Fugas - Vinhos

Paulo Pimenta

Continuação: página 2 de 2

Quinta da Touriga-Chã, uma das histórias mais apaixonantes do Douro

Apesar dos seus 72 anos de idade José Ramos Pinto Rosas não desistiu e voltou a procurar por uma quinta nova na mesma região. Desenterrou as cartas topográficas do armário, estudou-as afincadamente e, tal como tinha feito com a Ervamoira, voltou a encontrar uma quinta muito especial perto de Vila Nova de Foz Côa. Após uma vida intensa e recheado de peripécias, José Ramos Pinto Rosas voltou a encontrar energia para desbravar de novo um território mal explorado do Douro.

Preferiu desta vez uma quinta situada a uma cota um pouco mais alta, a sensivelmente 350 metros de altitude. Tentou conciliar o melhor de dois mundos socorrendo-se de uma altitude que permitisse obter o melhor compromisso possível entre maturação e frescura. Tal como o tinha feito na Ervamoira chegou a um local sem vinha e sem tradição na produção de vinho. Sabendo que a aposta de produção iria comprometer a próxima geração chamou o seu filho Jorge Rosas e família inquirindo sobre as motivações da próxima geração e sobre o interesse do filho pela quinta. A resposta entusiasta levou à concretização do negócio e à plantação da vinha subsequente.

Uma vinha que foi plantada de forma pioneira e pouco convencional para a época, em 1991, dividida por castas e quase em extreme com larga predominância para a Touriga Nacional e uma relevância menor para a Tinta Roriz. Por estar quase dependente da Touriga Nacional a quinta foi baptizada com o nome de Touriga-Chã. Acrescentaram-se ainda uns quantos pés de castas menos habituais, sal e pimenta que ajudam a condimentar o lote dos vinhos da Touriga-Chã.

Não é difícil sentir o amor que Jorge Rosas sente pela quinta, pelas vinhas e pelos vinhos, pela paisagem, pela herança, pela adega de estética apuradíssima e traços simples que já ganhou prémios de arquitectura.

Hoje a Quinta da Touriga-Chã pode orgulhar-se de produzir dois vinhos cobiçados apesar de ainda relativamente desconhecidos do grande público, o Quinta da Touriga-Chã e o Puro, vinhos cheios e musculados mas de extraordinário equilíbrio e distinção, vinhos harmoniosos e elegantes, consistentes e constantes. Vinhos finos e elegantes no nariz, atléticos e tensos na boca, vinhos que se alimentam da dicotomia entre nariz e boca, entre um universo de suavidade e doçura e um mundo de potência e vigor.

--%>