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As paixões cruzadas pelo vinho entre Portugal e o Brasil

Global Wines, do Dão para o sertão

Em 2002, o grupo português Global Wines adquiriu a Vitivinícola Santa Maria, junto ao rio São Francisco (Pernambuco), e, em poucos anos, conseguiu algo inimaginável até então: produzir vinhos de qualidade no sertão nordestino, numa zona de clima semi-árido (35 graus centígrados em média) e a uma latitude (paralelo 8) quase interdita para a cultura da vinha. O projecto, designado Vinibrasil, pode ser perfeitamente enquadrado no chamado Novo Mundo, mas, para a crítica inglesa Jancis Robinson, os vinhos da Global Wines no Brasil pertencem a uma outra categoria: "Nova Latitude".

Recorrendo a técnicos e investigadores portugueses, a Global Wines transformou parreirais destinados à produção de vinagre em vinhedos a sério, equipados com modernos sistemas de fertilização e irrigação. A mesma videira produz duas vezes por ano e quase todos os meses há vindima. Ao lado de uma vinha acabada de podar é possível ver outra com os cachos verdes e outra pronta a vindimar. Apenas na época das chuvas, entre Novembro e Janeiro, é que não são feitas vindimas nos 120 hectares de vinha existentes (mais um campo experimental de 12 hectares), inseridos numa fazenda com cerca de 1350 hectares banhada pelo rio São Francisco (o restante é estepe).

As castas plantadas (mais de duas dezenas) são portuguesas e estrangeiras. A produção actual ronda os dois milhões de garrafas e a grande fatia é de espumante, o vinho que mais cresce no Brasil. "O espumante é cada vez mais a nossa aposta", assegura Osvaldo Amado, o responsável pela enologia do grupo português. O mercado brasileiro absorve 60% da produção total. O restante é exportado. A marca bandeira tem o sugestivo nome de Rio Sol, em alusão ao rio São Francisco e ao facto de naquela região haver em média cerca de 300 dias de sol por ano. Rio Sol foi o primeiro vinho brasileiro a ser classificado pela revista americana Wine Spectator e é hoje o vinho brasileiro mais vendido no exterior. Actualmente, a Vinibrasil já representa cerca de 25% da facturação total da Global Wines/Dão Sul. P.G.

Anselmo Mendes, pela Serra Catarinense e a Serra do Sudeste

Anselmo Mendes é um dos grandes nomes da vitivinicultura portuguesa. Consultor enológico em vários projectos, como a Quinta da Gaivosa, Quinta dos Frades, Calheiros Cruz (Douro), Adegamãe (Lisboa), Kompassus (Bairrada) e Cooperativa Agrícola dos Biscoitos (Açores), entre outros, produz também alguns dos melhores vinhos brancos de Portugal, na região dos Vinhos Verdes, a partir das castas Alvarinho e Loureiro (Contacto, Anselmo Mendes Curtimenta, Anselmo Mendes Parcela Única, Muros de Melgaço e Muros Antigos). Pelo prestígio que tem dentro e fora de portas, podia ser um enólogo voador (daqueles que fazem vinho em vários países), mas Anselmo Mendes apenas se deixou seduzir pelo Brasil e por insistência dos seus importadores.

O enólogo minhoto está ligado ao despontar da viticultura em São Joaquim, na Serra Catarinense, enquanto responsável pelas vinhas e pelos vinhos da Quinta da Neve, a primeira empresa a apostar na produção de vinhos finos de altitude naquela zona serrana do estado de Santa Catarina. O projecto arrancou em 2000 e, desde então, já se instalaram em São Joaquim cerca de uma centena de produtores de vinhos. "Mas é muito difícil fazer vinho em São Joaquim. Tem muita pedra, os terrenos são muito inclinados e como é uma zona de montanha [1200 metros de altitude] neva e é frequente gear e cair granizo", sublinha.

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