Porém, e apesar da magnificência de muitos vinhos brancos, apesar de os vinhos se adaptarem com facilidade a todas as estações do ano, o consumo dispara durante os meses de Verão, durante o período estival que se avizinha. Com ou sem razão, é no Verão que o vinho branco ganha verdadeiro protagonismo, sobrepondo-se à paixão pelo vinho tinto mantida durante o resto do ano. Essa maioria privilegia os vinhos mais fáceis e frescos, vinhos que proporcionem essa sensação de leveza e simplicidade que procuramos quando o calor aperta.
Poucas regiões conseguem satisfazer melhor esta causa que a região do Vinho Verde, denominação capaz de proporcionar vinhos minerais, frescos, tensos e com baixa graduação alcoólica. Claro que a região não se resume a vinhos simples e directos, sendo capaz de produzir alguns dos vinhos brancos mais sérios e complexos de Portugal. Mas é igualmente capaz de encantar no capítulo dos vinhos descomplexados, proporcionando alegria e viço. Num estilo relativamente semelhante, a região de Lisboa institucionalizou o género “vinho leve”, com direito a designação protegida, vinhos de baixa graduação alcoólica muito leves e prazenteiros que poderão ser irrepreensíveis durante os meses de estio.
Mas as facilidades estendem-se igualmente à Península de Setúbal, onde o Moscatel, tanto na versão extreme como em combinação com outras castas, pode fazer maravilhas, dando azo a vinhos apetecíveis e fáceis. A Bairrada, nomeadamente quando o protagonismo é cedido à casta Maria Gomes, também facilita vinhos perfeitos para o Verão, vinhos descomprometidos e de entendimento fácil, de apelo imediato e frescura garantida pela acidez tradicional da região. Embora sejam pouco conhecidos no continente, os vinhos regionais madeirenses são tal-qualmente perfeitos para acompanhar os meses de calor, sobretudo quando assentes na casta Verdelho e elaborados por produtores que não sintam medo de expressar a acidez natural da ilha da Madeira.