O International Wine Challenge (IWC) distribui centenas de distinções por entre os concorrentes a este que é um dos maiores concursos de vinhos do mundo. Entre os premiados, em várias categorias, é habitual encontrar produções portuguesas. Este ano, nos prémios anunciados numa cerimónia em Londres na quarta-feira à noite, não foi diferente. Mas houve uma surpresa: pela primeira vez, um branco português conseguiu uma das distinções mundiais máximas, com o Campolargo Branco 2011 a ter agora o direito de usar a chancela IWC Champion White Wine 2014.
"Um vinho branco português conseguir o prémio máximo para brancos foi uma inesperada e deliciosa surpresa", fez questão de comentar um dos co-presidentes do concurso, Charles Metcalfe. No comunicado em que são revelados os cinco campeões mundiais dos vinhos brancos, Metcalfe sublinhou que "mais pessoas deviam provar os vinhos de Portugal".
Na nota de prova do júri referente ao Campolargo, produzido na Bairrada por Manuel dos Santos Campolargo, também considerado o melhor branco da sua região demarcada e de Portugal, enaltece-se como este vinho de casta Cercial é "sedutor no nariz", é considerado "complexo e sério" ou "carnoso, cheio, redondo e cremoso"", deixando no fim um "frescor juvenil".
"Fazemos este vinho como o fazia o meu avô", resumiu, à agência Lusa, Carlos Campolargo, responsável pela adega e vendas desta empresa familiar, que já exporta 40% do que produz.
Segundo diz o responsável, o "segredo" reside tanto na genuinidade do vinho como no emprego de processos artesanais e no "factor sorte" das condições climatéricas. No “caso deste branco, apanhámos as uvas, da casta cercial, utilizada para espumante e que são extraordinariamente difíceis porque, entre o momento em que apanhámos para espumante, em que está com uma acidez muito alta e uma graduação provável baixa, e o momento em que está pronto para fazer este nosso vinho, um branco tranquilo, podem passar alguns dias para ter a maturação adequada", explicou Carlos Campolargo, referindo que "se chover, lá se vai a possibilidade de fazer este vinho".
A produção começou com o avô e já vai na terceira geração, sendo o irmão de Carlos, Jorge Campolargo, responsável pela vinha. Usam apenas as próprias uvas, cultivadas em duas propriedades com cerca de 170 hectares, e fazem questão de, refere, não usarem produtos enológicos (à excepção de sulfitos), recorrendo à "velha técnica de ir à vinha apanhar só o que está maduro, sem ser demasiado, e em condições". Na adega usam-se "velhos processos", refere, citado pela Lusa, o que não invalida o uso de alguma tecnologia moderna.
O preço de referência do Campolargo Branco 2011 rondará os 17/18 euros (por exemplo, a Dom Vinho anunciava 16,70€ nas vendas online) mas, como avança a Revista de Vinhos, as vendas ao mercado já pararam devido à reduzida produção.