Fugas - Vinhos

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O vinho do Porto já tem um dicionário ilustrado mas só existe no Brasil

O dicionário é muito rico em detalhes e histórias que demonstram bem a dimensão universal do vinho do Porto. Uma das mais curiosas é relacionada com o “Clube do último homem”, criado na cidade belga de Gent no século passado. A história foi contada na edição de 3 de Dezembro de 1962 do Diário do Norte. Sessenta belgas criaram um clube fúnebre e fechado cujas vagas não podiam ser preenchidas pela morte de algum dos associados. Em lugar de destaque do clube foi colocada uma garrafa de vinho do Porto que só podia ser bebida pelo associado sobrevivente a todos os outros e no mesmo dia em que tivesse participado do funeral do último companheiro. Quando só restavam dois sobreviventes, um deles atirou: “E se a bebêssemos agora?”. Estavam a infringir os estatutos, mas os dois puseram-se de acordo e beberam a garrafa com sofreguidão, brindando à “felicidade dos seus defuntos amigos”.

 

A filoxera chegou a Portugal há 150 anos

O Dicionário Ilustrado do Vinho do Porto dedica, como não podia deixar de ser, uma entrada à filoxera, a praga que quase arrasou os vinhedos do Douro. Foi há precisamente 150 anos que se detectou o primeiro foco da doença, na Quinta dos Montes, na freguesia de Gouvinhas, concelho de Sabrosa. A devastação que se seguiu levou milhares de famílias à miséria e mergulhou a região duriense numa gravíssima crise social. Em 1883, vinte anos depois de a doença ter chegado ao Douro, tinham sido destruídos cerca de 15 mil hectares de vinha. Por se tratar de um dos acontecimentos mais marcantes da história do Douro e do vinho do Porto, Manuel Poças Pintão lamenta que a efeméride não esteja a ser recordada. No mínimo, defende que seja colocada uma placa evocativa na Quinta dos Montes, em homenagem “aos que sofreram com a tragédia e também aos que persistiram em continuar”.

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