Fugas - Vinhos

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    Quinta da Romaneira Paulo Ricca
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    João Carlos Paes Mendonça Nelson Garrido
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    O enólogo Anselmo Mendes Fernando Veludo/nFactos

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As paixões cruzadas pelo vinho entre Portugal e o Brasil

Este ano, os vinhos com a sua marca estão já a estagiar. Num permanente vaivém só interrompido pelos rigores do Inverno duriense, o empresário acompanha o ciclo da videira, ensaia estratégias comerciais e continua a deslumbrar-se com a região. "O Douro é uma coisa diferente, é uma coisa realmente fantástica, é relaxante", diz. Pelo caminho, vai cimentando relações com a vanguarda da produção regional, do enólogo Dirk Niepoort ao gestor Tomás Roquette, da Quinta do Crasto. A sua ambição é grande, mas o vinho não será para ele mais um investimento. "Não queremos mais propriedades. Nós não queremos perder, mas este não é o nosso negócio. É quase um hobbie, porque é uma alegria ver o que é aquela região", justifica. M.C.

André Esteves, entre a banca e os socalcos

No cimo da montanha, é impossível não reparar na beleza arquitectónica da adega nem na sua integração na paisagem. Mas o que se vê aí é apenas um prenúncio do que se segue. Na descida da encosta da Quinta da Romaneira que chega até à margem direita do rio Douro encontram-se algumas das mais belas paisagens do Douro. Há pouco mais de dez anos, o gestor da vizinha Quinta do Noval e do ramo vinícola da seguradora francesa Axa, o inglês Christian Seely, conseguiu reunir um grupo de 11 investidores de todo o mundo para resgatar a Romaneira do abandono. Fizeram-se novas plantações, construiu-se um hotel de luxo, fez-se um plano para colocar a velha quinta no topo da produção regional de DOC Douro e Porto.

A meio caminho desta aventura, a financeira francesa IDI recomprou as acções desses investidores iniciais, a maioria grande accionistas da seguradora francesa AXA, e esperou pela hora de revender com lucro. Como é hábito, o interesse da IDI é exclusivamente financeiro e satisfaz-se quando houver uma oportunidade de revender com lucro a participação adquirida. No final de 2012 essa oportunidade chegou, quando o banqueiro carioca André Esteves, do BTG Pactual, decidiu avançar para o controlo desta quinta majestosa.

Esteves é um apaixonado pelos grandes vinhos – além de ser um génio da finança que o tornou em poucos anos um dos homens mais ricos do Brasil. Depois de adquirir 80% do capital da Romaneira por uma verba estimada em 22 milhões de euros, comprou uma propriedade histórica na Toscana, Itália, por um valor que a imprensa italiana situou nos 50 milhões. O seu investimento no Douro está ainda em fase de afirmação, mas a capacidade de produção da Romaneira dificilmente justificariam, em termos estritos de retorno financeiro, o investimento.

André Esteves não parece preocupado com esse cenário. Para ele, o que conta é o sítio, a memória do sítio e a expectativa de que a Romaneira seja capaz de criar vinhos de classe mundial como a vizinha Noval. O que não é difícil. As vinhas são vizinhas, Christian Seely, dono de 20% do capital da Romaneira, é quem gere a Noval e o enólogo, António Agrellos, um dos mestres mais conceituados do Douro, é o mesmo. Os dados estão lançados e para já Christian Seely está confiante na parceria com André Esteves. "Ele percebe o potencial dos vinhos tintos do Douro e acho que podemos ter um futuro interessante na Romaneira". M.C.

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