Fugas - Viagens

  • Lara Jacinto

Descobrir Portugal, trilho a trilho

Por Mara Gonçalves

“O que mais importa não é a partida nem a chegada. O que interessa é o caminho”, lê-se na contracapa do livro de Miguel Judas. E logo nos recordamos da célebre frase do poeta espanhol António Machado: “O caminho faz-se caminhando”.

No novo livro do jornalista, Os 200 melhores percursos de trekking de Portugal, a proposta é literal: voltar costas às grandes cidades e descobrir o país, trilho a trilho. É que num território tão pequeno esconde-se “uma surpreendente variedade de paisagens”, às quais se somam lendas, pedaços de história e de património, tradições, uma fauna rica e “especialmente pessoas”. Haverá melhor forma de descobrir tudo isto “senão a pé, com tempo para apreciar e usufruir do que não está à vista?”, desafia o autor.

Na obra editada pela Saída de Emergência, Miguel Judas reúne, por isso, duas centenas de percursos, atravessando todos os distritos de Portugal Continental e algumas ilhas dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Todos estão devidamente assinalados no terreno e a selecção é diversa. Há trilhos interpretativos e percursos por ecopistas e ecovias. Há caminhos ancestrais, grandes travessias e os inolvidáveis passadiços do Paiva. A compilação integra propostas para todas as pernas: desde pequenos circuitos que podem ser percorridos em família (como o Percurso do Ninho da Cegonha, de Óbidos às ruínas romanas de Eburobrittium, com 1km de comprimento) até às grandes rotas de andarilho para vários dias (como a Rota Vicentina, com os seus 340km de trilhos pela costa, de Santiago do Cacém ao cabo de São Vicente) ou à mítica subida à Senhora da Graça, desta feita a pé e por “trilhos milenares percorridos desde há séculos pelos peregrinos”.

Passo a passo, página a página, o jornalista vai resumindo o que se pode encontrar em cada percurso. No Trilho dos Canos de Água, por exemplo, abeiramo-nos do miradouro de Santa Luzia para vislumbrar uma “das vistas panorâmicas ‘mais bonitas do mundo’, como descreveu a revista National Geographic, há quase 80 anos”. E continuamos até à “Casa do Radar”, “um edifício abandonado onde esteve para ser instalado um posto de controlo aéreo durante a Segunda Guerra Mundial”. Ou talvez queiramos perder-nos antes pelas aldeias vestidas de xisto, já no Centro do país – e aí temos no livro uma boa selecção por onde escolher. Ou preferimos mergulhar os olhos no oceano e rumamos a Sul, para desenhar as falésias douradas no Percurso do 7 Vales Suspensos, em Lagoa, ou até à ilha do Faial, numa grande rota Costa a Costa por “800 mil anos de História”.

O livro é um guia puro e duro, com uma listagem de trilhos, descrição de cada percurso e dados relevantes, como pontos de partida e de chegada, distância percorrida, nível de dificuldade, coordenadas de GPS e indicação simbólica dos principais motivos de interesse (património histórico, arqueológico, natural, aldeia, cidade, montanha, rio, praia, barragem ou área protegida). “Caminhante, são tuas pegadas / O caminho e nada mais; / Caminhante, não há caminho / O caminho faz-se caminhando.” Do que espera?

Os 200 melhores percursos de trekking de Portugal
Miguel Judas
Saída de Emergência
Preço: 16,41€

 

Outras leituras

Na casa de Vítor

Vítor Sobral, o chef da Tasca da Esquina (e vários outros restaurantes), festejou os 50 anos e lançou um livro para partilhar as receitas que faz em casa, para amigos e família, incluindo “três filhos de idades muito diferentes”. São mais de 100 receitas, que vão de um cabrito no forno a uns simples ovos com farinheira, divididas em secções: “Para a família”, “Para dias de festa”, “Convívio entre amigos”, “Para comer a dois”, “Para a falta de tempo” (sandes e tostas). Há ainda, particularmente útil para pais com crianças pequenas, um capítulo “para o mais novo lá de casa”, com as papas dos seis e nove meses, a primeira sopa e a sopa dos 12 meses. O livro inclui um capítulo que propõe alternativas aos refrigerantes (sumos e chás), outro com receitas de sobremesas e ainda as fundamentais receitas base (que vão do puré de batata ou do arroz branco ao caldo de peixe ou farofa de mandioca, passando por pickles, picante, e uma pequena tabela com tempos de cozedura).

Vítor Sobral – Receitas lá de Casa
Casa das Letras
Preço: 18,90€

 

Para comer como um algarvio

Chama-se A Melhor Comida do Algarve e reúne vinte receitas típicas da gastronomia daquela região. Assim, quem quiser comer como um algarvio pode experimentar entradas como o arjamolho (o delicioso gaspacho da zona, para comer frio), salada de estupeta, assadura, carapaus alimados, salada de cenoura ou favas à algarvia.

Quem pretender aventurar-se em pratos principais encontra no livro receitas de feijoada de buzinas, arroz de lingueirão, massa de peixe, lulas cheias, cataplana à algarvia e o incontornável xarém (papas de milho). E, nas carnes, cozido de grão, papas de milho com carne de porco, galinha cerejada e perna de borrego no tacho. Há ainda sobremesas como a torta de alfarroba ou o queijo de figo.

As receitas foram compiladas por Augusto Lima, presidente da Associação dos Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve. O livro – que, como outros editados pela Zest, pode ser transformado num calendário de mesa para facilitar a leitura enquanto se cozinha – tem ainda sugestões de vinhos para acompanhar cada prato feitas pela especialista Maria João de Almeida.

A Melhor Comida do Algarve
Receitas compiladas por Augusto Lima
Zest
Preço: 8,50€

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