Fugas - Vinhos

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  • CABRIZ TOURIGA NACIONAL TINTO 2010
    CABRIZ TOURIGA NACIONAL TINTO 2010
  • CABRIZ ENCRUZADO BRANCO 2011
    CABRIZ ENCRUZADO BRANCO 2011
  • CABRIZ ESPUMANTE ENCRUZADO 2007
    CABRIZ ESPUMANTE ENCRUZADO 2007

Cabriz volta a estar no centro de toda a actividade da Dão Sul

Por José Augusto Moreira

Empresa aposta em vinhos apenas com as castas típicas de cada região. Um Blanc de Noir 100% Touriga Nacional pode ser a novidade para o próximo Natal.

No princípio era o Dão e os vinhos da região, mas rapidamente o projecto da Dão Sul acabou por se alargar a quase todas as zonas do país vinícola. E, até, ao Brasil. Um balão que rapidamente se encheu, neste caso de vinhos, tal como o ambiente de euforia económico-financeira que o país e o mundo viveram na viragem de século.

Foi com base na Quinta de Cabriz, em Carregal do Sal, que nasceu a Dão Sul, em 1989, e depois da fase de fulgurante crescimento, com investimentos que chegaram a ultrapassar os 20 milhões de euros, entradas e saídas de sócios e as convulsões que lhes estão sempre associadas, a empresa parece agora apostada na estabilização.

Mantendo a produção nas regiões do Douro, Verdes, Bairrada, Estremadura e Alentejo (além do Brasil, claro), Cabriz voltou a ser o centro de toda a actividade e os propósitos de “divulgação dos vinhos do Dão a nível nacional e internacional” inscritos desde o início como orientadores da missão empresarial, voltam a estar actuais. Osvaldo Amado, o actual responsável pela enologia do grupo, brinca até com um refrão que costumam agora utilizar na empresa para reforçar a ideia dessa aposta estratégica: “Dão é Cabriz e Cabriz é Dão”.

A empresa lidera destacadamente a produção e as vendas da região — a segunda, a Sogrape, não chega a metade dos números da Dão Sul — , o que é até visto como uma debilidade estrutural. “O Dão só pode voltar a ser grande quando tiver quatro ou cinco empresas a apostar forte na região. É preciso voltar à situação de 20 ou 30 anos atrás, quando havia produção e massa crítica. Falta o nome Dão em muitos sítios [de venda] e para isso é preciso haver vinho”, reforça Osvaldo Amado, que assumiu a responsabilidade por toda a enologia do grupo ainda há menos de dois anos.

Além do esforço de racionalização interna, a ideia é, pois, fazer com que Cabriz volte a ser vista como a imagem do grupo, sem com isto retirar qualquer importância à produção das outras quintas, quer no Dão quer nas outras regiões. “São produtos distintos, para segmentos distintos. Mantêm equipas próprias de enologia e o que se pede é que expressem as qualidades dos respectivos territórios”, explica o enólogo.

Seguindo o lema de que “em cada terroir, o melhor da região”, uma das ideias já aplicadas passou pelo fim “migração” de castas. Acabou-se a Touriga nos vinhos da Bairrada ou o Alvarinho no Alentejo e também os espumantes do Dão passaram a ter Encruzado, que, sendo a casta branca rainha da região, lhes dá também frescura e longevidade. Como exemplos dessa mudança, Osvaldo Amado aponta o Encontro I, um branco Bairrada exclusivamente com Arinto que é o topo de gama da região. Outra das grandes novidades está a ser preparada no Dão. Um Blanc de Noir (espumante branco de uvas tintas) exclusivamente Touriga Nacional que está a ser preparado para aparecer por altura do próximo Natal, depois de 24 meses de estágio em garrafa. “Estamos ainda a acompanhar a evolução. A ver vamos. Tem um estilo muito próximo ao champanhe”, diz o enólogo.

A estratégia de recentralização da imagem da Dão Sul na linha Cabriz ficou também evidente num recente jantar vínico que teve lugar no The Yeatman, por altura da Essência do Vinho. Foram servidos apenas vinhos de Cabriz e com as castas típicas do Dão. Ao espumante e branco com Encruzado e tinto de Touriga Nacional (ver fichas), juntaram-se ainda os dois topo de gama Four C, tinto de 2009 e branco de 2010. A única excepção para um Porto: o Quinta da Tecedeiras LVB 2008, que acompanhou a sobremesa que está em excelente forma.

 

CABRIZ ESPUMANTE

ENCRUZADO 2007
Dão Sul, Carregal do Sal
Castas: Encruzado
Graduação: 12,5% vol
Região: Dão
Preço:12,50€

Algo mineral no aroma, que cruza com notas cítricas e de maçãs verdes. Boca de frutos frescos, acidez fresca e contida, envolvência cremosa e um final seco, redondo e prolongado. Promete boa companhia para comidas não muito condimentadas.

 

CABRIZ ENCRUZADO

BRANCO 2011
Dão Sul, Carregal do Sal
Castas: Encruzado
Graduação: 13% vol
Região: Dão
Preço: 5,99€

Aromas delicados e algo contidos, tostado leve e a frescura floral que é típica dos vinhos jovens da casta. Na boca mostra-se mais tropical, fresco, cremoso e muito bem balanceado. Um belo vinho na relação preço/qualidade.

 

CABRIZ TOURIGA NACIONAL

TINTO 2010
Dão Sul, Carregal do Sal
Castas: Touriga Nacional
Graduação: 14% vol
Região: Dão
Preço: 13,99€

Tresanda a fruta madura e ao perfume da casta com alguma mineralidade à mistura. Intenso e fechado na cor, há-de ainda compor a irreverência de taninos e acidez que revela para atingir o ponto ideal de sedução.

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