Numa prova recente, a Fladgate colocou em confronto os últimos quatro vintages das suas principais marcas e deu para perceber que a decisão de declarar vintage em 2009, quando a maioria das empresas optou por não o fazer, foi acertada. Os vinhos, em especial o Fonseca e o Taylor’s, estão a evoluir muito bem, exibindo uma intensidade aromática e uma estrutura tânica colossais. A prova permitiu também entender melhor os vintages de 2011, que se distinguem pelo seu extraordinário equilíbrio. São vinhos potentes mas ao mesmo tempo delicados, com aromas muito limpos e intensos, taninos maduros e quase sedosos e excelente frescura.
As marcas da Fladgate têm um perfil próprio e é extraordinário verificar a constância de todas elas, apesar de não haver anos iguais. Fazendo poesia em torno de cada vinho, diríamos que o Croft, na sua elegância e delicadeza frutada e floral, equivale a uma mulher de cabelos grisalhos mas com uma beleza fina e delicada; que o Taylor’s, com a sua solidez tânica, se aproxima mais da imagem do militar austero, rectilíneo e introspectivo; e que o Fonseca, pela sua frescura balsâmica e mineral, é uma espécie de soixante-huitard, com a idade e a experiência já bem evidentes no rosto mas de espírito rebelde e jovial (o nosso preferido). O Taylor’s Vargellas Vinha Velha é mais difícil de catalogar, reunindo um pouco de todos os outros. Voluptuoso, denso, profundo, complexo e fresco, é um vintage de enorme impacto, que coloca em evidência as grandes virtudes das melhores vinhas velhas.
Na Quinta de Vargellas existem algumas verdadeiramente excepcionais, tanto as da chamada primeira geração pós-filoxera, em socalcos de muros de pedra, como as mais novas, já mecanizadas e com cuidada selecção de castas mas plantadas nos socalcos de xisto de antigamente. Um novo modelo de viticultura de montanha que a Fladgate, sob a direcção de António Magalhães, tem vindo a implantar há cerca de 10 anos, baseado na necessidade de estabelecer um equilíbrio entre a mecanização, com a consequente simplificação das tarefas agrícolas, a qualidade das uvas e a preservação da arquitectura tradicional dos socalcos.
No vintage Taylor’s Vargellas Vinha Velha 2011 só entraram uvas das parcelas mais antigas (a mais longeva é de 1927) e, como é habitual, as quantidades produzidas foram pequenas: apenas 320 caixas. Cada garrafa vai custar 240 euros (o Croft custará 65 euros e o Taylor´s e o Fonseca 75 euros).