Anselmo é também consultor na Vinícola Hermann, em Pinheiro Machado, na Serra do Sudeste, no Estado do Rio Grande do Sul - a grande região de vinho do Brasil e onde o custo de produção de um quilo de uvas é cinco vezes inferior ao custo em São Joaquim. O projecto começou há oito anos, com a compra de umas vinhas já com alguma idade e meio abandonadas que tinham sido plantadas por um português. Nessas vinhas, Anselmo teve uma grande surpresa, quando descobriu um hectare de Alvarinho (a casta que melhor domina) catalogado como Gouveio. "Ou se enganaram ou não sabiam o que tinham", diz. A grande aposta do produtor brasileiro em variedades brancas é, no entanto, o Chardonnay (base de todos os espumantes produzidos pela família Hermann, de origem alemã). Nos tintos, juntamente com alguma castas internacionais, Anselmo testou a portuguesa Touriga Nacional e os resultados, assegura, têm sido animadores. P.G
Covela e Boavista: Um brasileiro e um americano no Douro
Em Julho de 2011, o empresário brasileiro Marcelo Lima (proprietário do grupo Artesia) e o jornalista americano Tony Smith (ex-correspondente em Portugal da Associated Press) compraram por cerca de 2,8 milhões de euros a massa falida da quinta da Covela, situada na região dos Vinhos Verdes mas voltada para o rio Douro, na transição entre o granito do Minho e o xisto do território duriense. O negócio não foi fácil. Apesar do objectivo inicial ser a compra de uma quinta no Douro, a dupla já antes tinha tentado adquirir (sem sucesso) aquela propriedade, que chegou a pertencer à família do cineasta Manoel de Oliveira antes de ser comprada pela firma Ramos Pinto logo a seguir à Revolução de Abril de 1974 e vendida em meados da década de 90 a Nuno Araújo (em 2007, este empresário avançou com um grande investimento imobiliário na quinta, na sequência do qual a Covela acabou nas mãos do banco BPN).
Depois de uma primeira tentativa falhada, Marcelo e Smith acabaram por convencer o BPN (já falido e nacionalizado) a venderem a quinta pelo mesmo preço que tinham oferecido anos antes. Foi um belo negócio: por 2,8 milhões de euros, compraram uma quinta de 34 hectares, dos quais 19 são de vinha, com adega, casa de quinta, três modernas moradias, um velho e arruinado solar do século XVI, capela e uma marca de vinho já com alguma fama.
Depois de terem gasto mais um milhão de euros na recuperação da Covela e no relançamento, bem-sucedido, dos vinhos, Marcelo e Smith conseguiriam finalmente cumprir o plano inicial: em 2013, compraram a Quinta da Boavista, no Douro, à Sogrape, o maior grupo de vinhos português. O negócio apanhou toda a gente de surpresa, por se tratar de uma quinta histórica do Douro (está ligada ao Barão de Forrester), com 39 hectares, localizada no coração da região e cujas uvas se destinavam ao vinho do Porto Offley (o montante não é conhecido). Na mesma altura, os donos da Covela adquiriram também a marca Quinta das Tecedeiras, do Douro. Os primeiros vinhos da Boavista só irão chegar ao mercado em 2015. P.G.