Fugas - Vinhos

  • Joana Bougard
  • Vicentino
    Vicentino DR
  • Ole Martin Siem
    Ole Martin Siem DR

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Vicentino, um Alentejo diferente

Ole Martin Siem provou que a actividade agrícola de precisão pode não só ser viável como altamente rentável transformando a Frupor numa empresa altamente eficaz que dita cartas em actividades agrícolas tão díspares como plantas ornamentais, couves chinesas ou cenouras. No meio de tantas actividades agrícolas sazonais Ole Martin Siem ainda teve tempo para ensaiar uma vinha plantada quase em cima da Zambujeira do Mar…

Nos primeiros anos as uvas foram vendidas a produtores alentejanos acabando por demonstrar o sucesso da empreitada via o êxito mediático dos vinhos elaborados com estas uvas. Um dia, Ole Martin Siem entrou em contacto com o enólogo Bernardo Cabral para que este fosse dar uma vista de olhos à vinha, como que numa tentativa de sedução do enólogo e como ensaio de validação da viabilidade de uma marca própria. Para Bernardo Cabral foi amor à primeira vista. Um amor tão decisivo que num instante idealizou o que fazer com estas uvas de paragens tão frescas e de carácter tão elegante e simultaneamente tão discrepante da região.

Por ora existem quatro rótulos com o nome Vicentino, dois vinhos brancos, um rosado e um tinto que surpreendem e encantam pelo viço, brilho e exuberância aromática arrebatada. Entusiasmo que quase ronda o descaramento no caso do vinho mais emblemático da casa, o Vicentino Sauvignon Blanc que se apresenta numa versão tão supinamente expressiva e aromática que revela ser capaz de conquistar o coração mesmo dos mais descrentes. Apesar de manifestar um lado aromático mais austero, o Vicentino branco mostra-se igualmente fresco e cristalino num registo pouco habitual em Portugal.

Mas entre os vinhos que mais entusiasmam conta-se o Vicentino rosé, um rosado que apesar de não esconder um timbre evidente de Primavera e Verão consegue ao mesmo tempo ser suficientemente sério e contido para prolongar o prazer para além do período estival. É um vinho rosé como eles deveriam ser, fresco, vibrante, contido, sedutor e leve, um vinho perfeito para a mesa a acompanhar os pratos mais leves que caracterizam a época. Não é um vinho de meditação que nos faça desenvolver teorias profundas, nem é esse de todo o seu propósito, mas sim um vinho rosé muito bem feito, leve e despretensioso mas simultaneamente sério e sem o facilitismo óbvio do açúcar para mascarar problemas. Um vinho que nos faz descobrir um Alentejo diferente que confirma que a região é muito mais quem uma simples colecção de estereótipos.

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