Fugas - Vinhos

Continuação: página 2 de 2

Quem conhece os vinhos portugueses?

Para confirmar tal condição basta viajar um pouco pelo mundo, o que nos está mais próximo e o que queda mais distante, e visitar garrafeiras, supermercados, lojas de conveniência e demais pontos de venda para verificar que os vinhos portugueses raramente estão presentes. Basta visitar restaurantes, de todos os estilos e para todas as bolsas, e verificar que os vinhos portugueses raramente surgem na carta, raramente marcam presença mesmo nas propostas de cartas mais abrangentes e com uma vocação mais internacional.

Basta olhar para os Estados Unidos, o maior mercado de vinhos do mundo, um mercado onde a presença portuguesa é essencial, não só pela venda directa mas também pela pressão mediática que uma presença forte poderia ter junto daquela que é a crítica de vinhos mais influente do planeta, para descobrir a raridade da presença de vinhos nacionais nas cartas de vinho de qualquer restaurante. E se em Nova Iorque ainda conseguimos encontrar um ou outro caso de visibilidade, mesmo que muito esbatida, no resto do país podemos passar semanas a visitar restaurantes em grandes cidades sem encontrar uma única referência a qualquer vinho português O pior é que nesses mesmos restaurantes repetem-se sugestões de vinhos franceses, italianos, espanhóis, argentinos, chilenos, australianos, sul-africanos e neozelandeses, para além, claro, da presença esperada de vinhos locais.

O mesmo se passa em Hong Kong, em quase todos os estados do Canadá (para além das excepções de Ontário e Quebeque), na América Latina (com excepção do Brasil), em todo o continente asiático e em toda a Oceânia. Mesmo na Europa, a presença portuguesa continua a ser minimalista e sempre episódica e subalterna. Basta entrar em qualquer uma das muitas garrafeiras espalhadas pela Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, Áustria, Irlanda ou qualquer outro país europeu para descobrir que enquanto países como França, Alemanha, Austrália, Chile e tantos outros dispõem de um expositor próprio, ou um grupo de expositores, os vinhos portugueses continuam a estar arrumados na prateleira inferior do expositor espanhol… ou em alternativa no expositor intitulado “outros países”, onde surgimos ao lado de Israel, Bulgária, Chipre, Geórgia ou Malta.

Perante tal realidade, só nos resta concluir que, apesar do esforço de promoção titânico que os vinhos portugueses têm realizado ao longo dos últimos anos, ainda temos muito caminho pela frente.

 

--%>