Fugas - Vinhos

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As paixões cruzadas pelo vinho entre Portugal e o Brasil

Para os portugueses, as últimas décadas suscitaram entretanto uma nova forma de encarar com interesse o Brasil. Agora, o gigante da América do Sul já não é visto apenas como um lugar onde se consomem vinhos. É também um país que começa a exibir credenciais como produtor, principalmente nas encostas mais temperadas do Sul ou, à custa da ciência e da enorme disponibilidade de água, no vale do rio São Francisco. Para a Dão Sul, uma das empresas pioneiras na exploração dessa região no Nordeste, estar perto de um país cuja produção está em forte crescimento é estratégico.

Hoje, o Brasil continua a ser um destino importante para os vinhos portugueses. No ano passado, as empresas nacionais exportaram para os portos brasileiros 9.4 milhões de litros de vinhos, na sua esmagadora maioria engarrafados e provenientes de regiões com direito a certificação de qualidade (DOC ou IPG). Em média, cada litro foi vendido a 9.16 2.97 euros, embora a carga fiscal sobre a importação e os lucros dos importadores e revendedores tenham feito subir esse preço médio no consumo para valores no mínimo três vezes superiores. Ao todo, as vendas dos vinhos portugueses no Brasil representaram em 2013 um valor próximo dos 28.2 milhões de euros.

Para um negócio que representa exportações na ordem dos 700 milhões de euros, a importância do Brasil é evidente. Na lista dos principais destinos dos vinhos portugueses, o país está em oitavo lugar. Mas se olharmos apenas para o padrão de consumo no Brasil, nota-se que em cada 100 garrafas abertas, 12 foram produzidas pelas empresas portuguesas. Em 2012, os vinhos estrangeiros mais vendidos no mercado brasileiro foram os chilenos seguidos dos argentinos, o que se compreende face às facilidades fiscais de acesso concedidas pelo Brasil aos países do Mercosul. Depois aparecem os franceses e, muito perto, dos portugueses. E se formos à procura das variações entre os Estados, o que se nota? Que a quota portuguesa no mercado carioca ronda os 20%, em São Paulo 18% e no Pernambuco 51.5%. Por oposição, no Rio Grande do Sul é quase inexistente (1.1%).

João Carlos Paes Mendonça, um nordestino convertido ao Douro

Em 2000 o empresário João Carlos Paes Mendonça fez um negócio para a vida. Vendeu 50% do capital da cadeia de supermercados Bompreço e, de acordo com a imprensa brasileira, arrecadou uma verba estimada em 200 milhões de euros a preços da época. Só que, em vez de relaxar, Paes Mendonça acelerou. Construiu então uma rede de 12 centros comerciais modernos nas cidades do Nordeste em franco crescimento económico e populacional, mas, mesmo assim, "precisava de alguma coisa para me ocupar". E foi assim que, quase naturalmente, começou "a pensar no vinho", diz o empresário no seu escritório situado no topo de uma torre moderna, com vista para a Praia do Pina, numa região privilegiada do Recife.

"Então fui ao Douro", recorda Paes Mendonça, e nessa viagem "me apaixonei". Começou a procurar uma quinta na região e pouco tempo depois a paixão consumou-se com a compra da imponente Quinta da Fonte do Toiro, na zona da Folgosa, a meio caminho entre a Régua e o Pinhão, que entretanto rebaptizou de Quinta Maria Izabel em "homenagem a todas as mulheres brasileiras". Ao todo, a quinta tem 135 hectares de área, dos quais 70 estão plantados com vinha e 15 com olival. Uma propriedade de grande dimensão para o padrão médio do Douro, portanto. Aí Paes Mendonça quer produzir meio milhão de garrafas de tintos, brancos e de vinho do Porto de gama superior, com a ajuda da enóloga Gabriela Canossa. "Queremos fazer o melhor da região, algo que possa divulgar o melhor do Douro", diz.

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