Fugas - Vinhos

Nelson Garrido

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Grandes tintos para passar do Verão ao Outono

Num perfil bem distinto e original apresenta-se o Hobby 2008, um projecto singular que junta Pedro Pinhão e Diogo Campilho, responsáveis pela enologia da Quinta da Lagoalva, oferecendo um tinto fácil e descomplexado, fresco e invulgar. Viçoso e tenso nos taninos, proporciona apontamentos vegetais bem vincados, breves apontamentos de fruta e uma acidez acerada, num perfil pouco comum para a planície alentejana, mais fresco e duro que o habitual, um registo que se saúda com entusiasmo.

Pelo mesmo diapasão de viço e frescura alinha o Folha do Meio Reserva 2008, nascido em plena Serra de São Mamede, Portalegre. Repleto de menta e eucalipto, frutado q.b., seco nos taninos mas suave na expressão, fresco e imperioso na acidez, termina categórico e vivo, indicando a sua nascença em terra fresca de forma inequívoca. Um alentejano engraçado e bem diferente.

No Tejo há que sobrelevar o Paço dos Falcões Grande Escolha 2009, um tinto de cor vermelha escura densa e concentrada. Frutado e perfumado, a que há que acrescentar algumas notas citrinas, é um tinto fresco e viçoso, de taninos suaves mas palpáveis, elegante e equilibrado, de final longo e sincero.

De Setúbal chega o sedutor Adega de Pegões Touriga Nacional 2009, onde as peculiaridades da casta Touriga Nacional estão especialmente bem representadas, perceptíveis nos aromas florais das violetas e das notas citrinas, bem como das notas de jasmim e cereja preta. Suave e delicado, ligeiramente meloso, é um vinho risonho e bom exemplo da variedade nas terras mais a sul.

Da mesma região e da mesma casta, e, curiosamente, realizados pelo mesmo enólogo, Jaime Quendera, surge o Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional 2009, num registo um pouco mais intenso e feroz. Impressiona pela potência desmedida, pelo vigor e pujança, pelos taninos sólidos e pela garra da acidez, num tinto brutal, frutado e encorpado, que fará as delícias dos amantes de vinhospoderosos.

Para finalizar dois vinhos de Lisboa inesperados, o Quinta das Hortênsias Syrah 2008 e o Grand'Arte Alfrocheiro 2008, dois tintos de cor vermelha encarniçada, viva e brilhante. Enquanto no Quinta das Hortênsias Syrah 2008 a fruta fresca e vibrante avulta de imediato ao nariz, engrossando uma frescura que a boca se encarrega de confirmar, acrescentando taninos firmes e tensos, no Grand'Arte Alfrocheiro 2008 é a fruta delicada a invadir os sentidos, materializada em morangos, cerejas e groselhas, afinados por uma acidez inestimável que refresca e revigora o final de boca.

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