco, onde um homem toca guitarra enquanto a sua jovem mulher, com um ar sonhador, passeia os olhos pela água transparente, pelas rochas, pelo cenário majestoso que prende a atenção.
Dentro de umas horas, quando a tarde se aproximar, não sobra um metro para estender uma toalha em Cala Comte.
- Quem é que precisa de ir às Caraíbas? Olha só a cor desta água.
Luiz Fernando Alba, um brasileiro radicado há 14 anos em Ibiza, fita o azul turquesa do mar e atira o olhar ainda mais para lá, até às pequenas ilhotas de Des Bosc e Sa Conillera.
Ao final da tarde, com o sol a descer, como uma bola de fogo que rola para um mergulho no mar, não há um lugar vago no Sunset Ashram, um dos lugares na ilha onde o pôr do sol produz mais encanto entre os turistas que, abandonando os talheres, se começam a agitar ao som da música que inunda a atmosfera, com a assinatura de DJ locais, como Diva Saxo & Jean Luca, Jonn Sa Trinxa ou, entre outros, Lenny Ibizarre.
Aproximo-me, na companhia de José Ribas Cardona, de um penhasco que mais parece uma varanda rústica debruçando-se sobre um mar que nada tem de hostil. A música continua a chegar aos nossos ouvidos, casais de namorados sentam-se à espera do último suspiro do sol e, ao fundo, de um bar, chegam vozes indecifráveis. Mais para lá, à esquerda, há uma pequena baía, muito menos popular do que a praia que abraça o Sunset Ashram e nela, deitados sobre as suas areias quentes, estão umas dezenas de nudistas. É a Playa Escondida. Uma vez ou outra, uma pedra solta-se, mas é um movimento provocado pela erosão. Há mais de 50 anos, eram arremessadas pelos ibicencos, simpáticos no momento de receberem os murcians, como eram designados todos aqueles que chegavam de fora, mas não tão tolerantes ao ponto de aceitarem a presença de homens e mulheres vivendo como Adão e Eva no paraíso.
Cala Bassa
Há seis anos, às primeiras horas da manhã, deitei-me à sombra das árvores. Cala Bassa foi a primeira praia que conheci em Ibiza. Agora, naquele espaço onde os ramos me protegiam do sol que já queimava, o Cala Bassa Beach Club, como um polvo que estende os seus tentáculos, tudo abarca, a preços que fazem o comum dos mortais abrir a boca de espanto.
- Havia um quiosque no Verão e que era desmontado mal a temporada terminava. Era um espaço básico mas acolhedor, para um petisco ou uma bebida. Tudo está a mudar e não é propriamente no melhor sentido, admite Catallina Ribas.
O Cala Bassa Beach Club, cada vez mais popular entre a elite e ocupando um espaço onde antes funcionavam três chiringuitos, contempla diferentes restaurantes (um deles de sushi), mas também um conjunto de estátuas, lojas de roupa, de acessórios de praia, joalharia e uma área de massagem, uma polivalência que se estende à música — lounge, chill-out e deep-house.
Com uns 300 metros de comprimento e uns 30 de largura, permanece como uma das praias mais encantadoras de Ibiza, com as suas areias finas, as suas águas de um azul turquesa e ideais para crianças, os seus desportos aquáticos, agitada e muito procurada no Verão, tranquila e solitária no Inverno — se caminhar para a sua esquerda, de frente para o mar, terá fortes probabilidades de ver um ou outro hippie andando sobre as rochas, ao encontro da gruta onde vivem, desprovidos de todos os confortos que o Cala Bassa Beach Club proporciona a turistas que não têm qualquer problema em pagar 30 euros por um hambúrguer.
Ao fundo avista-se San Antoni, com os seus prédios recortando a linha do horizonte.
San Antoni
Ao fim da tarde, muitos dos caminhos vão dar a San Antoni. Ao longo do passeio marítimo, mulheres da Gâmbia, com os seus vestidos coloridos, tentam vender pulseiras aos turistas que esperam ansiosamente que a noite tombe sobre a ilha. Com os seus prédios que envergonham a estética, San Antoni, onde foram construídos, na década de 1930, os primeiros hotéis em Ibiza, é um dos locais preferidos dos turistas ingleses, talvez porque, como muitos outros vindos do Norte da Europa, nunca presenciaram um pôr do sol tão mágico no cinzentismo das suas cidades. Gosto de me acercar de San Antoni partindo de barco (de hora a hora, com um preço de três euros) de Port des Torrent que, geograficamente, integra a baía de San Antoni. Antes de partir, sinto um prazer que se renova a cada momento quando me sento, mesmo que apenas por alguns minutos, no restaurante onde trabalha Luiz Fernando Alba, sempre feliz por servir a melhor picanha e a melhor presa ibérica aos seus clientes. El Viejo Gallo era, num passado cada vez mais remoto, o The Old Cock, por isso não me surpreendo com a colecção de galos que decora o espaço onde a qualidade da cozinha rivaliza com a simpatia — e onde não falta o galo português, com as suas cores alegres. Passando os olhos pelas suas paredes, aprecio as fotografias antigas, a preto e branco, um barco chegando desde San Antoni com produtos para o restaurante, a carga transportada por um burro desde a praia, imagens que provocam um sentimento de nostalgia mesmo a quem não viveu esse tempo.
- Ainda me lembro, o burro a urrar, pela manhã, a despertar-me, a irritar-me, conta Catallina Ribas.
Chego a San Antoni, caminho por entre uma fauna heterogénea até me deter junto ao Café del Mar, o grande responsável por transformar o pôr do sol desta antiga aldeia de pescadores em algo de mítico.
Bares ingleses e irlandeses começam a encher-se de jovens, uns mais vestidos, outros mais despidos, muitos deles com uma pulseira que os identifica com o hotel onde dormem mais de dia do que de noite. Uma cúpula semelha-se a um lugar que abriga uma sinagoga. É o Eden. Não muito longe, é uma pirâmide que desperta a atenção, um projecto de Pepe Aguirre e do artista Lluís Güell, também associado à ideia do Café del Mar. É o Es Paradis, aberto desde 1975, popular pela sua Festa da Água, com mais gente do que tinha San Antoni no início do século XX — menos de cinco mil habitantes. Dança-se, como já se dançava no tempo da señorita Comes, a mulher que inaugurou a primeira sala de baile, na década de 1960, um espaço ao ar livre na praia de s’Arenal (onde ainda funciona o hotel homónimo e um dos mais antigos de San Antoni), o Ses Voltes, para o qual foi convidado, ainda antes de se transformar na figura mais importante da noite da povoação, Alfonso Rivero, autor da letra e da música do bolero Bahia de San Antonio.
Praia d’en Bossa
É a mais longa faixa de areia da ilha, com uma extensão de mais ou menos dois quilómetros que, uma vez percorridos, revelam as múltiplas faces de Ibiza — tanto encontra lugares tranquilos, ideais para famílias e para quem procura desfrutar de dias mais calmos, como bares e clubes onde a agitação é quase permanente, entre eles o cada vez mais popular Ushuaia, verdadeira meca do ócio e do bem-estar, com as suas festas diurnas em redor da piscina ao ritmo da música de nomes famosos como David Guetta, Hardwell ou Armin van Buuren — e, mesmo ao lado, combinando diferentes estilos musicais, encontra o Hard Rock Hotel, com eventos ocasionais ao ar livre.
A praia d’en Bossa, com uma bonita torre num dos extremos, é segura para as crianças e reúne a melhor selecção de desportos naúticos, como jet ski, water ski, escola de mergulho, voleibol, caiaque, entre tantos outros.
Es Cavallet
A uns dez minutos de carro, passando pelas salinas de Ibiza (cujo sal já era apreciado no tempo dos romanos, embora se deva a construção dos tanques aos fenícios), surge Es Cavallet, uma praia pitoresca com a sua areia branca, dunas e com panorâmicas soberbas (assim a luz o permita) sobre a cidade de Ibiza e a ilha de Formentera — e muito do agrado dos apreciadores de kite surf quando o vento ajuda.
Mas quem, ao fim de uma noite a dançar e a beber, ainda sente forças para iniciar o dia ao mesmo ritmo, o mais certo é nem sequer chegar a Es Cavallet (com praia oficial para nudistas) e deter-se logo no DC-10, um lugar de culto que abriu as suas portas em 1999 mas que se renova todos os anos e de tal modo sofisticado que abriga também uma zona VIP muito procurada por algumas das celebridades internacionais — às segundas, ao início da tarde, apresenta a sua festa mais mediática, o Circo Loco.
Ses Salines
Assim designada devido à proximidade das salinas, a praia atrai multidões nos meses de Verão (alguma dificuldade para estacionar) e algumas centenas no primeiro dia do ano, quando os holandeses (na sua maioria) cumprem a tradição de mergulhar nas águas do mar.
Bordejada de pinheiros, tem alguma ondulação nos dias mais ventosos e oferece um conjunto de actividades (aluguer de catamarã e caiaque, por exemplo) que não raras vezes retiram tranquilidade a um lugar sereno nos meses de Inverno e perfeito para caminhadas.
No Verão, a música ouve-se um pouco por todo o lado mas a maior parte dos turistas opta pelo vibrante Sa Trinxa (mais rústico do que o renomado Jockey Club), uma das referências da ilha e com origens que remontam aos finais da década de 1970 — é restaurante mas a música está sempre presente, com um conjunto de DJ em que se destaca o italiano (também produtor) Franco Moiraghi.
Figueretas
Uma praia pequena (uns cem metros) mas muito central e rodeada de hotéis, bares e restaurantes. Com um passeio marítimo e as suas palmeiras, é uma espécie de subúrbio da cidade de Ibiza (uns 15 a 20 minutos a pé), agradável para as crianças mas também para os adultos — por isso, muito popular e quase sempre cheia como um ovo nos meses de Verão, quando é servida por pequenos ferries e ponto de partida de barcos que são uma promessa de festa nas águas do Mediterrâneo.
As primeiras horas da manhã são as melhores para quem procura um pouco de serenidade mas à medida que a tarde avança cresce o contingente de turistas que uma vez ou outra deitam um olhar à parte antiga de Ibiza, classificada como Património Mundial da UNESCO e situada a norte de Figueretas.
Cala Jondal
Não muito distante do aeroporto (pelo meio pode fazer uma paragem na bonita e serena praia de Sa Caleta para um mergulho mas também para admirar os restos arqueológicos urbanos mais antigos da ilha, erguidos no século VIII a. C.), Cala Jondal é o destino de eleição dos muitos turistas que visitam Ibiza no Verão.
Rodeada de pinheiros e de penhascos, é uma praia elitista (proprietários de barcos gostam de ancorar nas proximidades), de gente rica que gosta de ver e ser vista em lugares como Tropicana Beach Club ou no ainda mais famoso Blue Marlin Ibiza, onde acorrem algumas das mais populares figuras do jet set.
Formando uma ampla baía, Cala Jondal é uma praia de seixos mas com águas azul turquesa (e bancos de areia) e cenário de um espaço aberto (pouco habitual) durante todo o ano – o restaurante Yemenjá, um dos preferidos de futebolistas, pilotos de Fórmula Um ou de simples anónimos que apreciam uma sangria de cava enquanto esperam o momento do pôr do sol.
Cala Tarida
Desde que o internacional holandês, Wesley Sneijder, abriu, em Junho passado, o restaurante XaXa, em Cala Tarida, a praia tornou-se numa espécie de local de peregrinação para todos os holandeses que espreitam a oportunidade de se fotografarem ao lado do médio que no ano passado representou os turcos do Galatasaray. Os preços não estão ao alcance de todas as carteiras (espere pagar por um hambúrguer quase 40 euros) mas bem próximo, debruçado sobre a bonita praia de águas cristalinas, com tons de turquesa e de verde esmeralda, tem o Ses Eufabies, um pequeno restaurante com um ambiente familiar de onde pode vigiar (se for o caso) as crianças — é, na verdade, um lugar popular entre famílias.
Muito frequentada, Cala Tarida proporciona também momentos de solidão, desde que se disponha a caminhar uns metros para norte, ao encontro de pequenas grutas até onde os turistas não se aventuram, até porque muitos deles optam pelo elegante Beach Club Cotton.
Cala Llonga
Pelos mesmos motivos se deslocam também os turistas para Cala Llonga — para se sentarem de frente para o mar no Amante, situado numa pequena baía, em Sol d’en Serra.
Há hotéis e bares e restaurantes por todo o lado, mas também parques de diversões para as crianças (podem caminhar mar dentro durante uns bons metros) e densa vegetação de um lado e do outro da baía.
É em Cala Llonga que termino o passeio pela ilha mágica. Sentado numa esplanada, percorro com os dedos o livro do historiador Antoni Ferrer Abárzuza e da arqueóloga Ana Mesquida, com um conjunto de fotografias que testemunham quase um século de vida do Porto de Cala Llonga e retratam os payeses num tempo que já não existe, bem como as mudanças na sociedade provocadas pela chegada dos primeiros turistas nas décadas de 1950 e 1960, quando Jose Ribas Cardona sentia o ar perfumar-se de um aroma a azeite.
Ainda há lugar para a solidão
O fenómeno da massificação de Ibiza é relativamente recente e resulta, em parte, da popularidade da ilha mas, de igual forma, do receio que se foi instalando na mente dos turistas que antes procuravam destinos mais económicos, como Tunísia, Egipto e Turquia, por exemplo. Poucos são, entre milhões de turistas, aqueles que se aventuram até lugares dos quais nunca ouviram falar ou cujo nome nunca leram nas revistas cor-de-rosa que exibem fotografias de futebolistas, de actores, de gente famosa.
Embora poucos, Ibiza ainda tem segredos mais ou menos bem guardados, em alguns casos verdadeiramente órfãos de ruído.
Parto, mal o dia se anuncia, ao encontro do primeiro, caminhando por entre fragmentos de alcatrão e sulcos que a água foi abrindo no Inverno e logo depois pelo meio da densa vegetação que me conduz até um ponto de onde avisto o mar como um tapete de um azul de múltiplas nuances, contrastando com o verde e com os penhascos manchados de amarelos e da cor do mel. Prescruto iates que parecem imobilizados, pequenos rochedos compondo a moldura e um ou outro barco à vela no horizonte. E, subitamente, mal desfaço uma curva, planta-se à minha frente uma baía de águas calmas, as suas minúsculas e rudimentares casas onde os pescadores guardavam, num tempo cada vez mais distante, os seus barcos. Es Portitxol, na parte norte de Ibiza, é um porto que a natureza construiu quase sem ajuda humana, com as suas águas translúcidas, elogiado por piratas, invasores e simples pescadores que viam neste lugar mágico um porto de abrigo sem paralelo em toda a ilha.
Cala d’en Serra
Ao fundo, a pequena praia de Cala d’en Serra, abraçada pelos seus rochedos rugosos e com a sua faixa de areia suave, convida-me a descer ainda mais, para me deitar naquela que foi considerada, não há muitos anos, pelo diário inglês The Guardian, como uma das melhores praias da Europa. Apelativa, a Cala d’en Serra nunca chega a estar verdadeiramente lotada mas, se for o caso, basta uma meia dúzia de braçadas, para a direita, para desfrutar de maior privacidade antes de regressar à praia para uma bebida refrescante no rudimentar chiringuito bem enquadrado na natureza.
Próximo de Sant Vicent, encontro um segredo mais complicado de desvendar. A sinalização do trilho está meio oculta entre as árvores, por entre elas perscruto retalhos do mar, até que, do topo de uma falésia, avisto três ou quatro turistas gozando a plenitude do silêncio que impregna S’Aigua Dolça. A descida não é fácil (melhor mesmo é acercar-se de barco) mas, com precaução e a ajuda de uma corda aqui e acolá, desaguo na praia, com o peso da minha respiração sobrepondo-se ao suave murmúrio das águas que lambem os seixos.
Cruzo a pequena povoação de Sant Vicent de Sa Cala e não tardo a ser contemplado com uma panorâmica soberba sobre o mar, até onde desço, ao encontro de Port de ses Caletes, uma das praias mais tranquilas de toda a ilha e onde sou recebido pela solidão.
Uma prova de esforço leva-me, não sem alguma demora, a Ses Balandres, não muito distante de Santa Agnès. Mesmo para exploradores profissionais, Ses Balandres não é fácil de alcançar — e essa é a explicação para o isolamento mas não um obstáculo para os pescadores que, no passado, aqui edificaram esconderijos para os seus barcos e estaleiros básicos. Da praia, avista-se, na baía em frente, um rochedo em forma de arco, a Ses Margalides, na sua infinita beleza.
A estrada entre Sant Josep e Cala d’Hort é uma das mais panorâmicas de Ibiza mas antes de atingir essa praia já globalizada faço um desvio até Cala Truja, ao longo de uma picada. Vista de cima, a praia pode revelar-se uma desilusão mas não se deixe impressionar negativamente: umas escadas nas rochas vão revelando pequenas maravilhas e, num instante, a minúscula praia mostra-se, com as suas águas tão transparentes quanto adormecidas. Do topo do penhasco, avista-se Es Vedra, a ilha mágica que tanto se afunda no mar como sobe no céu.
Imutável permanece uma parte de Cap Negret, a despeito das muitas vivendas que foram sendo construídas de um dos lados do cabo. Invisto pelo caminho que nasce junto à igreja de Es Cubels, uma das zonas mais ricas de Ibiza, passo um portão que conduz a duas vivendas (é um caminho público) e, ao fim de trinta minutos, estendo-me na Secret Beach, uma vez mais só, escutando o mar. Aqui, pela tarde fora, não avisto um único dos muitos milhões de visitantes, qual rio humano enlouquecido, que se entregam a tantos outros prazeres em tantos outros lugares no meio de tantos turistas.
Robert de Niro em Ibiza
O actor norte-americano tem, desde finais do mês passado, o seu primeiro hotel na Europa. O Nobu Hotel Ibiza Bay, de cinco estrelas, está situado na praia Talamanca (a cinco minutos de carro da cidade de Ibiza), conta com centena e meia de quartos e abriga também quatro restaurantes.
Guia
Quando ir
Ibiza pode ser visitada em qualquer altura do ano mas, para os hedonistas, o ideal é entre finais de Maio e início de Outubro — e o mesmo se aplica em relação ao clima. Maio e Outubro são, respectivamente, os meses que coincidem com as festas de abertura e de encerramento da maior parte dos clubes (a discoteca Pacha, aberta durante todo o ano, aos fins-de-semana, é a excepção).
Como ir
A melhor alternativa, para poupar tempo, é viajar com a Vueling, a única que proporciona voos directos entre Lisboa e Ibiza (somente no Verão e três vezes por semana, aos domingos, às terças e às quintas) com um preço (ida e volta) a rondar os 200 euros. Desde o Porto, a Ryanair constitui a melhor alternativa, embora implique algum tempo de espera em Barcelona pela ligação (também efectuada pela companhia aérea irlandesa) até Ibiza. Com alguma antecedência, é possível garantir uma tarifa para todos os voos na ordem dos 110 euros. Para quem vive no Algarve — mas não só —, Sevilha é uma possibilidade a ter em conta, já que a Ryanair também oferece dois voos por semana (quartas e domingos) para/de Ibiza — preços entre os 120 e os 140 euros.
Onde dormir
Hard Rock Hotel Ibiza
Carretera Playa d’en Bossa s/n
Tel.: 00 34 971 92 76 91
Email: booking@sublimotionibiza.com
www.hrhibiza.com
Ushuaia Ibiza Beach Hotel
Playa d’en Bossa, 10
Tel.:00 34 971 92 81 93
www.ushuaiabeachhotel.com
El Hotel Pacha
Calle Historiador Joan Marí Cardona, 3, Ibiza
Tel.: 00 34 971 31 59 63
www.elhotelpacha.com
É importante ter em conta a necessidade de encontrar alojamento em Ibiza com grande antecedência. Em Julho e Agosto espere pagar entre 450 e 700 euros por uma noite num dos três hotéis referidos.
Nobu Hotel Ibiza Bay
O actor norte-americano tem, desde finais do mês passado, o seu primeiro hotel na Europa. O Nobu Hotel Ibiza Bay, de cinco estrelas, está situado na praia Talamanca (a cinco minutos de carro da cidade de Ibiza), conta com centena e meia de quartos e abriga também quatro restaurantes.
Onde comer
La Escollera
Playa Es Cavallet, s/n
Tel.: 00 34 971 396 572
Email: laescollera@gmail.com
www.laescolleraibiza.com
Situado no meio da reserva natural de Ses Salines, oferece soberbas panorâmicas e uma gastronomia de qualidade, destacando-se as paellas, o peixe-galo com batatas à pobre e os boquerones à Mami.
Sa Trinxa
Playa de Ses Salines, s/n
Tel.: 00 34 618 96 05 00
www.satrinxa.com
Peixe e marisco frescos, com uma ementa focada na cozinha mediterrânica.
Es Savina
Calle Cala Jondal s/n
Tel.: 00 34 971 18 74 37
Um dos melhores restaurantes de peixe da ilha, muito frequentado pela população local.
Informações
Os portugueses apenas necessitam de um documento de identificação (bilhete de identidade, cartão de cidadão ou passaporte) para visitar Espanha.
A moeda é o euro.
As línguas oficiais são o catalão e o castelhano e não raras vezes os turistas se sentem confusos perante a toponímia que lhe surge diante dos olhos: Eivissa e não Ibiza ou Sant Antoni no lugar de San Antonio, entre outros exemplos. Na ilha, também se fala um dialecto, o ibicenco (uma variante do catalão mas não estranhe se alguém lhe disser parl eivissenc), entre a população local.