Fugas - Vinhos

  • A Campolargo é um produtor inconformadoe irreverente, que junta o antigo e o novo, castas históricas da região e outras de todo o mundo
    A Campolargo é um produtor inconformadoe irreverente, que junta o antigo e o novo, castas históricas da região e outras de todo o mundo DR
  • Os vencedores
    Os vencedores DR

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Como é maravilhoso o mundo dos vinhos da Bairrada

Apontado frequentemente como rebelde e desalinhado por não se cingir às castas e às convenções da região, Carlos Campolargo prefere contextualizar a tradição e defende a utilização de castas estrangeiras, desde que adaptadas às condições da região. “Não sou inimigo da Baga, mas a Baga não é o nosso único amigo”, enfatiza, dizendo que é preciso situar os vinhos da Bairrada numa perspectiva histórica.

“A casta mais antiga e mais plantada era provavelmente o Castelão Nacional, de que temos algum nas nossas vinhas mas que praticamente já desapareceu. A Baga só veio depois da filoxera e é preciso notar também que nos grandes garrafeiras do século XX que deram prestígio à Bairrada era a Baga misturada com uvas que vinham de fora da região, do Dão e do Douro”, precisa o produtor.

Campolargo lembra que também o paradigma da produção mudou radicalmente. “Antes o vinho era produzido para dar de comer e alimentar a economia familiar. Era uma importante fonte de calorias face à pobreza alimentar, enquanto hoje em dia os vinhos são para apreciar e degustar. Daí a moda dos varietais, que é útil e necessária”, conclui.

Mas frisa que “o grande vinho é sobretudo imperfeição”. “Nem bago-a-bago, nem baixas temperaturas, nem enzimas nem leveduras. É feito como sempre foi e para beber dois a três anos depois de estar na garrafa.”

É assim que é feito o Rol de Coisas Antigas, com um lote de vinhas velhas cuja variedade de castas tintas se mantém fiel aos vinhos históricos da região, ou o singular Alvarelhão, a partir de outra das castas já praticamente desaparecidas. E é também como “um vinho feito como no tempo” dos seus avós que Carlos Campolargo gosta de caracterizar o premiado Cercial.

Nada disto, no entanto, o impede de produzir um extraordinário vinho com castas francesas e ao melhor estilo de Bordéus, e por isso se chama Calda Bordalesa, mas há também entre os varietais um tinto de Baga que todos os anos é engarrafado, se bem que Carlos Campolargo entenda que “para os espumantes e a produção pelo método champanhês a Pinot é a casta que melhor funciona”.

Com um total de 29 castas e produção própria, a casa Campolargo engarrafa actualmente 35 diferentes vinhos e espumantes. Todos diferentes, mas com a frescura e intensidade identificadoras do terroir bairradino

Os melhores do ano

É precisamente para distinguir os vinhos certificados pela Comissão Vitivinícola Regional da Bairrada que todos os anos se realiza o concurso de vinhos e espumantes da região. Agora integrado no Encontro de Vinhos e Sabores, o concurso contou com a participação de um total de 76 vinhos, que foram avaliados em prova cega por um júri que integrava críticos, enólogos, escanções, jornalistas das especialidade e representantes do comércio.

Entre os 21 prémios atribuídos (14 ouro e 7 prata), destacou-se a presença da Adega Cooperativa de Cantanhede, com seis distinções, seguida pela Quinta do Encontro, com três prémios, as Caves S. Domingos e a Quinta dos Abibes, com duas distinções cada. Além das medalhas, o júri escolheu ainda aqueles que considerou como os vencedores absolutos. Melhor espumante para o Aliança Vintage branco 2008; melhor espumante Baga para o Casa de Sarmento Brut de Baga branco 2009; melhor vinho para o Marquês de Marialva Arinto Reserva branco 2013.

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