Fugas - Vinhos

A paixão pelos vinhos a preços sensatos

Por José Augusto Moreira

Lua Cheia em Vinhas Velhas lança segunda colheita do Andreza Grande Reserva Tinto. Empresa está no mercado há cerca de três anos, já exporta mais de metade da produção e vê alguns dos seus vinhos esgotarem antes da nova colheita.

Ter vinhos das regiões mais apeteciveis e poder escolher as uvas e respectivas parcelas é certamente o sonho de qualquer produtor e a felicidade do enólogo, mas só em casos contados será possível conjugar todas as variantes. Mas é mais ou menos isso que se passa com a Lua Cheia em Vinhas Velhas, um produtor que está no mercado há apenas três anos, exporta já mais de metade da produção e vê alguns dos seus vinhos esgotarem ainda antes de lançada a nova colheita. A par da evidente qualidade dos vinhos, o segredo parece estar numa política de preços realista, aliada à eficácia da distribuição.

A empresa foi lançada em 2009, juntando a paixão e conhecimento de dois enólogos e a visão estratégica de um empresário. Manuel Dias, há muito detentor de uma experiente estrutura na área da distribuição, associou a sua perspectiva de negócio à paixão pelos vinhos e saber enológico de João Silva e Sousa e Francisco Batista. A ambição de fazerem vinhos de parcela, com personalidades e estilos distintos, levou-os até ao Douro, onde estabeleceram uma parceria com a Casa Agrícola Águia de Moura, com adega em Martim, Murça.

É com base em uvas de parcelas determinadas destas zonas de maior altitude da região do Douro que é elaborada a gama de brancos. Em geral povenientes de vinhas velhas tradicionais e detentoras de forte individualidade, cujos produtores não têm dimensão ou capacidade para proceder à própria vinificação. A gama Andreza é disso espelho fiel, com um varietal Códega do Larinho que bem expressa o poderio da casta e as especificidades do lugar. Um vinho de grande pureza, seco e fresco, que está à venda por menos de sete euros. E o mesmo se diga tanto em relação ao lote Viosinho/Verdelho, pelo mesmo preço, como ao topo de gama dos brancos, o Andreza Grande Reserva, que bem justifica os 14 euros com que aparece nas prateleiras.

Nos tintos é idêntica a filosofia da empresa, com lotes a serem feitos com base em uvas de parcelas escolhidas no Cima Corgo e Douro Superior. O Grande Reserva 2009 rapidamente conquistou os favores da crítica, tanto nacional como internacional, que sempre sublinhava a boa relação qualidade-preço. A colheita seguinte não atingiu a qualidade exigida, mas acaba de ser lançada agora a colheita de 2011, apenas com as tourigas, Nacional e Franca. Um vinho intenso, poderoso e ainda com toda elegância da fruta. Boca muito elegante, sensações de fruta fresca e madura e tanino ainda vivo e a prometer muito boa evolução. O ideal seria mesmo que pudesse esperar mais uns tempos para atingir a plenitude, mas a ânsia do mercado parece ter ditado esta espécie de parto prematuro. Pelo preço, 17 euros, parece valer bem a pena reservar algumas garrafas para os próximos anos. A gama de tintos do Douro completa-se com o Andreza Reserva, que se fica pelos sete euros na venda ao público. Mais baratos ainda, o Lua Cheia em Vinhas Velhas, abaixo dos cinco euros, e o Colleja, um vinho de combate na casa dos três euros que é praticamente todo absorvido pela exportação.

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