Fugas - Vinhos

DR

Continuação: página 2 de 2

«Sacrificar o carácter e estilo típico português para seguir o padrão mundial é perigoso e desaconselhável»

Há alguma região portuguesa que, na sua opinião, mereça especial reconhecimento pelo trabalho feito, ou não encontra distinções regionais na oferta dos vinhos portugueses?

As distinções regionais encontradas em Portugal são extraordinárias. Para quem gosta de explorar, experimentar e aprender Portugal é um prato cheio. O Alentejo merece reconhecimento por fazer vinhos exuberantes, frutados e fáceis de entender. A qualidade dos vinhos do Douro nunca foi tão alta. A região de Lisboa está a produzir vinhos com uma excelente relação custo/beneficio. Nos últimos anos a região do Minho vem demonstrando que, além de qualidade, apresenta vinhos mais consistentes e isso é importante para o consumidor. A região do Dão parece não receber o destaque que merece. Mesmo dentro dessa pequena região existe uma diversidade de estilos raramente encontrada em outras partes do mundo. Recentemente, tive a oportunidade de degustar vinhos excelentes e acho que esses produtores merecem mais reconhecimento do consumidor internacional. No passado, o vinho português de qualidade era exclusivamente associado com os vinhos da região do Douro. Existem hoje várias regiões que merecem a atenção do consumidor.

Se tivesse de deixar um elogio e uma crítica aos produtores portugueses, o que lhes diria?

Eu tenho orgulho de poder participar do sucesso que os vinhos portugueses estão a ter no Brasil. Para fazer um bom trabalho deve-se realmente acreditar na qualidade dos vinhos que estão no mercado, na integridade pessoal e capacidade profissional das pessoas envolvidas. Sendo assim, a mensagem é honesta, verdadeira e parece ter mais força e poder. Eu tenho plena confiança no trabalho que está a ser desenvolvido e isso é um elogio a todos produtores e profissionais com quem eu tenho tido contacto nos últimos anos. Pelo facto de estar mais intimamente ligado com Portugal nos últimos anos, tenho a sensação que, apesar da indústria de vinhos estar actualmente numa fase muito boa, o melhor ainda esta por vir.

Em relação a uma crítica construtiva, e eu sei que o tema é um pouco delicado, devo ser honesto. Eu pessoalmente prefiro o som, o teatro e a tradição da rolha. A indústria de cortiça investiu grande capital e energia nos últimos anos e realmente demonstrou aprimoramento. Entretanto acredito que existem alternativas que devem ser exploradas, principalmente por produtores de vinhos brancos aromáticos e vinhos feitos para o consumo a curto prazo. Acredito que os produtores portugueses estão atrasados em relação aos outros países e quem acaba pagando por isso é o consumidor.

--%>