Fugas - Vinhos

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Vinhos de guarda estão de volta ao Alentejo

Por José Augusto Moreira

Acaba agora de ser lançada a colheita Vinhas Velhas 2012, que passa a exibir também a menção de Reserva no rótulo.

Que nem todo o Alentejo é igual e nem todos os vinhos têm o mesmo perfil será mais ou menos do senso comum, mas o que será já de conhecimento mais restrito é a capacidade de envelhecimento de alguns tintos da região. Consequência do cultivo extensivo das últimas décadas e da apetência que o mercado manifestou por vinhos jovens, frutados e adocicados pelo grau alcoólico, rapidamente se esqueceu a história antiga dos vinhos do Alentejo, alguns deles produzidos em condições únicas e especiais.

É o que se passa com uma pequena parte da produção da Herdade das Servas, junto a Estremoz, proveniente de parcelas de vinha cinquentenária da família Serrano Mira. Com uma tradição e património de seis gerações ligadas à vitivinicultura, mantém alguns encepamentos antigos, em terrenos pobres e xistosos e com muito baixa produção. É daí que vêm as uvas para o Herdade das Servas Vinhas Velhas, um tinto que só é engarrafado em anos especiais e que mostra agora qualidades de envelhecimento que remetem para os históricos vinhos da região. 

Embora o projecto da Herdade das Servas seja recente, foi com o gosto e conhecimento acumulado pela história de família que os irmãos Carlos e Luís Serrano Mira decidiram preservar e valorizar essas antigas e pouco produtivas parcelas. Até agora foram apenas engarrafadas três colheitas de Vinhas Velhas, a de 2005, 2009 e 2012. 

Ora, é precisamente pelas qualidades que a primeira agora dá mostras que os irmãos Mira confirmam o acerto da decisão, o que os levou já a voltar as atenções para uma outra vinha ainda mais pequena, de 12 hectares, com vinha de 70 anos e um conjunto de castas ainda por identificar por completo, e de onde esperam em breve poder engarrafar um vinho de parcela. 

Quanto ao Vinhas Velhas, acaba de ser agora lançada a colheita de 2012, que passa a exibir também a menção de Reserva no rótulo. Tal como as duas anteriores, o lote é composto maioritariamente por Alicante Bouschet (45%), associada a Aragonez (25%), Alfrocheiro (18%) e Petit Verdot (12%), que são vinificadas e estagiam em barricas separadas durante ano e meio. Um vinho complexo e volumoso, com evidência de frutos vermelhos e especiarias que o tempo há-de envolver e amaciar. Foram engarrafadas à volta de 15 mil garrafas, que esgotam rapidamente, mas das quais duas mil são preservadas nas caves da herdade, para serem vendidas com um mínimo de cinco ou seis anos de estágio, já com qualidades de evolução. O preço é que não será o mesmo. 

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