Segundo os irmãos Gallo, o vinho teria de ser equiparado à fastfood, vendido em pacotes ou garrafões baratos, elevando ou degradando o vinho ao papel de um produto industrial barato que fosse possível de encontrar em qualquer balcão de mercearia, tabacaria ou bomba de gasolina. Vinhos com aromas artificiais, corantes, açúcar e muito álcool que cumprissem a sua função etílica rapidamente e sem subterfúgios ou rodriguinhos.
Um dos muitos mitos urbanos associados ao Thunderbird garantia que língua e gengivas ficariam com uma tonalidade enegrecida se consumido em excesso, fruto dos muitos aditivos químicos acrescentados ao vinho. O baixo preço base explica-se não só pelos muitos aditivos acrescentados, infinitamente mais baratos que o preço das uvas, mas também pelo tamanho demencial das vinhas, pelas práticas agrícolas muito pouco sustentáveis e pela economia de escalas que assim se conseguem obter. Basta referir que em muitas das vinhas usadas para a produção deste estilo de “vinhos” as máquinas de vindima percorrem distâncias numa só linha que se podem estender a mais de cinco quilómetros…
Não me é fácil descrever o “vinho” pontuado por uma doçura hedionda, uma textura equiparável a um xarope e onde nada mais se consegue sentir para além de notas de doce de laranja, milho doce e de um calor intenso proporcionado por um álcool desagradável e completamente divorciado do “vinho”.
Mas não se pense que este estilo de vinho é exclusivo do continente americano. Afinal, um dos produtores de maior sucesso é europeu, sendo propriedade de um mosteiro beneditino inglês, a Abadia de Buckfast. O Buckfast Tonic Wine é vendido como vinho medicinal, sendo engarrafado em formatos e garrafas diferentes consoante as distintas regiões inglesas. Mais uma vez o “vinho” é enriquecido com diversos aditivos, entre os quais cafeína e sal. Segundo algumas análises, cada garrafa de Buckfast Tonic Wine apresentava uma concentração de cafeína superior ao já de si famoso Red Bull, bebida conhecida pelo elevadíssimo teor de cafeína incluída.