Fugas - Vinhos

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O melhor da Dão Sul está em Santar


Entrevista a Osvaldo Amado
“Queremos continuar a ser líderes do Dão”

Os valdo Amado lidera a equipa de enologia da Dão Sul desde 2011, substituindo no cargo Carlos Lucas, um dos fundadores. Nesta entrevista fala sobre os desafios que se colocam ao Dão e traça o rumo da empresa, que está a desinvestir noutras região para se concentrar no território de origem.

Para onde vai o Dão?
A resposta não é fácil. Neste momento, a região passa por caminhos menos agradáveis, mas acredito que em breve vai retomar o rumo e a dignidade que merece. O Dão tem vinhos distintos, nobres e sem comparação, mas na realidade os factos mostram que tem andado por caminhos tortuosos.

E porquê?
Em parte por ausência de divulgação, mas precisamos também de ser uma região mais unida e com mais entreajuda entre todos os agentes, para assim sermos mais fortes e podermos fazer-nos ouvir mais rapidamente. E necessitamos também de fazer aquilo que os outros têm feito, que é divulgar o que de muito bom se faz nesta região.

O que falta ao Dão para deixar de ser uma eterna promessa?
Apoios institucionais mais fortes, mas também empresários mais arrojados e enólogos extrovertidos, mais comunicadores, expostos ao mundo e capazes de dar o corpo às balas. É que já não somos só uma região de promessa, somos uma região com vinhos. Isso temos! As pessoas não falam, o consumidor não compra, mas quando os damos a provar as pessoas reconhecem que são vinhos ímpares. Tanto os tintos como alguns brancos. A região é versátil e faz também licorosos ou vinhos de sobremesa e espumantes distintos. Há poucas regiões em Portugal com essa versatilidade. Notoriamente, o que nos falta aqui é divulgação. Precisamos de chegar ao consumidor, fazer ver que esta é uma região de tradição. Não se ouvia falar de outras regiões há 15, 20 anos. Havia os vinhos do Dão, os vinhos da Bairrada e havia o vinho do Porto. Quem é que ouvia falar das outras regiões, quem é que ouvia falar do vinho Douro? Chamavam-lhe ‘vinho de pasto’ e agora é o que é. E o mesmo passa-se com o Alentejo. O Dão e a Bairrada estão hoje notoriamente menos bem, mas foram estas regiões que deram grandes nomes e grandes marcas aos vinhos portugueses.

Qual é o rumo da Dão Sul?
O objectivo é continuarmos a ser líderes no Dão, sem qualquer tipo de ruptura ou mudança de conceito. Tudo aquilo que é feito nas propriedades fora do Dão continua, obviamente, a merecer a nossa atenção, mas estamos a centrar-nos cada vez mais no Dão, na região das Beiras.

É um regresso às origens?
Numa linguagem mais corrente, diria que sim. O nosso foco central é o Dão, é o nosso caminho e onde sentimos que conseguimos fazer a diferença no resto do mercado. Porque decididamente não somos alentejanos, não somos durienses, dominamos mal aqueles mercados, conhecemos mal aquelas vinhas e aqueles locais, enquanto aqui é o nosso berço e a nossa raiz

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