Fugas - Vinhos

Carlos Lopes

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Madeira, electricidade engarrafada

Resistência e tenacidade que se estendem aos sete produtores que sobrevivem na ilha, casas que foram capazes de resistir às sucessivas catástrofes “naturais” da filoxera, míldio e oídio, às muitas crises políticas e convulsões sociais, às crises cíclicas dos principais mercados de exportação, aos custos próprios da insularidade, aos custos inerentes à manutenção de vinhas divididas por propriedades muito emparceladas onde, graças às condicionantes da geografia e orografia da ilha, tudo continua a ter de ser feito à mão.

O denominador comum dos vinhos é a acidez vibrante, a frescura estremada, a tensão permanente, a capacidade ímpar para elevar o espírito em cada aventura por um dos quatro estilos diferentes, desde os mais secos e graves até aos mais doces, pecaminosos e voluptuosos.

Curiosamente, e sobretudo estranhamente, enquanto se assiste a um revivalismo e renovar de interesse internacional pelos vinhos da Madeira, em Portugal, tanto na ilha como no continente, os vinhos continuam a ser pouco valorizados. Ainda há muitos que os consideram desadequados, pouco motivadores, algo envelhecidos e eventualmente decadentes, vinhos próprios das gerações passadas. Quem pensa assim não faz ideia do que está a perder…

 

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