Fugas - Vinhos

  • António Montenegro Pai e António Montenegro Filho
    António Montenegro Pai e António Montenegro Filho
  • São Matias Branco 2014.
    São Matias Branco 2014.
  • São Matias Tinto 2012
    São Matias Tinto 2012
  • São Matias Reserva Tinto 2011
    São Matias Reserva Tinto 2011

Um novo e promissor vinho do Dão

Por Pedro Garcias

Há uma nova marca do Dão no mercado. Chama-se Casa de São Matias, nome inspirado no solar que a família Montenegro possui em Tourais, na sub-região da serra da Estrela. Os primeiros vinhos são muito promissores.

A Sogevinus Fines Wines entrou como um meteorito no sector do vinho do Porto, alimentado pelos milhões da antiga Caixa Galícia, e em poucos anos tornou-se dona das marcas Cálem, Kopke, Barros & Almeida, Burmester e Gilberts. Mas foi nos vinhos do Douro que o grupo galego mais progressos fez, graças, sobretudo, a três pessoas: ao galego Dionísio Oseira, o então director-geral, e aos portugueses António Montenegro (direcção comercial e marketing) e Francisco Gonçalves (responsável pela enologia dos vinhos tranquilos). 

Nenhum deles continua no grupo (com a mudança da administração após o colapso da banca galega, vários dos melhores quadros da empresa foram “forçados” a sair), mas António Montenegro e Francisco Gonçalves voltaram a juntar-se, agora no Dão, para darem corpo a um novo projecto: os vinhos Casa de São Matias. 

O nome está associado ao solar do século XVIII que a família Montenegro possui em Tourais, Seia, na sub-região da serra da Estrela. António e o pai, o advogado Silveira Montenegro, são os líderes do projecto. Francisco Gonçalves é o enólogo. 

As uvas são compradas a produtores locais e a vinificação tem sido feita na Adega Cooperativa de Vila Nova de Tázem. Os primeiros vinhos foram revelados na semana passada no restaurante da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira. A acompanhar um belo menu confecionado pelo chef Rui Paula, António Montenegro e Francisco Gonçalves apresentaram um branco e dois tintos que expressam tanto nas castas utilizadas como no estilo o carácter do Dão. 

O branco, da colheita de 2014, é um lote de Encruzado, Malvasia Fina e Bical. Vinificado e estagiado em inox com batimento regular das borras finas, distingue-se pela sua mineralidade e acidez pungente, que confere à prova de boca uma deliciosa sensação de frescura. É bastante perfumado (fruta branca, algum floral) e contido de álcool. Tem boa vocação gastronómica e um preço muito apelativo (5,99 euros). 

O Casa de São Matias Tinto Colheita 2012 (5,99 euros) reúne o quarteto tradicional de castas do Dão: Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz. Também só passou por inox e a sua principal marca é o equilíbrio. Nem muito maduro, nem muito verde. É tudo muito contido, a começar pelo álcool. Não sendo vinho para deixar alguém de joelhos, bebe-se com muito prazer, sobretudo à mesa. 

Tanto o branco como o tinto são vinhos bem feitos e destinados a um consumo mais regular e desprendido. O terceiro vinho, o Casa de São Matias Tinto Reserva, tem outras ambições. A avaliar por esta colheita, é um tinto com uma magnífica relação qualidade/preço (não deverá chegar a 15 euros nas prateleiras). Feito de Touriga Nacional (60%) e Jaen, tem aquilo que se espera dos grandes vinhos do Dão: solidez, elegância, frescura. Fruta vermelha e preta não muito madura, discretas notas florais e alguma especiaria associam-se num delicioso e delicado registo aromático. A barrica está bem integrada e os taninos são firmes e marcantes, sem qualquer tipo de rispidez ou secura a prejudicar a prova, que termina de forma muito exaltante e fresca. A par de uma boa acidez, o vinho mostra um agradável lado vegetal que dá nervo e frescor ao vinho, embora possa não agradar muito aos amantes dos vinhos mais maduros.

Com a estreia auspiciosa deste Casa de São Matias Reserva, o Dão alarga o seu leque de opções de qualidade. O vinho já está magnífico mas ainda vai melhorar bastante nos próximos anos, pelo que vale a pena esperar por ele e guardar alguma das menos de três mil garrafas que foram produzidas. Muitas vezes, as estreias são antológicas. ASogevinus Fines Wines entrou como um meteorito no sector do vinho do Porto, alimentado pelos milhões da antiga Caixa Galícia, e em poucos anos tornou-se dona das marcas Cálem, Kopke, Barros & Almeida, Burmester e Gilberts. Mas foi nos vinhos do Douro que o grupo galego mais progressos fez, graças, sobretudo, a três pessoas: ao galego Dionísio Oseira, o então director-geral, e aos portugueses António Montenegro (direcção comercial e marketing) e Francisco Gonçalves (responsável pela enologia dos vinhos tranquilos). 

Nenhum deles continua no grupo (com a mudança da administração após o colapso da banca galega, vários dos melhores quadros da empresa foram “forçados” a sair), mas António Montenegro e Francisco Gonçalves voltaram a juntar-se, agora no Dão, para darem corpo a um novo projecto: os vinhos Casa de São Matias. 

O nome está associado ao solar do século XVIII que a família Montenegro possui em Tourais, Seia, na sub-região da serra da Estrela. António e o pai, o advogado Silveira Montenegro, são os líderes do projecto. Francisco Gonçalves é o enólogo. 

As uvas são compradas a produtores locais e a vinificação tem sido feita na Adega Cooperativa de Vila Nova de Tázem. Os primeiros vinhos foram revelados na semana passada no restaurante da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira. A acompanhar um belo menu confecionado pelo chef Rui Paula, António Montenegro e Francisco Gonçalves apresentaram um branco e dois tintos que expressam tanto nas castas utilizadas como no estilo o carácter do Dão. 

O branco, da colheita de 2014, é um lote de Encruzado, Malvasia Fina e Bical. Vinificado e estagiado em inox com batimento regular das borras finas, distingue-se pela sua mineralidade e acidez pungente, que confere à prova de boca uma deliciosa sensação de frescura. É bastante perfumado (fruta branca, algum floral) e contido de álcool. Tem boa vocação gastronómica e um preço muito apelativo (5,99 euros). 

O Casa de São Matias Tinto Colheita 2012 (5,99 euros) reúne o quarteto tradicional de castas do Dão: Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz. Também só passou por inox e a sua principal marca é o equilíbrio. Nem muito maduro, nem muito verde. É tudo muito contido, a começar pelo álcool. Não sendo vinho para deixar alguém de joelhos, bebe-se com muito prazer, sobretudo à mesa. 

Tanto o branco como o tinto são vinhos bem feitos e destinados a um consumo mais regular e desprendido. O terceiro vinho, o Casa de São Matias Tinto Reserva, tem outras ambições. A avaliar por esta colheita, é um tinto com uma magnífica relação qualidade/preço (não deverá chegar a 15 euros nas prateleiras). Feito de Touriga Nacional (60%) e Jaen, tem aquilo que se espera dos grandes vinhos do Dão: solidez, elegância, frescura. Fruta vermelha e preta não muito madura, discretas notas florais e alguma especiaria associam-se num delicioso e delicado registo aromático. A barrica está bem integrada e os taninos são firmes e marcantes, sem qualquer tipo de rispidez ou secura a prejudicar a prova, que termina de forma muito exaltante e fresca. A par de uma boa acidez, o vinho mostra um agradável lado vegetal que dá nervo e frescor ao vinho, embora possa não agradar muito aos amantes dos vinhos mais maduros.

Com a estreia auspiciosa deste Casa de São Matias Reserva, o Dão alarga o seu leque de opções de qualidade. O vinho já está magnífico mas ainda vai melhorar bastante nos próximos anos, pelo que vale a pena esperar por ele e guardar alguma das menos de três mil garrafas que foram produzidas. Muitas vezes, as estreias são antológicas.

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