Fugas - Vinhos

MANUEL ROBERTO

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Os 25 anos de um vinho que marcou o Douro

Ainda hoje essas primeiras edições de Duas Quintas impressionam. Numa prova organizada para celebrar os 25 anos da marca foi possível constatar que são vinhos com uma extraordinária longevidade, quer os tintos quer os brancos — o 1994 branco é ainda hoje um belo exemplo de frescura temperada pelo tempo. O Duas Quintas clássico de 1992, de 1994 e de 2000 estão magníficos. E sim, o reserva de 1994, provado numa magnum (garrafa de 1,5 litros) permanece extraordinário. Nota-se que ao longo do tempo houve uma evolução na escolha de castas ou no uso da madeira, mas como linha condutora o Duas Quintas conservou o seu balanço entre a elegância que os torna fáceis de beber jovens e o músculo que os faz crescer com o tempo.

Numa entrevista à Fugas em Novembro do ano passado, João Nicolau de Almeida explicava a ideia deste balanço: “Um vinho que seja bom e bem feito pode ser bebido em novo e pode envelhecer na mesma. O que é preciso é ter boas uvas, saber fazer as boas extracções. Um vinho grosso e cheio de taninos não quer dizer que vá envelhecer melhor que um vinho do qual se extraíram os bons taninos, os taninos maduros, os taninos das películas. Esse vinho vai ter longevidade e a prova que eu tenho é que os vinhos feitos assim são equilibrados no início e assim continuam. A luta da minha vida de enólogo é esta. Hoje já posso pegar num Duas Quintas Reserva de 1992, que era delicadíssimo, e dizer: provem-no.”

Um quarto de século depois do primeiro vinho-símbolo de um novo tempo no Douro, João Nicolau de Almeida fez a sua última vindima e prepara-se para entrar na reforma. O seu novo projecto, que partilha com os filhos, é o Monte Xisto. Para trás ficam décadas de grandes Porto e o testemunho de uma marca de DOC Douro que consegue exprimir muitas das melhores facetas da região. Há 25 anos, o que começou como um rasgo tornou-se hoje uma certeza. Sim, com boas empresas, bons enólogos e boas uvas, até parece fácil.

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