Fugas - Vinhos

Adriano Miranda

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Trivialidades, curiosidades e valorização da vinha

Um dos vinhos onde o conceito é mais rentabilizado é no famosíssimo champanhe Bollinger Vielles Vignes, um dos pesos-pesados no mundo de Champagne e um dos champanhes mais aguardados nos raros anos em que é declarado pela Bollinger. A história é simples e resume-se em poucas palavras: algumas pequenas parcelas de vinhas muito velhas e pré-filoxéricas de Pinot Noir conseguiram resistir à praga vinda do continente americano, vinhas dispersas por Aÿ e Bouzy que foram mantidas em pé franco até à actualidade… tal como as vinhas que dão origem a outro dos mitos vivos do vinho, o Quinta do Noval Nacional.

As vinhas são tratadas de forma tradicional, sem qualquer intervenção mecânica em agricultura sustentável e com o recurso a ferramentas tradicionais assegurando a continuação do legado de uma região. Nos raros anos em que o vinho é engarrafado, sempre em quantidades muito diminutas, a procura é tão grande que os preços atingem valores estratosféricos… mesmo para a realidade por vezes obscena já de si enviesada dos vinhos de Champagne.

Foi também em França que surgiu a primeira noção de terroir e da sua valorização, a primeira aplicação empírica da valorização de diferentes parcelas. Como não podia deixar de ser, a responsabilidade recai sobre as ordens religiosas e foi aplicado na região da Borgonha, tendo Clos Vougeot sido o primeiro exemplo prático da identificação e mapeamento da hierarquia qualitativa das parcelas individuais… e consequentemente do valor patrimonial de cada uma das parcelas.

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