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Chryseia 2014, o melhor do Douro numa garrafa

Por José Augusto Moreira

Pela primeira vez, a Touriga Franca equilibra a Touriga Nacional no lote final, dando ao vinho a frescura e elegância que lhe marcam o carácter.

Para os melhores, os melhores palcos. Tal como com as grandes orquestras, intérpretes ou compositores, é também nas grandes salas que se apreciam os melhores vinhos. E se o Chryseia se tem imposto como um dos mais afinados e requintados vinhos produzidos em Portugal, então a luminosa sala e a criativa cozinha com duas estrelas Michelin do restaurante Ocean, no Algarve, dão o cenário perfeito.

Assim foi para a apresentação da colheita 2014 do Chryseia, um vinho que mesmo estando no topo da qualidade e reconhecimento não deixa de cativar ano após ano. Ou seja, porque é capaz de dar corpo às características de cada ano vitícola, tirando o melhor proveito das uvas que são criadas nas quintas de Roriz e da Perdiz, duas propriedade que bem expressam a riqueza e diversidade do Cima Corgo duriense. 

Desta vez, há o efeito Touriga Franca, uma casta que crescentemente se vem afirmando nos grandes vinhos do Douro. A par de frescura e elegância que empresta aos lotes, a extraordinária capacidade de envelhecimento é outra das suas qualidades. É uma casta que precisa de calor para dar o melhor de si, e essa foi uma das características que marcou o ano de 2014.

Charles Symington, que com Bruno Prats comandam a enologia dos Chryseia, destacou-o: “O ano começou chuvoso, o que no Douro é muito bom já que proporciona boas reservas de água no solo. A Primavera foi seca e quente e em Abril chegaram a registar-se no Pinhão temperaturas acima dos 39º. O calor manteve-se até ao fim de Junho, motivando um abrolhamento precoce e um avanço de ciclo que se manteve durante o Verão. Alguma chuva em Julho e Agosto acabou por ser providencial para dar frescura aos vinhos, num ano que tem semelhanças com 2007”, que, como é sabido, é tida como uma das melhores colheitas no Douro. 

Assim, pela primeira vez, a Touriga Franca praticamente equilibra a Touriga Nacional do lote que está na base do vinho de 2014. Prats diz mesmo que “o perfil do Chryseia mudou com a elegância e frescura que lhe dá a Touriga Franca”, e o resultado é que, a par do corpo e estrutura típicos dos grandes vinhos do Douro, é também fresco e elegante, perspectivando um longo e fabuloso envelhecimento. 

O reconhecido produtor e enólogo de Bordéus recorreu à analogia com a genialidade culinária que o chef Hans Neuner acabava de servir. O “queijo de porco” à base de queijo de S. Jorge e cachaço de porco, ambos com sabores fortes e marcados, num prato de finesse e elegância extraordinários. “Fabuloso, puro talento”, comentou, para depois expor as virtudes de elegância e frescura que dominam o novo Chryseia.

Com uma produção que em anos normais anda entre as 35 e 40 mil garrafas, o Chryseia nasceu no ano 2000 e desde logo e converteu num dos mais prestigiados e reconhecidos vinhos do Douro. Foi o primeiro a figurar no Top 100 da influente Wine Spectator, logo na segunda colheita (2001), e chegou mesmo ao pódio (3º lugar/97 pontos) com a colheita de 2011, entre vinhos de todo o mundo. 

Como seria de prever, toda a produção está alocada mesmo antes do engarrafamento, com a boa notícia de cerca de metade se destinar aos distribuidores nacionais. O resto tem como destino 25 diferentes mercados, com destaque para EUA, Inglaterra, Brasil, Suíça e Angola. 

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