Fugas - Vinhos

Miriam Lago/Arquivo

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Decantar ou não decantar?

O arejamento e oxigenação que a decantação proporciona, sabendo-se que essa oxigenação forçada pode encorajar a exuberância aromática e a suavização de taninos, representa a segunda razão para a prática de decantação. Convém no entanto recordar que esta operação compreende alguns riscos, já que o casamento entre ar e vinho nem sempre tem consequências proveitosas. Ao contrário do imaginário comum, são os vinhos mais jovens e imberbes que deverão ser decantados, aqueles que podem ser arejados sem receios de monta, vinhos jovens e robustos. Na prática, vinhos como alguns Bairrada, Barolo, Barbaresco e vinhos do Líbano, vinhos que por serem tão concentrados, taninosos e agressivos na juventude, poderão beneficiar com a atenuação e suavização de algumas sensações sensoriais.

Os vinhos velhos merecem cuidados redobrados e raramente deverão sofrer o processo de decantação, excepto se esta for, em casos extremos, absolutamente imprescindível. Incluem-se neste caso vinhos em que o depósito seja tão forte e pronunciado que na prática não existam alternativas válidas. O lado aromático dos vinhos velhos é tão suave, tão frágil e delicado que uma prova traumatizante como a decantação poderá significar uma morte imediata e prematura do vinho.

Se sentir necessidade de decantar um vinho velho, seja pelo excesso de depósito seja por razões estéticas, faça-o o mais tarde possível, no último momento, nos poucos segundos anteriores ao início da fruição do vinho e refeição. Infelizmente, mesmo nestes casos particulares, os resultados nem sempre são os melhores. Mas, felizmente, o mistério e a imprevisibilidade do vinho também fazem parte do seu encanto...

 

 

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