Não sendo um ano de qualidade homogénea, há já sinais que nas principais regiões do país a qualidade dos vinhos irá ser alta. No Alentejo, "os vinhos deste ano estão muito melhores do que em 2010, com mais cor, melhores taninos e mais equilibrados", assegura Joana Roque do Vale, enóloga das firmas Roquevale e Monte da Capela. O Verão foi menos quente e a produção também diminuiu bastante face à vindima de 2010, que tinha sido exagerada; e uvas em excesso não são amigas da qualidade.
No Douro, registou-se uma situação atípica: o início da vindima teve que ser antecipado e quando a colheita é precoce normalmente não é a melhor. Os primeiros vinhos surgiram um pouco menos alcoólicos, o que é bom, e também um pouco mais vegetais do que o desejado. Mas as chuvas fortes do final de Agosto obrigaram a parar a apanha e os dias de sol que se seguiram permitiram concluir a maturação das uvas da melhor maneira possível e retardar o grosso da vindima, que, em muitos lugares, vai acabar por ser mais tardia do que em 2010.
Este adiamento acabou por fazer milagres e a qualidade dos mostos subiu em flecha. Como sublinhava Jorge Alves, enólogo da Quinta do Tedo e co-responsável, com Celso Pereira, dos vinhos Quanta Terra, é de esperar uma vindima "com, pelo menos, a mesma qualidade da de 2009", que, não tendo sido tão boa como as de 2008 e 2007, foi bastante melhor do que a de 2010.
Mesmo sendo de esperar bons vinhos no Douro, sobretudo nas sub-regiões do Cima Corgo e Douro Superior, as menos afectadas por míldio e oídio, a vindima irá ficar marcada este ano pela diminuição de 25 mil pipas na produção de vinho do Porto. Com esta redução, aumentou a disponibilidade de uvas para os vinhos D.O.C, as quais estão a ser transaccionadas a valores ridículos, a 100 euros ou menos a pipa (750 quilos), mais de metade do valor a que são pagas no Alentejo.
Na Bairrada, as uvas também estão a ser mal pagas (mas melhor do que no Douro), em virtude de também aí ser esperada uma produção maior do que em 2010. Em relação à qualidade, e segundo o criador Luís Pato, "os brancos e os espumantes são melhores do que no ano passado e os tintos são menos bons".
Situação semelhante é esperada no Dão, onde, na opinião de Carlos Lucas, "estamos perante um ano para profissionais". Há grandes desvios na qualidade e "só quem tratou bem das vinhas pode aspirar a fazer bons vinhos", diz.
Na região dos Vinhos Verdes, é esperada uma produção idêntica à de 2010. Nas zonas de Amarante, Baião e Basto, verifica-se uma importante quebra, mas, em contrapartida, a produção deverá ser maior no Litoral Norte, no Alto Minho, no distrito de Braga. "Vamos ter bons vinhos, salvo se tivermos chuvas na próxima semana", disse à FUGAS Manuel Pinheiro, presidente da Comissão Vitivinícola Regional dos Vinhos Verdes, no final da semana passada. É verdade que choveu logo nos dias seguintes, mas não ao ponto de ter deitado tudo a perder.