Nos Vinhos Verdes, a euforia é igualmente grande. Já se fala em colheita do século. “O século ainda é pequeno, mas tudo se conjuga para que a vindima deste ano seja melhor do que as colheitas de 2011, 2008 e 2005, que foram muito boas”, diz o produtor e enólogo Anselmo Mendes. “As uvas estão num estado sanitário espectacular e a chuva que caiu no final de Julho foi ouro líquido”, acrescenta, enfatizando a elevada qualidade das uvas de Alvarinho, Loureiro e Avesso. “Mas nós trabalhamos a céu aberto e a chuva pode dar cabo de tudo”, avisa.
No ano passado, por esta altura, também se esperava uma colheita extraordinária um pouco por todo o país. Porém, as fortes chuvas que caíram na segunda quinzena de Setembro deitaram tudo a perder. O mau tempo afectou, em especial, as regiões que vindimam mais tarde ou que assentam o seu prestígio em castas sensíveis, como é o caso da Bairrada com a variedade Baga. Esta casta tinta necessita, acima de tudo, de sol e calor na fase final de maturação, já que acidez não lhe falta. Este ano, sol e calor é o que não tem faltado, pelo que também nesta região se espera uma colheita "absolutamente fantástica", acredita Dirk Niepoort, que, além do Douro, também faz vinhos na Bairrada e no Dão.
“Os anos 5 são sempre excelentes na Bairrada”, teoriza Luís Pato, dando como exemplo as colheitas de 1975, 1985, 1995 e 2005, todas elas espectaculares. Os críticos da Baga diriam que a sua teoria só confirma, por excesso, uma outra teoria, segundo a qual, na Bairrada, só há dois anos bons de Baga por década… Mas esta é outra história e é sempre perigoso generalizar. Mesmo em anos maus, há sempre quem faça grandes vinhos de Baga. Este ano, se o tempo não se alterar muito, o mais difícil será fazer vinhos maus.
E isto é válido para qualquer região do país, em especial para as mais frescas, como Lisboa ou o Dão. Aqui, só mesmo a chuva abundante pode impedir um ano de grandes vinhos. E mesmo no Alentejo, a região mais castigada pelo calor, se esperam vinhos memoráveis. No início da vindima, "parecia que tudo se estava a adiantar", que a "fruta estava a ficar madura antes do tempo, que não íamos ter cor e sabor nas uvas tintas. Mas não. Como sempre acontece quando se trabalha com a natureza, tivemos que esperar para ver, e o resultado apareceu: fruta madura e com muito sabor. A natureza tem os seus tempos", resumia, no site da Sogrape, Luis Cabral de Almeida, enólogo principal da Herdade do Peso, na Vidigueira.