Fugas - Vinhos

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Como se deve tomar um Moscatel?

Para o jantar feito por Augusto Gemelli, a Casa Horácio Simões, fundada em 1910 por José Carvalho Simões e que se mantém como um negócio de família há já três gerações, trouxe um conjunto dos seus vinhos para mostrar as diferenças entre eles. “Trouxemos um Moscatel de Setúbal novo, de 2012, para entrada, como vinho de aperitivo”, explica. “Depois, um Roxo, de 2009. O Moscatel Roxo é uma casta que só existe na nossa região, tem a particularidade de ser uma casta tinta num mundo de castas brancas, e em termos aromáticos é totalmente diferente, vem muito mais cedo do que as outras, dá muito menos produção, e em termos do paladar vai buscar aromas totalmente diferentes, como os frutos secos, um aroma floral que o Moscatel convencional não tem.”

Para acompanhar este Moscatel Roxo foi servido um raviolo crocante de castanha com alecrim, maracujá e chouriço (todo o jantar foi pensado para oferecer sabores fortes que não “morressem” perante a intensidade de álcool, entre os 17 e os 19 graus, e açúcar do Moscatel). O vinho seguinte foi um Moscatel de Setúbal 10 Anos Superior, “um entrada de gama que compreendemos sempre como um dos grandes Moscatéis feitos lá em casa, e do qual decidimos deixar envelhecer uma parte”. Tendo ficado guardado por 15 anos (a denominação só permite referir de 10 em 10, e é isso que aparece no rótulo), “já não tem os aromas primários, mas sim os aromas de evolução”. Para este vinho foi servido um camarão em “casca” de choco, funcho, toranja e farinheira.

O quinto vinho foi um Bastardo, feito a partir de uma casta que se encontrava extinta na região. Pedro explica: “Não se pode chamar-lhe Moscatel porque a casta Bastardo não está englobada nos DOP Setúbal, mas é feito da mesma forma que os Moscatéis, e nós consideramos que vem complementar uma franja no mundo dos Moscatéis que é a dos vinhos com mais acidez”. Aconselha-o para comidas fortes ou foie-gras. Neste caso acompanhou um risotto de cogumelos.  

Seguiu-se, com a sobremesa, o Moscatel Excellent, “um blend, em percentagens diferentes, das três melhores barricas da década de 2000”. Trata-se, diz Pedro Simões, “de um vinho de família, e um tributo a todos os que gostam de Moscatel.” 

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