No início era apenas a vontade de José Rodrigues, um empresário de Setúbal, de ter um refúgio no Alentejo para uns bons momentos com a família e os amigos. O gosto pelo vinho, e a casta Syrah, não ia além do consumo próprio e uma área de vinha para tal adequada. Encontrado o local e construída a casa, num talhão da antiga Herdade da Avessada encostado à ribeira de Peramanca, houve necessidade de um tractor e consequente necessidade de uma garagem para o guardar.
Como a propriedade está em zona de paisagem protegida pela Rede Natura 2000, a obra não podia ser licenciada, a não ser no âmbito de um projecto industrial, como seria o caso de uma adega. E já que se faz o melhor é mesmo acautelar o futuro, pensou o empresário que projectou instalações alargadas. E com capacidade de adega, porque não plantar vinha? E já agora, porque não se fazem também brancos?
E foi assim, impulsionado pela necessidade de garagem para guardar o tractor e pelo efeito “já agora”, que foram plantados os actuais 2,5 hectares de vinha — com as castas Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah e Cabernet Sauvignon — e construída a moderna adega onde todas as movimentações beneficiam do efeito gravidade e há uma cave de barricas parcialmente enterrada e com variações mínimas e temperatura. Mas está já também comprado o monte ao lado, onde será plantada mais vinha, sobretudo para produzir uva própria para os brancos.
A vinha está implantada em solos de origem granítica e beneficia também da exposição a norte, que proporciona maiores amplitudes térmicas e noites mais frias que a generalidade do Alentejo. As produções serão sempre baixas e orientadas unicamente para a qualidade, como explicou o enólogo Pedro Batista, que está também ligado à Fundação Engenheiro António de Almeida e ao projecto Granacer, de Henrique Granadeiro.
A ideia é não ter vinhos de entrada de gama, começando com os Liberalitas, num patamar superior, tendo sido este ano lançados para o mercado o branco e o tinto da colheita de 2013 e ainda o Rosé da colheita de 2014. Num patamar ainda superior está o Humanitas Reserva tinto 2013, que será lançado lá para final do ano. Ao todo, uma produção reduzida, com pouco mais de sete mil garrafas que começaram a ser distribuídas em Maio último.
“Queremos passos pequenos e seguros, e as respostas têm sido muito boas”, sublinha José Rodrigues, reafirmando o carácter particular do projecto que o faz empenhar-se pessoalmente na apresentação e distribuição dos vinhos. Para já apenas em alguns restaurantes das cidades de Évora e de Setúbal.
Liberalitas Branco 2013
Castas: Antão Vaz
Vol: 12%
Preço: 8,50€
Fino, fresco e elegante, boa envolvência de boca e toque de secura final.
Liberalitas Rosé 2014
Castas: Syrah e Touriga Nacional
Vol: 13,5%
Preço: 8,50€
Um rosé de aroma vinoso e com alguma estrutura e complexidade que foge ao estereótipo dos rosés simples de Verão. É um vinho mais sério, de clara vocação gastronómica.
Castas: Aragonês (80%), Syrah e Alicante Bouschet
Vol: 13%
Preço: 8,50€
Cor aberta, elegância e sabor a fruta vermelha fresca. Tanino assertivo e envolvente, com final fresco e equilibrado.
Humanitas Reserva Tinto 2013
Castas: Syrah
Vol: 14,5%
Preço: 15,50€
Cor densa e concentrada, aromas maduros de frutos vermelhos e pretos à mistura com a frescura de bosque e sensações mentoladas. Tanino assertivo e boa acidez que escondem por completo o álcool elevado. Um vinho de muitas virtudes que só será lançado perto do final do ano.