Fugas - Vinhos

Ricardo Palma Veiga

20 brancos para o Verão

Por Luís Ramos Lopes

Nem seria preciso esperar pelos dias mais quentes para confirmar uma tendência que se vem avolumando desde há algum tempo: os portugueses voltaram a gostar de vinhos brancos. E é nesta época do ano que se tornam mais apreciados, sobretudo os mais frutados, frescos e leves.

O Verão é normalmente associado ao calor e às férias. Os dias são maiores, as pessoas estão mais disponíveis e o tempo ajuda a uma abordagem mais descontraída das refeições. Privilegia-se uma alimentação leve, baseada sobretudo em peixes, mariscos, saladas, aves e carnes magras. E leves deverão ser também os vinhos brancos bebidos no estio, vinhos não demasiado encorpados, antes delicados e elegantes. A leveza deve estender-se ao álcool, sendo especialmente adequados ao calor os vinhos de teor alcoólico não muito elevado, entre os 11,5% e, no máximo, 13%.

A fruta é também uma componente essencial dos vinhos brancos de Verão. Aromas e sabores exuberantes, vivos e jovens que, consoante as castas de uva com que os vinhos foram feitos, nos fazem lembrar diversos tipos de frutos (manga, maracujá, banana, melão, ananás, limão, lima, toranja.). Para refeições mais elaboradas e sofisticadas, podemos sempre escolher vinhos brancos mais minerais, com notas que por vezes lembram pederneira, sílex, pedra molhada, pólvora.

A idade do vinho é importante. Se a ideia é almoçar ou jantar ao ar livre, apostemos em vinhos francos e directos, de atracção imediata, e esqueçamos os brancos com mais idade, cuja complexidade exige outro estado de espírito. Tal como os brancos fermentados ou estagiados em barricas de madeira nova, untuosos e cheios. Uns e outros deverão ser deixados para o tempo frio e invernal (ou então para apreciar ao jantar, numa sala com bom ar condicionado.).

Na verdade, os melhores vinhos de Verão são, sobretudo, vinhos frescos. Aqui, a palavra "fresco" não remete para a temperatura a que deverão ser servidos, mas sim para as suas características.

Um vinho fresco é sempre um vinho com uma certa acidez, acidez essa que dá a quem o bebe uma sensação de frescura, leveza e elegância, permanecendo o sabor do vinho na boca por mais tempo. Mas já que falámos em temperaturas de serviço, não esqueçamos que os brancos jovens e frutados devem ser servidos entre os 9ºC e 11ºC. Balde de gelo e mangas refrigeradoras são acessórios imprescindíveis.

Jovens, frutados, frescos e leves. Os 20 vinhos brancos que aqui sugerimos são tudo isso e têm também preços muito sensatos e comedidos. Mesmo o que precisamos para este Verão.

Altano
Douro branco 2010
Symington Family Estates
Detentora de algumas das mais prestigiadas marcas de Vinho do Porto, a família Symington aposta também nos vinhos do Douro com a marca Altano. Este branco tem o selo de qualidade da casa: harmonioso, fresco, bastante aromático (tangerina, resinas, especiarias), com bela acidez no final refrescante. (€3,99)

BSE
Reg. Península de Setúbal branco 2010
José Maria da Fonseca
Marca histórica da José Maria da Fonseca, abandonou os tons "amoscatelados" de há alguns anos, agora mais delicado e elegante, com finos apontamentos florais e citrinos. Boa secura frutada, harmonioso, bom para beber como aperitivo ou acompanhando mariscos e saladas. (€3,50)

Apegadas
Douro branco 2010
Quinta das Apegadas
Um vinho de produtor duriense ainda pouco conhecido mas que está a fazer um belo trabalho. Este é um branco intenso mas elegante, com belas notas de ananás e citrinos no aroma. Sabor delicado, fino, cheio de fruto envolvido por deliciosa acidez, longo e fresco no final. Pede um robalo "ao sal". (€6,50)

Cabriz
Dão Col. Selec. branco 2010
Dão Sul
Marca que ganhou inúmeros aficionados em Portugal e no estrangeiro por via da boa relação qualidade-preço que apresenta, revela aqui um vinho muito equilibrado, com notas de citrinos maduros, folha de limoeiro, num estilo fresco e apetecível, muito fácil de beber e de gostar. (€3,10)

Couteiro-Mor
Reg. Alentejano branco 2010
Soc. Agr. Gabriel F. Dias
Não há muitos vinhos que consigam oferecer tanto por tão pouco, como o faz este branco alentejano. Sóbrio, com fruto firme e expressivo, notas citrinas e minerais, sem exuberâncias ou artificialismos, um branco seco, sério, sólido, consistente, próprio para a mesa. E com um preço verdadeiramente anti-crise. (€2,60)

Duas Quintas
Douro branco 2010
Ramos Pinto
Dispensa apresentações a marca que a Ramos Pinto levou até ao topo no podium dos vinhos do Douro. Feito com Viosinho, Rabigato e Arinto, revela aromas de pêra, alperce, laranja, um leve toque vegetal. Impressiona pelo perfeito equilíbrio na boca, com fruto, corpo e acidez, tudo muito bem proporcionado. (€8,95)

Follies
Reg. Minho Alvarinho Loureiro branco 2010
Aveleda
A maior empresa de Vinhos Verdes e uma das mais sólidas vinícolas nacionais tem na gama Follies o cume do seu apuro qualitativo. Este Loureiro é um vinho que conjuga elegância com complexidade, misturando citrinos, maçã verde, ligeiros fumados, minerais. Redondo e cremoso, longo, ideal para caldeiradas e peixes de forno. (€7,99)

Grand'Arte
Reg. Lisboa Arinto branco 2010
DFJ
A empresa do enólogo José Neiva exporta 95% do que produz, o que diz muito do seu conhecimento dos mercados e, sobretudo, daquilo que os consumidores querem. É impossível não gostar deste Arinto bastante citrino, com notas de tangerina e lima, com leve amargo vegetal a contribuir com garra e carácter no final. (€4,10)

Lusitano Selecção
Reg. Alentejano branco 2010
Ervideira
Com uvas das duas propriedades da Ervideira, em Reguengos e na Vidigueira, se faz este branco tipicamente de Verão, com aromas e sabores delicados, lembrando pêssego e citrinos. Suave e cremoso, com uma leve doçura frutada, acidez quanto baste, ideal como aperitivo (€3,95)

Muralhas de Monção
Vinho Verde branco 2010
Adega Cooperativa de Monção
O Muralhas é uma verdadeira instituição. Está em todo o lado, tem preço acessível, e a consistência de qualidade, colheita após colheita, faz dele um porto seguro em qualquer restaurante. A versão 2010 não foge à regra: fruta no ponto (ananás maduro, flores secas, laranja, pêssego) acidez perfeita, boa secura, final persistente. (€3,57)

Muros Antigos
Vinho Verde Escolha branco 2010
Anselmo Mendes
Poucos tiram partido dos solos, clima e castas dos Vinhos Verdes como o enólogo e produtor Anselmo Mendes. A gama Muros Antigos contempla um Alvarinho, um Loureiro, um Avesso e este vinho de lote. Toranja, flores, frutos tropicais, ervas aromáticas, tudo muito apelativo, elegante e refrescante, cheio de sabor. (€4,50)

Pousio
Reg. Alentejano branco 2010
Casa Agrícola HMR
O produtor mudou de nome e a marca mudou de perfil sem perder na qualidade, traduzindo-se agora num vinho mais delicado e fino, pleno de fruta, com sugestões de flores silvestres e lima. A fruta muito limpa e atractiva constitui a nota dominante, com boa acidez citrina a dar frescura e persistência ao final. Um branco muito consistente. (€3,99)

Prova Régia Premium
Bucelas Arinto branco 2010
Companhia das Quintas
O aparecimento do Prova Régia marcou o início da recuperação da região de Bucelas, nos anos 90 do século passado. Esta versão Premium da marca produzida na Quinta da Romeira é um vinho exuberante de fruta citrina, com notas fumadas e de especiarias, apontamentos minerais numa boca volumosa mas muito fresca e elegante. (€3,95)

QG
Vinho Verde Loureiro branco 2010
Quinta de Gomariz
Os Verdes da Quinta de Gomariz estão a dar que falar, ganhando prémios atrás de prémios. O Loureiro mostra aroma de perfil sóbrio e elegante, lembrando limão, flores de rosas e jasmins. Fino na boca, com acidez crocante, corpo leve, um branco atraente, perfeito para peixes de sabor delicado. (€6,39)

Quinta da Giesta
Dão branco 2010
Soc. Agr. Boas Quintas

Na sua propriedade de Mortágua, Nuno Cancela de Abreu aposta sobretudo nos rosés de Touriga Nacional e nos brancos de base Encruzado. Este tem igualmente Arinto e Malvasia Fina e revela-se um vinho de aroma suave, com belas notas citrinas, minerais e de flor de laranjeira. Elegante, vivo, bom companheiro à mesa. (€4,15)

Quinta da Lagoalva Talhão 1
Reg. Tejo branco 2010
Quinta da Lagoalva de Cima
Fruta, fruta, fruta. Quem prefere os brancos intensos e exuberantes não precisa ir mais longe. Limão, ananás, manga, especiarias, este vinho é um desafio para os sentidos. Encorpado, com uma acidez firme e refrescante, na linha do estilo Lagoalva, bom representante na nova vaga de vinhos do Tejo. (€3,95)

Quinta do Valdoeiro
Bairrada branco 2010
Vinhos Messias
A propriedade emblemática da Messias na Bairrada desde há muito que origina brancos de primeira linha. A versão de 2010 revela apontamentos aromáticos de flor de laranjeira, toranja, erva fresca. Encorpado mas ao mesmo tempo muito leve (tem apenas 11,5% de álcool), sofisticado, com carácter, é um vinho perfeito para o Verão. (€3,99)

Tons de Duorum
Douro branco 2010
Duorum Vinhos
Uma estreia que se saúda, este primeiro branco do projecto Duorum, de João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco. Alegre e delicado, com aromas de toranja, frutos tropicais, erva fresca, acidez perfeita a refrescar o conjunto, um vinho muito apetecível, com final longo e expressivo. (€3,99)

Vinha do Monte
Reg. Alentejano branco 2010
Sogrape
Merecem ser mais conhecidos os vinhos que a Sogrape produz na sua Herdade do Peso, ao pé da Vidigueira. O branco de 2010 vai fazer por isso, com o seu aroma muito afinado, elegante, lembrando alperces, folha de limoeiro, citrinos maduros. Muito suave na boca, polido, bem composto. (€3,79)

Vinha Padre Pedro
Reg. Tejo branco 2010
Casa Cadaval
Longe vai o tempo em que os brancos ribatejanos eram pesados e madurões. O Padre Pedro é um bom exemplo dos novos vinhos do Tejo, feitos com a nobre casta Fernão Pires: sumarento, cheio, citrino, mineral, equilibrado, seco, refrescante. Mesmo a pedir um robalo assado "ao sal". (€3,89)

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