Algumas das soluções apontadas mostraram, contudo, valor e grandeza suficientes para se impor como referências. Entre elas encontrava-se a Touriga Nacional, casta que num ápice foi eleita como símbolo do Portugal moderno. As razões para tal são fáceis de enumerar desde entre o perfume aromático inebriante até à facilidade em lhe reconhecer os aromas dominantes, a sensação de frescura e equilíbrio geral que acrescenta aos lotes.
Atributos que podem simultaneamente ser considerados como as principais críticas que lhe podem ser apontadas, tal o protagonismo que pode assumir, que com frequência supera as restantes castas presentes no lote. Corre-se, pois, o risco de, ao ter-se tornado demasiado popular, os vinhos nacionais acabarem descaracterizados, sobrepondo a personalidade da casta sobre a individualidade das regiões.
Será a Touriga Nacional a salvação de Portugal, a âncora de apoio para a redenção do vinho nacional? Dificilmente o será, como dificilmente se poderá assacar tal tarefa a uma casta, por muito notável e eficiente que se apresente. Porque a imagem do vinho português não se constrói numa só casta mas sim na diversidade, na arte do lote, nos pequenos paradigmas em que somos férteis. E a casta Touriga Nacional, apesar da sua inegável grandeza, é apenas mais uma ferramenta na difícil promoção internacional da excelência de algum vinho nacional. Mas, convenhamos, uma ferramenta muito agradável.