Quando ainda vivia em Lisboa, em 1999, o gestor e engenheiro informático decidiu formar-se também em enologia em Vila Real, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Sem raízes na região, mudou-se com a família para o Douro no ano seguinte e foram cinco anos de procura incessante até encontrar no belo anfiteatro de Foz Torto o local com as condições que tinha idealizado. No coração da região vinhateira, com localização e exposição (sul e poente) privilegiadas e ainda por cima com uns belíssimos três hectares de vinhas velhas plantados em socalcos na parte mais vistosa da quinta. No mais, houve que replantar a quase totalidade da vinha, o que foi feito com as castas tintas recomendadas para a região.
Qualidade em poucas garrafas
Para a produção de brancos, houve que adquirir uma pequena parcela nas zonas altas de Murça. São apenas 0,6 hectares com cerca de três mil pés de vinha velha na exclusiva localidade de Porrais, antes pertença de um produtor local e cujas uvas costumavam ser utilizadas na produção do famoso Redoma, da casa Niepoort.
Da produção de 2011 foram feitas 1900 garrafas de um vinho que se define pela elegância, complexidade e um delicioso amargo final que lhe confere grande aptidão gastronómica. Na versão 2012, lançada recentemente, com apenas 1100 garrafas ao preço de 21 euros cada, o vinho como que refina todas aquelas qualidades, mas sublinhadas agora por uma fina e assertiva mineralidade que o tornam num dos mais promissores brancos da produção nacional.
Nos tintos, são engarrafadas as versões Colheita (12 euros) e Vinhas Velhas (28 euros), com 3300 e 2300 garrafas, respectivamente. Depois da colheita de 2010 foram agora lançados os 2011, que confirmam as características de frescura, elegância e equilíbrio, mas agora ainda menos marcadas pela discreta presença da madeira.
Além das evidências de fruta vermelha, fresca e madura, e dos aromas de especiarias e da natureza, há no Vinhas Velhas uma percepção de estrutura e equilíbrio particularmente sedutora. Como que condensa todas as virtudes de fruta, potência e volume de um grande Douro, mas com a serena elegância dos grandes vinhos do mundo.