Ora, respeitar a tipicidade da região e saber conviver com isso é um verdadeiro programa víticola. Os vinhos do Alentejo têm um perfil bem definido e ainda bem que são assim. Podem não ter a frescura natural de vinhos de outras regiões menos quentes, mas, em contrapartida, são mais macios e frutados, dois atributos muito apreciados pelo consumidor global.
O Cortes de Cima Touriga Nacional 2012 é, a este respeito, muito didáctico, com uma identidade muito própria, ligada às origens. Enquanto no Dão, por exemplo, a Touriga Nacional dá vinhos mais balsâmicos e delicados, no Alentejo proporciona vinhos mais frutados, volumosos e macios. Este tipicismo está bem patente no Cortes de Cima, um vinho de uma exuberância aromática extraordinária, bem apimentado pelo estágio em barrica e com uma estrutura de taninos sólida mas aveludada.
É o tipo de vinho capaz de agradar a consumidores de qualquer canto do mundo, menos aos enófilos que acham a fruta uma chatice. Moderno na sua polidez e elegância, bebe-se com gulodice a acompanhar qualquer tipo de carne. E não é mais quente do que a maioria dos monovarietais de Touriga Nacional que se fazem no Douro, por exemplo, apesar de ser um vinho com a madureza do Alentejo interior.