Os espumantes mais sérios, aqueles que realmente espelham o terroir e que exaltam as virtudes da terra e do homem, são os das categorias mais secas, identificados como bruto natural, extra bruto e bruto. A categoria bruto natural, que por ora ainda continua a ser pouco visível nas prateleiras, traduz vinhos espumantes sem qualquer adição de açúcar, sem correcções e sem maquilhagem de qualquer espécie.
O resultado de tamanha seriedade e austeridade pode ser demasiado extremo para muitos apreciadores, resultando com frequência em vinhos muito secos, fechados, severos e sisudos, mas que são o retrato mais fiel das vinhas e do vinho base.
As duas categorias principais, extra-bruto e bruto, são aquelas que usualmente representam a ascendência das categorias superiores dos vinhos espumantes. Por tradição têm sido aquelas que a maioria dos críticos, produtores e consumidores mais esclarecidos entendem como sendo as categorias soberanas dos vinhos espumantes. É também onde a escolha é mais variada e onde é possível encontrar vinhos de todas as castas, estilos e regiões de origem.
Os estilos extra-seco, seco e doce, todos eles muito doces apesar de a etimologia dos nomes nem sempre o dar a entender, são relativamente raros, gozando de uma procura extremamente sazonal que quase se resume aos festejos do final de ano.
Apesar de a maioria dos vinhos espumantes se apresentarem comercialmente como vinhos brancos, o recurso a castas tintas na elaboração dos vinhos espumantes brancos é algo de profundamente natural. Se na região de Champagne, terra de origem dos espumantes, elegem-se as castas Pinot Noir e Pinot Meunier, em Portugal é relativamente corrente ver a presença de castas tão diversas como a Baga, Touriga Franca ou Castelão na composição dos lotes.
A opção é tão trivial que acabaram por ser criados dois designativos especiais, blanc de blancs e blanc de noirs, para indicar respectivamente se o espumante foi elaborado com base em castas brancas ou tintas.
Embora a opção seja menos habitual, os vinhos espumantes são igualmente anunciados em versão rosé, ou, ainda menos habitualmente, numa versão tinta que faz mais sucesso nas regiões da Bairrada e mais recentemente do Vinho Verde. Se os congéneres tintos costumam ser pouco estimados por se apresentarem demasiado ríspidos, taninosos, duros e secantes, os espumantes rosados podem atingir o zénite aproximando-se do apogeu da categoria.
Os espumantes conseguem com frequência aliar a frescura e alegria naturais dos espumantes com a euforia da fruta suave e insinuante, juntando o melhor de dois mundos.