Fugas - Vinhos

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Pereira d’Oliveira

Para além da idade extraordinária de muitos destes Madeira Frasqueira, alguns com mais de século e meio de vida, há algo que distingue os Frasqueira da Pereira d’Oliveira dos traços gerais dos grandes Frasqueira da Madeira. Entre as diferenças mais notáveis está uma concentração quase impossível, a sensação de peso e intensidade, a densidade inacreditável e a veemência do final de boca associados a uma rusticidade latente que assenta tão bem a estes vinhos maravilhosos.

Nunca são vinhos fáceis ou de empatia imediata graças à enorme concentração e ao radicalismo da abordagem mas são vinhos autênticos e grandiosos, vinhos memoráveis capazes de nos elevar e de fazer suster a respiração. Para isso contribuem dois factores que se apresentam determinantes. O refrescamento mínimo a que são sujeitos, já que a casa reclama não providenciar qualquer refrescamento, e o longo envelhecimento. Mas também o envelhecimento prolongado em casco com engarrafamentos que são providenciados apenas em função das solicitações do mercado, o que permite um estágio contínuo e muitíssimo prolongado em madeira velha, a melhor forma de garantir uma evolução natural e preferencial dos grandes vinhos velhos da Madeira.

A consistência entre as diferentes colheitas é impressionante e a qualidade média é extremamente elevada, revelando a excelência e o saber de envelhecimento da casa. Curiosamente, a Pereira d’Oliveira consegue transportar a casta Verdelho a um patamar que raramente atinge, elevando-nos muitas vezes ao paraíso, para além de mostrar uma das melhores facetas da casta Moscatel, a variedade tão malquerida na Madeira que se mostra capaz de proporcionar vinhos notáveis na complexidade e profundidade. Uma prova que o tamanho e a qualidade não se medem aos palmos.

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