Fugas - Vinhos

Os novos vinhos de Dirk Niepoort

Por Pedro Garcias

Criador incansável, Dirk Niepoort tem em adega três novos vinhos que prometem surpreender o mercado e trazer muitas alegrias aos enófilos. Um deles, o Turris, do Douro, vai passar a ser o novo topo de gama da empresa.

Na última Essência do Vinho, no Porto, Dirk Niepoort apresentou os vinhos da sua vida e, se alguém contava ir provar brancos e tintos da Borgonha, raridades da Áustria e da Alemanha e coisas afins, só acessíveis a uns poucos, teve uma surpresa: Dirk seleccionou apenas vinhos a que está ligado familiarmente ou que o próprio criou; e a experiência valeu a pena, porque se pôde revisitar vinhos extraordinários como os Robustus 1990 e 2004 (Douro) e os Niepoort Porto 1931 e Garrafeira 1977, experimentar a nova versão (para melhor) do branco Tiara e conhecer três tintos novos, todos a lançar este ano.

São três vinhos extraordinários que espelham bem o “gosto” de Dirk e que abrem novos caminhos para o Douro, a Bairrada e o Dão, as regiões onde aquele produtor já está presente com vinhas próprias. O primeiro vai chamar-se Turris e é um tinto do Douro, da colheita de 2012, proveniente da vinha mais velha da Niepoort. Irá ser o novo topo de gama. Cada garrafa vai custar 125 euros. A vinificação foi feita em cuba com 15% de engaço. As uvas foram sujeitas a uma maceração prolongada mas sem grande extracção e o vinho estagiou depois em pipas de mil litros com mais de 60 anos. É um tinto muito fino e directo, cheio de garra e frescura e com taninos muito bem afinados. Cresce na boca de forma admirável, mostrando grande pureza e mineralidade. Um vinho fabuloso que é o oposto do padrão do vinho tinto duriense (encorpado e concentrado).

Da Bairrada, onde a Niepoort comprou a Quinta de Baixo, Dirk deu a conhecer um Baga de 2012, um blend de diferentes vinhas (a mais nova tem 80 anos) e de diferentes métodos de vinificação. Com este vinho, Dirk prova que, nos melhores anos, é possível fazer tintos de Baga com potencial para durarem décadas mas bebíveis mais cedo do que é habitual. Apesar de ser de 2012, apresenta uma elegância surpreendente. Mas o que mais emociona é a sua pureza e frescura, a definição da fruta, o equilíbrio geral. Vai sair com o nome de Poeirinho (designação local para casta Baga) e irá custar 35 euros.

A terceira novidade revelada por Dirk Niepoort foi um tinto do Dão, também da colheita de 2012, produzido com uvas de duas parcelas muito velhas situadas junto à Quinta da Lomba, a propriedade que a Niepoort adquiriu no concelho de Gouveia. Grande parte do lote é composto por Baga (há quem defenda que esta variedade é natural do Dão e não da Bairrada) e é um tinto deslumbrante. Tem o mesmo carácter vinoso e a mesma pureza do Turris e do Poeirinho, mas, nesta fase, possui mais boca e consegue ser ainda mais elegante e harmonioso. Ainda não tem nome, nem preço.

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