Fugas - Vinhos

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    O actor português Paulo Rocha visitou o mercado dos vinhos Sibila Lind
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    Os críticos de vinho Pedro Garcias e Luís Lopes numa sessão de "Tomar um copo" com vinhos do Alentejo Sibila Lind
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  • Os jornalistas do PÚBLICO Alexandra Prado Coelho e Manuel Carvalho nos preparativos para a prova de harmonização de queijos e vinhos
    Os jornalistas do PÚBLICO Alexandra Prado Coelho e Manuel Carvalho nos preparativos para a prova de harmonização de queijos e vinhos Sibila Lind
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    Carlos Reis e Adriana Calcanhotto apresentam a sessão "Tomar um copo", seguindo uma citação de Eça de Queirós: "Depois do segundo copo de Bairrada" Sibila Lind

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Jovens e mais informados, os brasileiros procuram o vinho português

Mas se Juliana é praticamente uma estreante neste mundo, não muito longe do seu expositor está um veterano nestas coisas e que é também um dos mais conhecidos enólogos portugueses, Anselmo Mendes. “Já venho ao Brasil há vinte anos e o que noto é que, muito à custa também do trabalho dos produtores portugueses, os brasileiros já sabem um pouco mais sobre vinho.” Tem sido uma aprendizagem, mas está a dar frutos. O país da cerveja cada vez tem mais curiosidade relativamente ao vinho e essa é uma oportunidade que tem que ser aproveitada. “Tive aqui grupos de pessoas que acabaram a faculdade, têm menos de 30 anos, e já vêm informados e com uma capacidade melhor de assimilar. Há uns anos eu chegava aqui e diziam ‘me dá vinho’ e vinho era tinto, a que alguns chamam até ‘preto’. Hoje noto que muitos, de origem portuguesa mas também italiana, por exemplo, têm já a cultura do vinho que vem dos pais mas que já não é só aquela coisa da ‘terrinha’ [como muitos brasileiros chamam a Portugal]. Essa barreira está a ser ultrapassada.”

Tem havido muito trabalho dos portugueses, é certo, mas também a ajuda preciosa de alguns brasileiros. Deise Novakoski é sommelier e foi curadora do Espaço Senac, uma novidade este ano no Vinhos de Portugal no Rio. A escola que no Brasil forma muitos chefs de cozinha e sommeliers convidou Deise para propôr uma programação paralela que acompanhasse os três dias do evento e ela aproveitou a oportunidade para, com a ajuda de vários chefsconvidados, tentar mostar como os vinhos portugueses são versáteis e podem ser usados com comidas do mundo.

Nós, como país colonizado, aprendemos a usar os vinhos portugueses com a gastronomia de Portugal e não pensamos muito no vinho de Portugal como um vinho universal, para a gastronomia do mundo”

“Nós, como país colonizado, aprendemos a usar os vinhos portugueses com a gastronomia de Portugal e não pensamos muito no vinho de Portugal como um vinho universal, para a gastronomia do mundo”, diz. “Estou tentando que as pessoas do Rio vejam esses vinhos com outras combinações, com a gastronomia francesa, de Marrocos, de Itália e com a própria culinária brasileira de raiz que está ressurgindo.” E, ao mesmo tempo, Deise quer mostar “esse novo Portugal vitivinícola que apareceu” e que muitos brasileiros, agarrados “a uma ideia antiga dos vinhos portugueses”, ainda não descobriram.

“Vejo hoje uma alegria muito grande no vinho português. Antigamente, eram vinhos muito robustos, muito puxados, fechados, sempre precisavam ir para odecanter três, quatro horas, precisavam de muita solenidade para serem servidos, de pratos muito encorpados. Hoje não, são vinhos fáceis, mais alegres, aromáticos, frutados”, afirma. “Os brancos de Portugal são perfeitos para a nossa gastronomia. Os espumantes parece que foram feitos para nós. Os brancos deveriam estar em todos os restaurantes do Rio e as pessoas às vezes nem sabem que o Douro faz vinho branco.”

A sommelier brasileira – “a minha relação com Portugal vem há muito tempo, costumo dizer que fui amante de D. João”, brinca – defende que o país deve ter uma estratégia muito clara: “Sair do círculo da colónia portuguesa e dos restaurantes portugueses e procurar novos espaços, cruzamentos com outras gastronomias”. A avaliar pela sala sempre cheia que o Senac teve no Vinhos de Portugal, a ideia é um sucesso.

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