Não por acaso, é o único que já arrecadou, em três anos consecutivos, o título internacional de "Enólogo do ano de vinhos generosos", outorgado pelo prestigiado concurso Wine Chalenge, bem como o troféu "Len Evans" que premeia a consistência de qualidade na produção por mais de cinco anos consecutivos, um dos troféus mais ambicionados do mundo do vinho. Em 2010, o Primeira Paixão Verdelho veste-se de cor amarela palha muito clara, quase incolor. Mostra-se fresco e directo, expressivo mas contido na exuberância, relativamente mineral, preciso e fino na boca, com um final incisivo e alegre.
Lisboa também tem vinho e o Quinta da Murta Clássico, aqui na colheita de 2009, nasceu mesmo às portas da cidade, em Bucelas, enfarpelado numa tonalidade amarela limão. Destaca logo de início as notas da barrica que aparecem bem compostas, acrescentando gordura, peso e complexidade, sem nunca se sobrepor ao vinho, engrossando simplesmente a voz deste Quinta da Murta, sem nunca o descaracterizar. Mineral e bem constituído, sólido mas fresco, é um exemplo perfeito do potencial da casta e da região.
Também da denominação de Lisboa, embora mais longe da cidade, ali bem perto da Aldeia Galega, na Merceana, recomenda-se o Chocapalha Reserva branco de 2010, um branco curioso que se expressa melhor na boca do que no nariz, anunciando uma boca enxuta e revigorante, ampla e firme, tensa e mineral, com um final de boca empolgante pela força e frescura da acidez. Um branco diferente que beneficia do arejamento e que melhora quando bebido em copo de tinto.
Ainda mais surpreendente está o Casal da Coelheira de 2010, um branco ribatejano arrebatado mas sensível, supinamente fresco e mineral, floral e silvestre, muito discretamente vegetal, aflorando um tipo de frescura pouco frequente nos vinhos brancos nacionais. Seco e quase mastigável, termina tenso e severo... embora harmonioso. Uma belíssima e grata surpresa que chega do Tejo... apesar de a denominação nos brindar com outros vinhos brancos de relevo. Um deles, o Quinta da Lagoalva Talhão 1, também da colheita 2010, apresenta-se fresco, directo, aromático e fervoroso na demonstração floral e frutada. Simples mas francamente cativante, fresquíssimo e reconfortante no Verão, qualifica-se como um branco perfeito para as conversas nos dias quentes à beira da piscina ou à roda de uma mesa, com ou sem comida por perto.
Mas o mais imprevisto e alegre de todos os vinhos brancos deste ano será, muito provavelmente, o JP branco 2010, da Bacalhôa, um branco despretensioso e discreto, com um preço de venda ao público que raramente ultrapassa os 2€, e que se anuncia inebriante no perfume do lote feliz entre a casta Moscatel e Fernão Pires, variedades que lhe transmitem uma formosura inesperada... que a boca logo confirma com o viço da acidez, sem permitir que os aromas terpénicos do Moscatel o tornem enjoativo. Melhor relação qualidade/preço é impossível!