Como já tinha acontecido nas anteriores edições, é comum haver vinhos que parecem mais aptos para provas a seco do que acompanhados com comida. Vinhos mais aromáticos e com uma estrutura mais polida conseguem bater-se melhor no primeiro momento; pelo contrário, vinhos com acidez mais elevada e uma rugosidade maior de taninos encontram no confronto com a gordura natural da comida o contexto ideal para afirmarem as suas qualidades. A ideia desta prova é ir à procura destes contrastes e tentar avaliar de uma forma eventualmente mais completa o potencial de cada um dos vinhos.
Desta vez, o padrão repetiu-se. Com excepção do Valle Pradinhos, que se bateu especialmente bem nos dois momentos da prova, do Quinta de La Rosa e do Quinta dos Abibes, todos os demais vinhos registaram significativas variações na sua pontuação entre a prova a seco e a prova com comida. Caso particularmente notório aconteceu com o Aventura de 2013, um alentejano com a assinatura de Susana Esteban, que conseguiu obter a segunda classificação mais alta na prova sem comida, mas que recuou para o último lugar na prova ao almoço (perdeu 50 pontos entre estes dois momentos). Este vinho, no qual Beatriz Machado encontrou aromas de bergamota e de frutos de baga e que Álvaro Van Zeller considerou ser ainda muito novo, resistiu ainda assim na quarta posição. Em sentido contrário progrediram o bairradino Quinta das Bágeiras (mais 26 pontos com comida), o Encostas do Sobral (a mesma variação) e, principalmente, o Damasceno que conquistou mais 33 pontos.
No geral, a prova sem comida obteve uma amplitude de classificações mais altas do que no seu segundo momento (76 pontos entre o pior e o melhor classificado no primeiro caso e 39 pontos no segundo). Uma possível explicação para o sucedido foi a qualidade e a diversidade dos pratos confeccionados sob a orientação de Lígia Santos, que foram desde uma chamuça de Chévre com cama de chutney de cebola roxa a um fabuloso prato de vitela Cachena grelhada, acompanhada com um delicioso arroz de feijão Tarrestre. Por esse facto e também devido a esta selecção de vinhos entre os oito e os dez euros ter sido unanimemente considerada mais feliz do que a do ano passado, a pontuação global média por pessoa foi mais generosa. Para se ter uma ideia, o vencedor da prova de 2014 obteve uma média de 87 pontos; o Fonte do Ouro conseguiu este ano 89 pontos. Caso para acreditar que os vinhos portugueses desta gama estão cada vez em melhor forma.
PROVA VINHOS PARA O INVERNO
Região Prova sem Comida Prova com Comida
1. Fonte do Ouro Reserva 2011 Dão 636 613
2. Vale Pradinhos Reserva 2011 Trás-os-Montes 608 606
3. Quinta de La Rosa 2011 Douro 599 605
4. Aventura 2013 Susana Esteban Alentejo 624 574
5. Sequeira 2014 Douro 576 593
6. Quinta das Bageiras Reserva 2011 Bairrada 571 597
7. Fita Preta 2012 Alentejo 575 591
8. Quinta dos Abibes Reserva 2011 Bairrada 578 587
9. Encostas do Sobral Reserva 2011 Tejo 568 594
10. Damasceno 2011 Setúbal 555 588