É certo que ambos são vinhos fortificados e que como tal, com o aumento notório do grau alcoólico através da adição de aguardente, ganham automaticamente em longevidade O segundo grande grupo de vinhos quase imortais são os vinhos doces de sobremesa, vinhos de colheita tardia que poderão ou não ser rematadas com podridão nobre onde a gigantesca concentração de açúcar funciona como garante de uma vida quase eterna. Apesar de Portugal não ter tradição nem condições naturais especialmente admiráveis para elaborar este estilo de vinhos, ao contrário de países como a Alemanha, Áustria, França ou Hungria que têm maravilhado o mundo com vinhos tão transcendentais quanto os famosos Beerenauslese, Trockenbeerenauslese, Eiswein, Ausbruch, Sauternes e Tokaji, é impossível ficar impassível perante vinhos tão esplendorosos quanto os Grandjó 1925 e 1955, vinhos durienses de colheita tardia que ainda hoje assombram pela frescura e jovialidade.
Mas nem só os vinhos brancos doces ou fortificados são capazes de envelhecer bem e melhorar em garrafa. Entre os casos portugueses menos conhecidos de longevidade contam-se os Alvarinho de Monção e Melgaço, esses vinhos memoráveis que a maioria persiste em querer menorizar concedendo-lhes poucos meses de vida na garrafeira de lojas e restaurantes. Enganam-se redondamente! Os bons Alvarinho podem envelhecer em garrafa mais de trinta ou quarenta anos e podem melhorar significativamente durante pelo menos os primeiros vinte anos de vida, facto facilmente comprovável por quem já teve a felicidade de realizar provas verticais dos melhores produtores nacionais.
Talvez possa parecer ainda mais excêntrico mas existe um outro vinho branco, também ele oriundo da região dos Vinhos Verdes, capaz de envelhecer recheado de predicados, o fresco e perfumado Loureiro da região de Ponte de Lima. Infelizmente poucos acreditam na sua longevidade, muitos produtores da região incluídos, apesar de a prática demonstrar a excelência da casta e a garantia de um envelhecimento insigne, como alguns produtores da região bem o demonstram.
Depois surgem os grandes clássicos de Portugal, as apostas seguras que o tempo já apontou e que há muito comprovaram um grau de excelência notável. Entre estes merecem especial destaque os brancos do Palácio do Bussaco, vinhos inimitáveis de que ainda hoje se podem encontrar e beber no hotel homónimo alguns exemplares da década de quarenta do século passado. Vinhos únicos que o tempo não consegue vencer. Acrescentem-se alguns brancos de Colares desenhados com a Malvasia de Colares e alguns brancos do Dão, sobretudo quando incorporam no lote as castas Malvasia Fina, Verdelho ou Bical em conjugação com o grande Encruzado, e a lista de vinhos brancos consistentes e longevos de Portugal fica mais ou menos completa, para além de uma ou outra excepção que sempre ocorre.