Fugas - Vinhos

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Vinte e uma escolhas para as festas… e para o que der e vier

Por José Augusto Moreira, Pedro Garcias, Manuel Carvalho e Rui Falcão

Na preparação das ceias entre amigos e família, ou na vontade de fazer do vinho a prenda de Natal, todos os cuidados são poucos. Para facilitar a tarefa, a equipa da Fugas que escreve sobre vinhos deixa aqui uma série de sugestões.

Quinta da Romaneira Tawny 40 Anos, Vinho do Porto

Natal sem vinho do Porto não é Natal. Um Porto Vintage já com alguma idade pode ser o remate perfeito de uma grande ceia, mas a tradição nacional e os doces típicos que se comem nesta altura reclamam mais um Tawny velho. O Quinta da Romaneira 40 Anos é um desses Tawny que impressionam até os menos apreciadores de vinho do Porto. Com um boquet rico em frutos secos, especiarias e madeira exótica, enche-nos a boca de uma doçura vibrante e voluptuosa. P.G.

Preço: 95€

 

Vértice Espumante Pinot Noir 2006

Se a ideia for celebrar em grande e com muitas bolinhas, este novo monocasta das Caves Transmontanas é um espumante capaz de o convencer que está a beber um belíssimo champanhe. Proveniente das zonas altas de Alijó, vai encontrar neste espumante toda a riqueza, finesse e frescura do Pinot Noir. É talvez um dos melhores espumantes de sempre de Celso Pereira, o seu criador. P.G

Preço: 35€

 

Secretum Branco 2012, Douro

Um branco surpreendente pela pujança e intensidade e com uma casta que nem é das mais comuns no Douro. Provém de uma parcela muito especial de vinha antiga, nas zonas altas de Murça. Complexo e muito mineral, com notas de toranja e intensa frescura limonada. Uma força da natureza muito bem domada pela madeira que elegantemente se esconde por detrás da impactante concentração e frescura. Amplo, gordo, muito rico e contido no álcool, a proporcionar um final muito longo e envolvente. Um branco que é o espelho da diversidade e riqueza dos vinhos portugueses e capaz de fazer figura em qualquer parte do mundo. J.A.M.

Preço: 30€

 

Outrora, Baga Clássico 2010, Bairrada

Um Baga ao mais puro estilo clássico da Bairrada. Mais que as superlativas qualidades de corpo, complexidade, frescura, elegância e longevidade, o Outrora tem por detrás uma história de ternura e paixão que nos merece o maior aplauso. Um escasso hectare de vinha centenária que os jovens enólogos João Soares e Nuno do Ó adquiriram para salvar do arranque pelo amor ao vinho e à tradição. Uma produção de três a quatro mil garrafas de puros Bairrada, onde se cruzam o terroir e a tradição para potenciar os aromas, frescura e complexidade da Braga. Para celebrar o Natal e guardar para o futuro. J.A.M.

Preço: 30€

 

Blandy`s Malmsey 1988, Madeira

Beber um copo de um grande Madeira, a ressoar a mar (sal e iodo), frutos secos e cristalizados, mel e acintosamente ácido, pode ser uma experiência inesquecível. O jogo de contrastes deste vinho fortificado, a sublimação do doce pela acidez vulcânica, é de ir às lágrimas.

Se duvida, prove o Blandy`s Malmsey 1988, lançado este ano. Tratando-se da casta mais doce dos vinhos Madeira, surpreende pelo seu carácter enxuto e frescura de boca. Fará um grande sinete no Natal ou na passagem de ano. Só é pena ser tão caro. P.G.

Preço: 290€

 

The Lost Corner Tinto 2010, Trás-os-Montes

Estrangeiro de nome, este novo tinto do Casal de Valle Pradinhos, em Macedo de Cavaleiros, é bem português. Feito de Touriga Nacional, Tinta Amarela e Roriz, apresenta uma grande vivacidade e um enorme equilíbrio entre o álcool, a acidez e a estrutura tânica.

Possui um aroma cativante (fruta do bosque e do pomar, algum vegetal e floral, notas quentes de barrica) e é muito saboroso, conjugando bem a fruta com a macieza dos taninos e a acidez. Um tinto muito digestivo e bem apropriado para as festas de comeres fartos que aí vêm. P. G.

Preço: 16€

 

Parcela Única Alvarinho 2012

Com bacalhau, tinto. Para muita gente é assim, e não está mal, mas associar o mais famoso prato de Natal a um bom vinho branco também pode ser uma magnífica combinação. Este Parcela Única Alvarinho 2012 é perfeito para esse papel, porque tem volume, gordura, delicadeza, complexidade e frescura mineral. Numa lista restrita dos melhores brancos portugueses, tem lugar garantido. P.G.

Preço: 25€

 

Dione 2010, Rioja, Espanha

A equipa de viticultura e enologia portuguesa Secret Spot  decidiu fazer uma experiência em Espanha e os resultados são notáveis. O Dione tem muitos mais méritos. É um grande vinho, para começar. Que se encontra num patamar de evolução interessante, com as notas de barrica onde passou 19 meses muito bem integradas num conjunto de aromas delicados de fruta vermelha e especiaria.

Fresco e elegante, com taninos vivos e secos que lhe definem um perfil de alguma austeridade e um final de boca longo e vivo, é uma prova do fulgor e da excelência de uma das mais nobres regiões espanholas. Um belo vinho de uma equipa com provas dadas, uma boa companhia para uma mesa de carne assada ou de queijos fortes. Para os apreciadores tem ainda a condição de ser um vinho raro (800 garrafas produzidas). Exige procura e, eventualmente, sorte. M.C.

Preço: 37€

 

Aurius 2010, Lisboa

A Quinta do Monte d’Oiro persiste em produzir vinhos que fogem um pouco do padrão mais ordeiro e convencional da região de Lisboa. Este Aurius, que resulta de um lote de Touriga Nacional e Syrah tem, pelo contrário, como principal atributo a sua rugosidade e nervo. Aroma de fruta madura, nota discreta de barrica, evidências de aprimoramento na garrafa conjugam-se para lhe conferir um perfil sério e rico.

Na boca esta dimensão acentua-se e, mais, expande-se através de uma combinação de sensações surpreendentes. Com uma estrutura notável, a impressão da frescura vegetal da Syrah e a delicadeza e intensidade aromática da Touriga Nacional, este vinho é o resultado de um equilíbrio muito bem conseguido. É um grande vinho, musculado e personalizado, que nos aparece já pronto a beber, mas que pode guardar durante mais alguns anos. M.C.

Preço: 22€

 

Dalva Colheita de 1985, Vinho do Porto

A nova administração da Gran Cruz continua apostada a provar que a proverbial modéstia da casa ao longo dos últimos anos resultou mais de uma atitude voluntária do que propriamente de uma falta de argumentos para merecer os mais elevados encómios dos apreciadores dos grandes Porto. Foi assim que chegaram ao mercado Porto brancos de enorme qualidade, é assim que a Dalva tem no mercado um Colheita, de 1985, que revela uma extraordinária consistência.

Com os aromas do envelhecimento bem temperados por notas de frescor, na boca é untuoso, intenso, longo e extraordinariamente complexo. Um Porto que vale a pena experimentar. Por ser muito bom, mas também porque se consegue obter (no vinhoweb, por exemplo) a preços, no mínimo, simpáticos. M.C.

Preço: entre 30 e 50€

 

Quinta das Bágeiras, Pai Abel Branco 2012, Bairrada

Mário Sérgio, o homem dos sete instrumentos da Quinta das Bágeiras é presença frequente nas páginas da Fugas (e de outras publicações que tratam destas artes do vinho) pela mais singela das razões: porque ao fazer vinhos diferentes abre novos horizontes.

Veja-se o caso deste branco, que vai já na terceira edição, feito a partir das castas Maria Gomes e Bical. Tem tudo o que conta num grande branco e nada do que um grande branco não deve ter. Tem untuosidade e uma acidez pungente que dá músculo. Tem aromas de frutas cítricas e frescas que fogem ao óbvio e ao fácil – há ali notas químicas que lhe dão personalidade própria. Tem também uma profundidade que resiste a comidas exigentes e um final de boca que o tornam irresistível. Um branco de grande estilo. M.C.

Preço: 23€

 

Munjebel branco 2009, Itália

Frank Cornelissen, cidadão belga, abdicou de uma vida ligada aos vinhos da Borgonha para passar a assumir o devaneio de produzir o seu vinho na Sicília, nas encostas do vulcão Etna. Resgatou  vinhas muito velhas de castas mais ou menos esquecidas e decidiu fazer vinhos minimalistas, sem adição de qualquer acréscimo externo... sulfuroso incluído.

A maioria dos vinhos são feitos em velhas ânforas de barro enterradas e este Munjebel branco não foge à tradição. Um vinho possante mas elegante, cheio e intenso mas fresco e tenso com a sensação de tanino a marcar a prova do início ao final. Uma grande vinho branco. R.F.

Preço: cerca de 32€

 

Chryseia 2012, Douro

O vinho produzido em 2011 pela parceria entre o grupo Symington e o enólogo francês Bruno Prats foi este ano considerado pela Wine Spectator como o segundo melhor do ano em termos internacionais, obtendo 97 pontos em 100. Mas o Chryseia que está no mercado, de 2012, não lhe fica em nada atrás. Pode não ter o mesmo músculo, mas apresenta uma graça, uma envolvência e uma exuberância de frutas irrecusáveis.

Profundamente duriense sem cair na rusticidade, poderoso sem acusar o peso da maturação excessiva ou da extracção desequilibrada, o Chryseia é um vinho com uma identidade afinada, que não recusa a modernidade mas não prescinde de cultivar a vetustez dos clássicos. M.C.

Preço: 40/45€, antes do efeito da avaliação da Wine Spectator

 

Monte Xisto 2012, Douro

O projecto da família Nicolau de Almeida vai na segunda edição e continua a dar excelente conta de si. O Monte Xisto 2012 tem a elegância e frescura do ano complementada com uma intensidade e complexidade aromáticas notáveis. O seu aroma é austero, deixando transparecer notas florais e de arbustos, como que escondendo o surpresa que o seu impacte na boca provoca.

É aí que a sua extraordinária riqueza de fruta se manifesta, bem sustentada numa estrutura de taninos densa mas já rematada. O final, longo e delicioso, é o corolário quase lógico deste vinho irresistível, complexo e cheio de personalidade, que traduz não apenas a identidade de um lugar mas também a atitude de uma família. M.C.

Preço: 70€

 

Barbeito Mãe Manuela Malvasia 40 Anos, Madeira

Qualidade e inovação constante, para além do carisma reconhecido de Ricardo Freitas são características inimitáveis dos vinhos Barbeito da nova geração. São vinhos únicos e quase quezilentos que vivem num difícil equilíbrio entre frescura da acidez e secura, vinhos intensos, eléctricos e vibrantes. Talvez por isso a insistência de Ricardo Freitas em vinhos de casco, em vinhos de uma só vinha ou em vinhos de acidez mais incisiva e doçura mais contida.

Este Mãe Manuela aparece equilibrado na expressão da doçura, contido na eloquência tradicional do mel e figos secos, terminando muito mais seco que o esperado vincando as pouco habituais notas de avelã e limão. Termina seco e austero, explosivo mas elegante, insinuante na manifestação de acidez e frescura que o prolonga para um final interminável. R.F.

Preço: 120€

 

Quinta das Bágeiras Garrafeira 2009, Bairrada

A Quinta das Bágeiras, também conhecida como os vinhos de Mário Sérgio Alves Nuno, é um pequeno produtor da Bairrada que por opção motivada por uma crença interior nos valores da Baga e da Bairrada acabou por se transformar num dos guardiões da tradição local da região, numa dos mais fiéis depositários da manutenção das castas Baga, Maria Gomes e Bical, num dos principais defensores das formas clássicas de trabalhar a Baga e a Maria Gomes.

Este Garrafeira tinto que por ora ainda está guardado a sete chaves mostra um perfil levemente frutado com notas de cereja ácida, tomate e folha de tabaco. A boca revela um pequeno “monstrinho” que o tempo irá ajudar a serenar, manifestando taninos sólidos, acidez incisiva e uma frescura imensa que lhe garantem muitos anos de vida. R.F.

Preço: 20€

 

Terrenus branco, Alentejo

Este Terrenus é um vinho nascido das vinhas velhas da Serra de S. Mamede, um branco pessoal de Rui Reguinga elaborado com mais de uma dezena de castas locais que espelham a diversidade de duas vinhas velhas e misturadas de onde saem as uvas que compõem este vinho notável. Um vinho que mistura terroir com um sentimento de autenticidade e tradição, um vinho que tenta ser o mais fiel possível às vinhas, ao clima de altitude da Serra de São Mamede, à mistura desenfreada de castas.

O resultado é um branco simultaneamente intenso e poderoso que mostra um nariz inesperado pela veemência das notas de ervas aromáticas que invade os sentidos numa onda quase avassaladora. A boca é fresca e untuosa, mineral, cheia e estruturada, revelando um branco original e capaz de arrebatar o coração. R.F.

Preço: 13€

 

Herdade de Portocarro 2009, Península de Setúbal

Apesar da relativa juventude de um projecto que cumpre a primeira década de vida a consistência entre colheitas dos vinhos de José Mota Capitão é abissal sem anos perdidos ou vinhos menores. O Herdade de Portocarro fica por vezes esquecido face aos irmãos mais famosos mas as discretas e bem medidas notas de volátil desta edição salientam uma frescura já de si notável que a fruta não consegue nem pretende esconder.

É certo que o vinho se apresenta duro nesta fase inicial mas é igualmente um vinho repleto de personalidade, franzido, viçoso e veemente sem nunca chegar a ser encorpado, vivo, intenso e subtil mas sem ceder perante qualquer tipo de concessão. É um grande vinho tinto com pernas para avançar para um futuro ainda mais brilhante. R.F.

Preço: 9€

 

Júlia Kemper Touriga Nacional 2010, Dão

Toda a pujança, classe e envolvência da Touriga Nacional, que parece ter nesta versão do Dão a sua mais potente e exuberante expressão. O interessante é que por detrás de toda esta poderosa expressão de cor, sabor e volume, há um manto de equilíbrio, elegância e frescura que domina o conjunto. Um notável balanço entre lado mais rústico e bruto do Dão e a finesse e elegância que o cobre. E tudo sempre muito franco e explícito, nos aromas de pinhal, da vinha e da adega, onde se cruzam rosmaninho e violeta, cacau e café, até nuances balsâmicas e especiadas. J.A.M.

Preço: 20€

 

Capela da Quinta do Vesúvio, Vintage 2011, Vinho do Porto

Não é dos mais premiados ou comentados entre os excelentes Vintage de 2011, mas será talvez aquele melhor pode “explicar” a natureza de um grande vinho do Porto. Está la tudo: a força, a pujança, o vigor da fruta, a concentração e uma frescura que se entranha. Tudo aquilo que tem que estar na base de um Vintage para suportar depois o caminho até à elegância, finesse e envolvência que caracterizam aqueles que atingem os céus da perfeição. Fechado e denso na cor, é também cheio, intenso e exuberante na prova de boca, onde se misturam as sensações intensas de fruta preta madura, café e chocolate, sempre cobertos por marcante acidez fresca.  J.A.M.

Preço: entre 100 e 250€

 

Montanha Braga Grand Cuvée 2009, Bairrada

É o primeiro espumante apenas com uvas da casta Baga das Caves da Montanha, que acaba de ser lançado e acrescenta mais um patamar na rica tradição dos espumantes da Bairrada. A cor amarelo-dourado denuncia um estilo de vinificação clássico com oxidação, que conjuga com intensa mineralidade e volume de boca. Longo estágio em garrafa que lhe acentua o carácter e as sensações de fruta madura, aromas de frutos secos a sublinhar o carácter gordo, untuoso e de grande complexidade. Bolha intensa, cremosidade excepcional e uma grande aptidão gastronómica. Para a mesa e para celebrar o Natal. J.A.M.

Preço: 11€

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