Fugas - Vinhos

  • Nelson Garrido
  • Este champanhe, Cristal Orfèvre 2002, custa cerca de 20 mil euros
    Este champanhe, Cristal Orfèvre 2002, custa cerca de 20 mil euros DR/Champagne Louis Roederer/N. Maddox
  • Ataíde Semedo Cuvée - Bruto 2012. Um bom espumante por 8,5 euros
    Ataíde Semedo Cuvée - Bruto 2012. Um bom espumante por 8,5 euros
  •  Luiz Costa Pinot Noir & Chardonnay Bruto Natural 2010: espumante a 16 euros
    Luiz Costa Pinot Noir & Chardonnay Bruto Natural 2010: espumante a 16 euros
  • Andre Clouet Silver - Brut Nature: Um bom champanhe a 38,5 euros
    Andre Clouet Silver - Brut Nature: Um bom champanhe a 38,5 euros

Celebrar o réveillon a «beber estrelas»

Por Pedro Garcias, José Augusto Moreira

Não há outra bebida que espelhe e exalte tão bem a magia da passagem de ano. Resumimos-lhe a sua história e sugerimos desde champanhes de "perder a cabeça" a outros mais económicos e até espumantes de primeira. De 8,5 a quase... 20 mil euros.

Alguém se imagina a brindar ao novo ano sem um copo de vinho a borbulhar? Mesmo quem não aprecia o género não resiste a beber uma flute de champanhe ou de espumante quando soam as 12 badaladas, porque na verdade não existe outra bebida que sublime tão bem esse momento festivo. O seu borbulhar constante é, em si mesmo, mágico e divertido, encarnando o espírito feérico da celebração.

Quando o bebemos, o vinho formiga na boca e chega directamente ao cérebro, deixando-nos bem dispostos. O efeito é tal que Dom Pérignon, depois de ter inventado o champanhe, terá chamado um monge para partilhar a descoberta e proferido a famosa frase: “Venha depressa provar! Estou a beber estrelas!”.

Hoje, é mais ou menos consensual que Dom Pérignon não foi o inventor do champanhe. A ligação do monge ao advento da bebida terá começado com uma campanha publicitária lançada durante a Feira Mundial de Paris, em 1889. De acordo com o livro A Viúva Clicquot: a História de um Império do Champanhe e da Mulher que o Construiu, da norte-americana Tilar J. Mazzeo, o champanhe nem sequer é uma criação francesa. Terá sido inventado por ingleses entre os séculos XVII e XVIII e produzido e comercializado em larga escala pelos franceses a partir do século XIX.

O melhor da história é que o método champanhês se foi expandindo para outros lugares, ao ponto de haver hoje no mercado milhares de marcas de vinhos similares ao champanhe. Muitas são tão boas ou melhores do que a maioria dos vinhos provenientes da região francesa que deu nome à bebida e custam muito menos. Em Portugal, também há cada vez mais espumantes capazes de substituir um bom champanhe. E, embora o melhor champanhe, tal como o vinho do Porto, seja único e irrepetível, já não precisamos de pagar exorbitâncias para “beber estrelas”. Acredite: por poucos euros, há espumantes que também nos podem levar ao céu.

Champanhes de perder a cabeça

Louis Roederer Cristal
A casa Louis Roederer — proprietária da portuguesa Ramos Pinto — criou este ano um novo ícone do champanhe, um objecto de desejo acessível a muita pouca gente. Chama-se Cristal Orfèvre 2002 e custa cerca de 20 mil euros. Quem comprar esta Jeroboam (garrafa de três litros) não compra só um champanhe extraordinário, compra também uma garrafa produzida de forma artesanal por dois ourives mestres e banhada a ouro de 24 quilates. Uma jóia, portanto. A Louis Roederer produziu apenas 400 garrafas: 200 para vender este ano e as restantes em 2014. Não desanime: se o seu interesse é apenas a bebida, pode comprar por “pouco mais” de 200 euros o também famoso e exclusivo Louis Roederer Cristal.

Krug Clos Du Mesnil
Um champanhe mítico. Uma garrafa normal das melhores colheitas pode chegar a custar mais de 1000 euros (em algumas garrafeiras nacionais, é possível encontrar lançamentos mais recentes por menos de 200 euros). O vinho é proveniente de um único vinhedo de 1,85 hectares situado na zona de Mesnil-sur-Oger, um dos melhores terroirs da região de Champagne para a casta Chardonnay.

Clos du Moulin Brut Premier Cru
É um dos raros clos da região de Champagne. O termo clos, muito comum na Borgonha, é aplicado a um vinhedo pequeno rodeado de muros. Topo de gama da casa Cattier — que possui 30 hectares de vinha própria no coração de Champagne, entre Epernay e Reims —, é um champanhe sem a aura do Krug ou do Cristal mas igualmente muito bom. Está à venda no El Corte Inglès a 150 euros.


Champanhes bons e baratos

Andre Clouet Silver - Brut Nature
Um belíssimo champanhe a um preço extraordinário. É um zero dosage (sem um grama de açúcar residual) não datado. Proveniente de Bouzy, uma das poucas zonas de champanhe com a classificação de Grand Cru, é um blanc feito apenas com uvas Pinot Noir. Seco, austero e raçudo, passa pela boca como água de bosques primordiais, inundando-a de um frescor e de uma pureza mineral admirável. Custa 38,50 euros. Pode não ser fácil de encontrar. Em Portugal é distribuído pela Direct wine (www.directwine.pt)

Pol Roger Brut Reserve
Não podendo comprar o exclusivo Pol Roger Cuvée Sir Winston Churrchill, este Pol Roger Brut Reserve é uma alternativa muito mais barata e igualmente prazerosa. Tem uma mousse delicada, fruta expressiva e aquela frescura que se espera de um bom champanhe. Está à venda em algumas garrafeiras a pouco mais de 40 euros.

Taittinger Brut Reserve

O melhor da Taittinger é o fabuloso Comtes de Champagne Blanc de Blancs. Mas não custa os 34 euros deste Brut Reserve. Composto por mais de 35 lotes de Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, é um champanhe muito aromático e versátil.


Espumantes tão bons como Champanhe 

Luiz Costa Pinot Noir & Chardonnay Bruto Natural 2010
Criado para homenagear o homem que foi o rosto e a alma das Caves São João, este espumante da Bairrada tem um estilo muito champanhês, a começar pelas castas utilizadas. Delicado e tenso, persiste de forma duradoura na boca, deixando uma exaltante sensação de frescura. Provado às cegas, passava por um champanhe dos bons e bastante mais caros. Está no mercado a 16 euros.

Murganheira Vintage Bruto 2006
Um dos melhores espumantes portugueses. De bouquet muito complexo, revelando já algumas notas de evolução, possui uma mousse delicada mas vibrante. Mal toca a língua parece ganhar vida, explodindo no palato (e logo no cérebro) como uma girândola de fogo (neste caso, de acidez, gás e, mais subtilmente, fruta). Custa 25 euros.

Condessa de Santar Branco 2011
Muito francês no estilo mas genuinamente português no conteúdo. É muito intenso, suave e fino, este borbulhento do Dão que se afirma também pela grande elegância e intensa mineralidade que revela na boca. Elaborado com base na casta Encruzado, que nesta versão de 2011 é temperada com Arinto e Cerceal, o vinho é totalmente fermentado em barricas de carvalho francês, com três meses de bâtonage que lhe conforma o estilo. Envolvente e saboroso, com final longo e muito delicado. Sai para o mercado a 19,70€
J.A.M.

 
Espumantes que são um achado

Ataíde Semedo Cuvée - Bruto 2012
Mais jovem do que o magnífico Ataíde Semedo Millésime Bruto 2011 (ver FUGAS da semana passada), este Cuvée tem a vantagem de, sendo mais barato, servir para brindar ao novo ano e de ser ainda mais gastronómico. Como possui uma fabulosa acidez, acompanha qualquer tipo de comida e ajuda a descansar (refrescar) o palato do vinho que se possa beber antes. Vende-se a 8,5 euros.

Caves São Domingos - Elpídio Bruto
Um clássico da região-mãe dos espumantes portugueses cujo nome homenageia o fundador da empresa. Aroma elegante e acidez cítrica ao melhor estilo da Bairrada, notando-se também algum fruto seco por entre a bolha cremosa e crocante. Elegante e festivo, mas também apto para comidas leves e crocantes. Custa 8€
J.A.M.

Marquês de Marialva Blanc de Noirs
Branco de tintas exclusivamente da casta Baga, cujo perfume e frescura marcam este espumante que não pára de acumular prémios nos mais variados concursos. Ao mais puro estilo bairradino, mostra mais a fruta que a acidez, o que o torna num bom companheiro a mesa, sobretudo com comidas que pedem frescura. Elegante e saboroso, até no preço de 5€.
J.A.M 

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